Amapá tem menos de um médico para cada mil habitantes.
Remuneração salarial no estado está abaixo do piso nacional da categoria.
Médicos no Amapá se mobilizaram em frente ao CRM/AP para reivindicar melhorias de trabalho (Foto: Abinoan Santiago/G1)
A atual condição de trabalho da rede pública de saúde e a possível vinda de médicos estrangeiros ao Amapá,
foram as principais bandeiras do protesto realizado por médicos, nesta
quarta-fera (3), em frente ao Conselho Regional de Medicina (CRM). O
movimento seguiu as manifestações nacionais da categoria.O CRM no Amapá tem 696 médicos cadastrados. Para o presidente do Conselho, Dorimar Barbosa, o Amapá deveria ter o dobro do efetivo atual. "O ideal seria no mínimo duas vez mais que esse número porque desses quase 700 profissionais, mais de 5% não prestam serviço na rede pública, além de não darem conta de atender toda a demanda no estado", contou.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos no Amapá (Sindmed), Fernando Nascimento, além do efetivo de médicos defasado, a estrutura da saúde oferecida no Amapá é deficiente. "Temos hospitais com mais de 50 anos, e eles não passaram por grandes reformas. Queremos a melhoria da estrutura física e salarial, com a adesão ao piso nacional", acrescentou.
O salário do médico no Amapá é de R$ 3.500 por 20 horas semanais trabalhadas. O piso da categoria, estipulado pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam) é R$ 10.412 para a mesma jornada semanal de trabalho.
A paralisação dos médicos, segundo o CRM, não prejudicou os serviços oferecidos nos hospitais do estado por causa dos atendimentos de urgência que continuam normalmente durante o dia.
Médico colombiano William Camillo Barrera,
62 anos, é contra a vinda de médicos estrangeiros
(Foto: Abinoan Santiago/G1)
O médico colombiano William Camillo Barrera, 62 anos, trabalha no
Programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD), se formou no seu país de
origem e está no Amapá há 7 anos. Mesmo sendo estrangeiro se colocou
contrário a vinda de médicos de outros países.62 anos, é contra a vinda de médicos estrangeiros
(Foto: Abinoan Santiago/G1)
"A forma como querem trazer médicos ao Brasil e ao Amapá é totalmente errada. Deve haver a revalidação do diploma como ocorreu comigo, que passei 2 anos me preparando para ser aprovado profissionalmente no país porque as escolas de medicina são diferentes na América Latina. E se aplicarem a prova, o governo deve dar estrutura porque não adianta trazer médicos se não tem soro ", contou revoltado, o médico colombiano. Atualmente, no Amapá existe cinco médicos estrangeiros em exercício.
O obstetra Antonio Miranda, 66 anos, é do Pará e está há 28 anos no Amapá. Para ele, desde a vinda ao estado, pouco mudou quanto a estrutura médica oferecida. "Está do mesmo jeito, e em determinados casos, até piorou. Não há investimento necessário. Na minha especialidade, por exemplo, não tem política preventiva, o que provoca a gestação cada vez mais cedo de mulheres jovens", relatou.
Médicos no Amapá protestaram utilizando nariz de palhaço no movimento (Foto: Abinoan Santiago/G1)
A ginecologista Sandra Miranda, 56 anos, afirmou que o exame de Colo de
Útero não é feito há mais de um ano na rede pública de sáude do estado.
"Sem a prevenção, não vamos poder tratar da doença quando ela estiver
mais avançada porque o serviço público vai estar inchado de pacientes.
Isso é um desrespeito com o cidadão do Amapá", contou indignada.
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