MEDIÇÃO DE TERRA

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sábado, 1 de dezembro de 2012

LUGAR DE ESTUPRADORES É NA CADEIA E NÃO NO PALCO

Mulheres protestam contra show de New Hit em Feira

Alean Rodrigues A TARDE

  • Luiz Tito | Ag. A TARDE
    "É uma afronta essa apresentação em Feira", disse manifestante
Movimentos sociais em defesa das mulheres realizaram um protesto na tarde desta sexta-feira, 30, em Feira de Santana (a 109 km de Salvador) contra o show da banda de pagode New Hit, realizado à noite em uma casa de show da cidade. Este é o primeiro show da banda após 9 integrantes da banda terem sido indiciados por estupro cometido contra duas adolescentes durante uma micareta na cidade de Ruy Barbosa em 26 de outubro. Os músicos e um policial militar permaneceram presos durante 38 dias, sendo 32 deles no Conjunto penal de Feira de Santana e na Casa de Custodia da PM, em Lauro de Freitas.
"É uma afronta essa apresentação em Feira. As meninas saíram do Estado, estão sem estudar, sendo atendidas em programa de proteção à vítimas porque elas e suas famílias estão sendo ameaçadas porque deram queixa e os estupradores estão fazendo shows como se nada tivesse acontecido", afirma Maíra Guedes, do Núcleo Negra Zeferina da Marcha Mundial das Mulheres, que participou do protesto.
Com faixas e instrumentos musicais feitos de latas, as cerca de 50 mulheres entregaram um manifesto intitulado "Fora New Hit! Mulheres em Feira de Santana se levantam contra estupradores", que classifica o show como uma inversão de valores e lembra que, no Brasil, a cada 12 segundos, uma mulher sofre violência e, a cada duas horas, uma é assassinada.
"Queremos gritar para todos ouvirem que não agüentamos mais esta onde de violência e muitas vezes praticadas por burgueses como estes da New Hit, que agora voltam a cidade onde ficaram presos como pessoas direitas", destacou Solange Guerra, do movimento Coletivo de Mulheres de Feira de Santana.
Desde quando foi anunciado o show, várias manifestações contrárias começaram a surgir na imprensa e redes sociais. Políticos também fizeram vários pronunciamentos como os deputados estaduais Carlos Geilson (PTN) e Luiza Maia (PT), que usaram a tribuna da Assembleia Legislativa da Bahia para se mostrar contrários ao evento, que eles denominam como uma banalização da violência contra a mulher.  "É muita provocação e desrespeito às famílias e às meninas que sofreram o abuso. Eles não devem voltar aos palcos e sim às cadeias".
Acusados de estupro, os integrantes do grupo New Hit foram soltos após Habeas Corpus concedido pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) no início do mês de outubro. Além do benefício concedido aos integrantes banda, o soldado Carlos Frederico Santos de Aragão, que fazia a segurança do grupo e é acusado de cumplicidade no caso de estupro, também foi solto. Agora, os dez acusados respondem o processo em liberdade.
De acordo com denúncia, a violência ocorreu em um ônibus da banda, onde as adolescentes foram atraídas pelos rapazes para o fundo do veículo, onde uma foi violentada por todos os músicos e a outra pelo vocalista da New Hit, Eduardo Martins Daltro, o Dudu. O cantor e outro músico confirmam que mantiveram relações sexuais com as adolescentes, mas alegam que de maneira consensual.
Um laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT) confirmou a versão das jovens. O advogado da banda, Kleber Andrade, defendeu os músicos em entrevista a um programa de rádio. "Eles não estão cometendo nenhum delito. Não há impedimento jurídico para a realização de espetáculos. A população tem o direito de se manifestar, mas há exagero nisso", frisou.

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