Pelo menos 66 casas estão danificadas pelo avanço do mar.
Moradores fazem o que podem para manter casas.
Baía da Traição está com as casas a beira-mar destruídas (Foto: Inaê Teles/G1)
Prefeitura de Baía da Traição tem imagem antigada orla que mostra extensa área de areia
(Foto: Reprodução)
O geografo Williams Guimarães explicou que diversos fatores contribuem para a erosão marinha na área de Baía da Traição. Ente eles os de cunho natural e também de interferência humana. Segundo o geografo, a linha de arrecifes é responsável por proteger a costa. Ela age como uma espécie de quebra-mar natural e diminui o efeito das ondas.
Segundo Williams, Baía da Traição é uma área naturalmente erosiva. “A taxa de sedimentação é muito baixa. Ocorre muita retirada de areia e pouca reposição. O maior rio do Nordeste é São Francisco e a taxa de deposição de areia no mar é baixíssimo”, explicou.
Cenário de destruição
Paisagem de Baía da Traição está mudando por conta do avanço do mar na Paraíba (Foto: Inaê Teles/G1)
'Tenho medo do que Deus queira mandar', disse amoradora Dona Marluce (Foto: Inaê Teles/G1)
De acordo com Williams, a preocupação de Dona Marluce tem fundamento. “Aquela é uma região naturalmente erosiva. Se não tiver uma proteção vai ser engolida pelo mar”, disse. Mesmo com o receio, Dona Marluce contou que prefere continuar na sua casa. "Gosto muito daqui. É muito bom mesmo", explicou.
Manoel Veríssimo já gastou mais de R$ 10 mil ao longo dos 20 anos que adquiriu sua casa à beira-mar com a construção de quebra-mar e de outras medidas para conter o avanço do mar. “Na maré alta a água do mar atinge a altura do poste”, contou Manoel. Ele disse que já pensou em vender o imóvel, mas desistiu pois sairia perdendo por conta da desvalorização da casa . “Antes do avanço do mar minha casa valia R$ 120 mil, mas agora não vale nem R$ 80 mil”, lamentou.
O
casal Manoel e Eione Veríssimo já gastou mais de R$ 10 mil com a
construção de quebra-mar para proteger casa em Baía da Traição (Foto:
Inaê Teles/G1)“Duas décadas atrás a região era uma vila de pescadores e hoje é uma cidade grande em termo de população. E a gente observa que a população cresce avançando para linha da costa”, disse Williams. Luiz Pedro, da Defesa Civil, explicou que o quadro de habitantes do município de Baía da Traição, que tem uma área de 102.36 Km², é composto por 8 mil moradores, sendo pelo menos 4 mil deles de origem indígena da tribo Potiguara. Os índios que vivem nas reservas não foram atingidos pelas mudanças vistas no mar durante os últimos anos, pois eles não ocupam a área da costa.
Prefeitura está reformando a praça do Centro quefoi destruída pelo mar (Foto: Inaê Teles/G1)
Em 2010, o Governo da Paraíba decretou situação de emergência em Baía da Traição, que na época já sofria com a erosão marinha que ameaçava bens do local e colocava em risco a vida dos moradores e dos turistas que passam pelo município. O pedido foi encaminhado para Brasília, mas o Governo Federal não decretou situação emergência e, segundo a Defesa Civil, os recursos seriam fundamentais para conter o avanço do mar. "A gente não tem muito o que fazer, pois nã há recursos", lamentou.
Luiz explicou que a prefeitura só pode interferir na área que é pública, dessa forma são os moradores da região que devem construir suas próprias barreiras para conter o mar. Já na praça, que é um bem público, a prefeitura realiza uma reforma pois ela também foi atingida pelas águas do mar.
Para conter a erosão marinha em Baía da Tração o geografo Williams Guimarães apontou uma alternativa. “É preciso fazer um estudo aguçado da área e ver como se comporta essa região. Fazer uma análise da taxa de sedimentação, estudo da corrente, mas tudo isso demanda tempo. E após esse estudo detalhado é possível realizar obras de engenharia que diminuem esse feito”. Segundo o geografo, o processo de erosão está ocorrendo em uma velocidade muito a alta e a tendência é aumentar, mas com uma obra realizada com base em estudos profundos é possível desacelerar o processo. E segundo o geografo, a ação tem que ser conjunta com apoio dos moradores e das instituições municipal, estadual e federal. "Se não tiver um procedimento coletivo, pode acabar danificando muito aquela área", finalizou.
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