MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Índios aprendem a utilizar GPS para proteger aldeias de invasores, em RO


Indígenas da região de Guajará-Mirim participaram de treinamento.
Para Funai, índios precisam se adequar às tecnologias

Do G1 RO
Para auxiliar na fiscalização de suas terras, índios da região de Guajará-Mirim, RO, aprenderam a utilizar GPS. O treinamento foi realizado em Porto Velho, na semana passada, e contou com a participação de indígenas de 11 etnias entre elas jabuti oru nao’, oro win e oro eo. Segundo os indígenas, o uso de tecnologia não os deixa "menos índio".
Indígenas de Guajará-Mirim treinam o uso de GPS (Foto: Suelen Corsino/G1)Indígenas de Guajará-Mirim treinam o uso de GPS
(Foto: Suelen Corsino/G1)
O treinamento faz parte de um programa da Associação Kanindé que acontece anualmente com o intuito de aumentar as condições dos índios de vigiar e fiscalizar as suas áreas. Além do curso para uso de GPS também houve oficinas para uso de rádio amador e utilização de código morse.
Os cursos são oferecidos para que os índios possam saber como lidar com seringueiros, madeireiros e pescadores que fazem uso das áreas indígenas de maneira inadequada. A fiscalização dessas áreas indígenas é feita pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
O coordenador técnico da Funai das Aldeias Ricardo Franco e Sagaran, que abrange a terra índigena do Rio Guaporé, Genilton Pivoto, que ministrou o curso de transmissão e frequência de rádio, considera a importância de cursos como esses para que os índios possam ajudar a entidade a proteger o território brasileiro. "Fazemos parceira com os índios e as informações que eles adquirem aqui eles levam as suas comunidades e nos permitem colaborar com maior preservação da terra indígena", afirma Genilton.
Entramos em áreas muito fechadas e agora vamos poder retornar com mais facilidade"
Ismael Jabuti Canoi, indígena
O contato com mecanismos tecnológicos é necessário, segundo Genilton, para que os índios possam ser os agentes diretos na vigilância das matas. "A realidade é essa e eles precisam se adequar", evidencia Genilton.
O índio Ismael Jabuti Canoi, da aldeia Ricardo Franco, participa pela primeira vez do curso e acredita que o uso do GPS será de grande utilidade porque agora eles poderão entrar e sair da mata, sem se perder. "Entramos em áreas muito fechadas e agora vamos poder retornar com mais facilidade", acredita Ismael.
GPS não descaracteriza índio
De acordo com a conselheira da Kanindé, Ivaneide Bandeira Cardoso, os cursos de capacitação com o uso de GPS acontecem desde 2005, mas somente agora os índios da região de Guajará-Mirim puderam ter acesso a eles.
Na mata vamos fazer o melhor para proteger a minha área e não vou deixar de ser índio por usar o GPS"
Osvaldo Oro Nao', indígena
Segundo Ivaneide, o uso do GPS não descaracteriza o índio. "O uso de tecnologias como celular, internet, rádio e GPS agrega outros hábitos às comunidades. Não há mais como ser feita a proteção da mata com arco e flecha. A pressão hoje para preservação da mata é maior hoje e por isso são necessários serem utilizados outros instrumentos e é aí que entram todas essas ferramentas", enfatiza Ivaneide.
O auxílio de ferramentas tecnológicas em aldeias não é recente, embora a maior parte dos índios que fazia o treinamento para uso do GPS no sítio da Kanindé não tenha tido nenhum contato com esse tipo de instrumento.
Osvaldo Oro Nao' crê que com o curso será possível enviar com mais precisão a localização das vigilâncias feitas dentro da mata "Aqui temos acesso teórico do manuseio do GPS, na mata vamos fazer o melhor para proteger a minha área e não vou deixar de ser índio por usar o GPS", enfatiza Osvaldo.

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