Na Bahia, rios e açudes estão secando e animais morrem de fome.
Em todo o Nordeste, 220 municípios estão em estado de emergência.
As chuvas no Piauí costumam começar a ocorrer em dezembro, mas esse ano não foi o que aconteceu. Em Oeiras, no mês de fevereiro, praticamente não choveu. São 19 mil agricultores prejudicados com perdas superiores a 90%.
Antonio Inácio plantou milho pela terceira vez e perdeu. Agora, ele aguarda a chuva para semear a lavoura de novo. “Quem mora na roça não perde a esperança”, declara.
Essa semana, o Governo Federal reconheceu mais municípios em situação de emergência, no Piauí, agora são 53. Em todo o Nordeste, são 220. O estado com maior número é a Bahia, com 161 municípios.
Na zona rural de Feira de Santana, no leste da Bahia, Esdras Figueiredo plantou um pouco de tudo na propriedade, mas por falta de chuva nada vingou. “A situação é bastante difícil, e eu não tenho seguro safra”, afirma.
As águas do Rio Branco secaram e agora só existe um caminho de pedras. Sem água e sem comida, o gado acaba morrendo às margens do rio. A última chuva boa na região foi em outubro do ano passado. Em janeiro caíram 110 milímetros, dentro da média. Em março, três milímetros, quase nada.
Os meteorologistas da Universidade Federal do Semi-Árido do Rio Grande do Norte explicam os motivos dessa situação. “O que está provocando isso é a falta de aquecimento das águas do Oceano Atlântico. Nossas chuvas aqui se originam no Oceano Atlântico sul, na costa do Ceará e do Rio Grande do Norte. A água está fria. Para haver chuva a água tem que aquecer, evaporar, formar nuvens e, consequentemente, as chuvas. Nós deveremos ter mais chuva em abril do que aconteceu no mês de março. Mas eu diria que o período chuvoso desse ano já está comprometido”, diz o meteorologista José Espínola.
Na região de Olivença, em Alagoas, o grande problema é a falta de água potável. O que sai das cacimbas é um líquido esverdeado.
No sertão, desde setembro os índices estão 30% abaixo da média histórica da região. A situação é dramática para os criadores. No dia a dia difícil da seca, eles têm que se preocupar em conseguir comida e água para os animais.
Na fazenda de Ulisses Ferraz o gado com fome e sede, para de reagir ao auxílio. A saída é queimar mandacaru, um tipo de cacto da caatinga. Na alta temperatura os espinhos deixam de ser uma ameaça para o rebanho. O mandacaru é servido junto a macambira. “Estou com 83 anos, meu pai era criador, eu criei a vida inteira, mas uma situação dessa eu nunca vi na minha vida”, declara.
O Ministério da Integração Nacional, que cuida dos carros-pipa, informou que foram liberados 70 milhões de reais para levar água até os municípios em situação de emergência. É quase a metade do que foi investido em todo o ano passado.
O Ministério da Agricultura vai aproveitar uma reunião com secretários dos estados do Nordeste, que já estava marcada para terça-feira, para discutir a questão da seca.
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