MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Agrotóxico pode ter matado abelhas, dizem apicultores de Gavião Peixoto


Milhares de insetos morreram nos últimos dias na cidade do interior de SP.
Criadores suspeitam que inseticida tenha contaminado as colmeias.

Fabio Rodrigues Do G1 Araraquara e Região

O apicultor José Luís confere o que sobrou da colmeia (Foto: Fabio Rodrigues/G1)O apicultor José Luís confere o que
sobrou da colmeia (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
Milhares de abelhas morreram nos últimos dias em Gavião Peixoto (SP). Apicultores suspeitam que algum tipo de agrotóxico usado na pulverização das plantações de cana-de-açúcar na região tenha contaminado as colmeias.
Ao menos três criadores perderam enxames nos últimos 15 dias. As colmeias estavam praticamente cheias, mas as abelhas foram morrendo aos poucos. Para José Luís Tobias do Santos, de 43 anos, a perda foi de 100%. Além de afetar a produção de mel, o orçamento da família fica comprometido, já que esta é a única fonte de renda dele. “Quando vi todas as abelhas mortas, pensei que fosse ter o segundo infarto. É a primeira vez em dez anos de atividade que vejo isto acontecer. A gente fica revoltado”, relata.
Santos ficou com apenas três das 100 caixas de colmeias que mantinha na chácara. Após registrar boletim de ocorrência na Polícia Militar da cidade, o apicultor recolheu alguns insetos mortos e os entregou à Secretaria Municipal do Meio Ambiente para que a amostra seja analisada. Por enquanto, nada foi feito, segundo ele.
Apicultores suspeitam que abelhas tenham sido envenenadas (Foto: Reprodução EPTV)Apicultores suspeitam que milhares de abelhas
tenham sido envenenadas (Foto: Reprodução EPTV)
O apicultor contabiliza um prejuízo aproximado de R$ 20 mil, valor que pode aumentar caso seja constatado que houve contaminação. “Se foi mesmo agrotóxico, terei que queimar todas as caixas, caso contrário o novo enxame também morrerá, uma vez que o veneno, geralmente, dura seis meses. Aí, por baixo, vou gastar mais uns R$ 15 mil e começar tudo de novo. Vai ser o jeito”, diz Santos, triste.
De acordo com ele, cada colmeia produz a cada seis meses o equivalente a uma lata de 18 litros de mel, cujo valor custa em média R$ 90. Santos vende o produto para a cidade de Boa Esperança do Sul (SP) e outros municípios da região.
Desastre ambientalApicultor há 40 anos, Edgar Sampaio, de 58, diz não ter dúvida de que a morte das abelhas foi causada devido ao uso de inseticida. “Como aconteceu a gente não sabe. Cabe aos órgãos públicos investigar e cuidar para que não volte a ocorrer. Essa é a minha maior preocupação e eu não gostaria de ver isso novamente”, afirma.
Apesar de ter perdido 30 colmeias, Sampaio ressalta que o maior prejuízo é o descontrole ambiental que essas ações causam. Além das abelhas, outros insetos acabam morrendo, provocando um desequilíbrio enorme na natureza. “Isso é muito grave. Fala-se tanto hoje em dia em preservação do ambiente e deixam acontecer uma coisa dessas”, lamenta.
Sampaio, que também é produtor rural, pratica a apicultura por hobby desde os 18 anos. Ela conta que aprendeu o trabalho com o pai, que adorava abelhas. “É um inseto maravilhoso que só traz benefícios ao ser humano. Além da produção de mel, tem a polinização das plantas. Se não são as abelhas, não se colhe grãos, não se colhe frutos. Mesmo que as borboletas também tenham um papel fundamental nisso, as abelhas ainda são um dos maiores polinizadores que a gente conhece”, ressalta.
Outro ladoA Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Gavião Peixoto (SP) informa que encaminhará as abelhas recolhidas para a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal para que uma análise aponte a causa da morte. Ainda não há previsão de quanto tempo sairá os resultados dos exames.
A secretaria afirma ainda que os custos da ação não serão cobrados dos apicultores. Na cidade muitas famílias têm como principal fonte de renda a retirada do mel. Somente após os resultados serão tomadas as ações necessárias.
Caixas utilizadas para abrigar a colmeia foram recolhidas da chacára e ocupam casa do apicultor (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Caixas utilizadas para abrigar a colmeia ocupam o quintal da casa do apicultor (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

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