MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Museu Afro estreia mostras com curadoria de Emanuel Araújo na BA

 

Espaço cultural pode ser visitado no Centro Histórico de Salvador.
Mestre Didi é um das personalidades homenageadas no projeto.

Do G1 BA
O Museu Nacional da Cultura Afro Brasileira inaugurou três curtas exposições, em Salvador, no dia 13 de novembro (domingo), mês em que se comemora a Consciência Negra.
Para quem perdeu o primeiro dia de visitação, ainda pode conferir as mostras de quarta-feira (16) a domingo (19), das 10h às 17h. Depois desse período, o espaço deve ser fechado para continuidade do projeto de inauguração e uma nova data de reabertura será divulgada.

A casa dedicada à arte negra está sediada no prédio do Tesouro do Estado, no Centro Histórico da capital. O espaço ainda não foi inaugurado oficialmente por autoridades, mas é considerado o primeiro museu federal especializado na cultura afrodescendente.

O artista plástico e diretor do Museu Afro-Brasil em São Paulo, o baiano Emanuel Araújo, é o nome escolhido para fazer a curadoria das três exposições inaugurais, que estão distribuídas por dois andares do prédio em estilo neoclássico. Documentos, esculturas, fotografias e outras peças de artes podem ser visitados nas exposições. “Este museu tem intenção de reverenciar essa história. E dizer, ‘olha gente, os maiores períodos de riqueza do Brasil foram construídos por mãos africanas”, explica o curador Emanuel Araújo.
Museu Nacional de Cultural Afrobrasileira (Foto: Reprodução/TV Bahia)Negros da mostra 'Nós, afrodescendentes
brasileiros' (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Algumas personalidades negras foram homenageadas, entre elas, o Mestre Didi, ou Deoscoredes Maxiliano dos Santos, de 94 anos, que ganhou a exposição ‘O Escultor do Sagrado’. Ele é filho de sangue de Mãe Senhora, umas das ialorixás mais importantes da história da Bahia.

Mestre Didi, criador de esculturas focadas na representação de deuses e orixás do Candomblé, doou 70 peças para a exposição. “Esse afoxé foi eu que criei [em 1935]. Se eu estou feliz? Mais do que feliz”, diz o Mestre, citando o grupo de afoxé que o acompanhava, o Pai Buruko.

A segunda mostra, intitulada ‘Nós, afrodescendentes brasileiros’, faz referência a personalidades negras importantes para o Brasil como o ator Antônio Pitanga e o comediante Roberto Ferreira, o ‘Zé Coió’, além do geógrafo Milton Santos, o poeta Luiz Gama, o compositor santo-amarense Assis Valente, o psiquiatra Juliano Moreira, primeiro professor negro de universidades brasileiras. Também estão na lista de lembranças o engenheiro Theodoro Sampaio, a Mãe Menininha do Gantois e o monsenhor Gaspar Sadock, ex-paróco da Igreja da Vitória.
Museu Nacional de Cultural Afrobrasileira (Foto: Reprodução/TV Bahia)Público visitante do espaço no domingo (13)
(Foto: Reprodução/TV Bahia)
No piso superior, foi montada a exposição permanente do museu, com 260 obras da cultura negra, como as fotografias do etnógrafo francês Pierre Verger e a coleção de esculturas do argentino Carybé, ambos radicados na Bahia. A memória do período da escravidão é eternizada com trechos literários inscritos no salão.

De acordo com o presidente do museu, José Carlos Capinam, o espaço não está totalmente pronto porque ainda faltam recursos para a continuação da implantação. Mas ele afirma que quis abrir logo as portas e exibir ao público a produção inspirada da cultura negra. “Espero que a segunda etapa seja a última. Esperamos ficar quatro meses com essas três exposições”, aponta.

O arquiteto Adriano Mascarenhas, que esteve no local para conferir as obras, conta que saiu admirado pela visita à exposição, mas também pela chance de poder conversar com o Mestre Didi. “São obras importantes, de artistas singulares da arte brasileira, baiana particularmente, assim como ter a oportunidade de conversar com Mestre Didi, que é uma pessoa ímpar e super reclusa, que não sai muito de casa. Tudo isso tornou essa vinda muito especial”, conta. Para a psicóloga Célia Sacramento, a visitação às exposições é uma aula. “Tem a diversidade e temas que chamam muita atenção. Levam à reflexão”, diz.

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