MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Inhame vira estrela de festival gastronômico em Pernambuco

 

Raiz está presente nos menus do evento que cultua herança africana.
'Comida de Santo' ocorre entre 14 e 27 de novembro.

Do G1 PE
Leandro Ricardo e Carmem Virgínia (Foto: Luna Markman/G1)Leandro Ricardo e Carmem Virgínia, consultores
(Foto: Luna Markman/G1)
A segunda edição do festival gastronômico Comida de Santo reverencia o inhame, uma raiz de matriz africana adaptada ao paladar brasileiro. O evento ocorre de 14 a 27 de novembro, em dez restaurantes de Olinda, Recife e Porto de Galinhas. Todos os pratos são inspirados em um Orixá e trazem esse ingrediente, que na tradição religiosa dos povos Iorubá/Nagô no Brasil significa criação e fertilidade. O menu em todas as casas, disponível apenas no jantar, tem valor único de R$ 45, com drink de boas vindas, entrada, prato principal e sobremesa.
O inhame foi escolhido por ser a base para diferentes cardápios, desde os litúrgicos feitos em comunidades de terreiro até a mesa cotidiana do brasileiro. "Nosso objetivo é fazer com que as pessoas conheçam mais a origem das comidas típicas do candomblé e sintam que elas nos pertecem também, já que são dos nossos antecedentes. Assim, poderemos conhecer melhor de onde viemos", explicou o curador do festival, Leonardo Barbosa. Nos pratos, a raiz vem na forma de bolinhos, cremes, chips, rosti, escondidinho e purê.
Os chefes de cozinha contaram com a consultoria do antropólogo Raúl Lody, que pesquisou a história e as referências das raízes da culinária africana. Também puderam colher informações com o chefe de cozinha Leandro Ricardo e a yabassé (cozinheira dos orixás) Carmem Virgínia. "Eles nos pergutaram sobre os orixás, seus arquétipos, suas comidas, tudo o que pudesse ajudá-los a montar um cardápio apropriado e criativo", disse Ricardo. "Eu olhei os pratos e tive vontade de chorar, porque estão bem montados e cheios de influência dos terreiros", brincou Carmem.
Essas influências podem ser notadas, por exemplo, no drink caipi biri-biri (fruta cítrica cultivada em quintais terreiros), do restaurante Evoke; na sobremesa "Meu amor que me chama Xequetê" (que brinca com o romance entre Oxum e Oxossi), do Jalan Jalan; e na entrada "Porta Jóia" (com referência a Iemanjá), do Thaal Cusine, que será servido junto com um aparelho mp3 carregado de sons do mar. Informações sobre horários e dias de funcionamento dos restaurantes estão no portal da Engenho Comunicação, empresa que organiza o festival.
Cultura
A programação do Comida de Santo será aberta com uma série de atividades culturais. Neste sábado (12) e domingo (13), o Pátio de São Pedro, no centro do Recife, vai receber grupos artísticos das 17h às 21h. No Cefav, localizado no Pátio, haverá uma exposição fotográfica intitulada "Orixás", por Helder Ferre, e uma mostra de Carlos Melo e Breno Vilela. Já a Casa Núcleo Afro, também situado no Pátio, recebe uma exposição de indumentárias do candomblé.
Para o gerente do Núcleo de Cultura Afro-brasileira, Edson Axé, o festival vai ajudar a "ganhar pela barriga" aqueles que ainda tenham algum preconceito com as tradições negras. "Essa será uma oportunidade para desconstruir o imaginário do público resistente, dando mais visibilidade à causa", falou. O evento também conta com o apoio da Fundação Gilberto Freyre.

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