Mercado interno absorve quase toda a produção do crustáceo.
Cadeia produtiva do camarão emprega 15 mil pessoas no Ceará.
A criação de camarão em cativeiro se torna uma atividade cada vez mais lucrativa no Ceará. As exportações não valem mais a pena e o mercado interno absorve quase toda a produção.
A produção chega a 400 toneladas por ano na fazenda em Paraipaba, a 90 quilômetros de Fortaleza. Em cada um dos 20 viveiros é possível produzir até 21 toneladas do crustáceo.“A gente faz estudo do solo, corrige o que tiver de errado e coloca uma água saudável para que o camarão cresça e de cem a 120 dias a gente possa tirar para o mercado”, diz Cristiano Maia, presidente da Associação dos Criadores de Camarão do Ceará.
A ração, que é o maior custo da produção, chega a 60% do total. A cadeia produtiva do camarão emprega 15 mil pessoas no Ceará. Há nove anos, José Martins trocou as fazendas de gado pelos camarões. Depois de passar por todas as funções, tornou-se gerente de produção.
Em todo o Brasil, há de 1,3 mil produtores de camarão em cativeiro e 95% estão no Nordeste, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão. No ano passado, a produção nacional foi de 75 mil toneladas, com 30 mil somente no Ceará, que lidera o mercado. Mas o potencial do estado e do país é muito maior.
Em 2003, a produção do Brasil chegou ao pico de 90 mil toneladas. Na época, quase todo o produto era exportado principalmente para os Estados Unidos. Em 2005, o governo americano acusou os produtores brasileiros de venderem a preços abaixo do mercado e sobretaxou o camarão nacional em 35%.
“Esse ano, pelo menos 99% de toda a produção de camarão cultivado no Brasil será vendido no mercado interno. Mas o problema do cambio tirou a competitividade. Então, sem competitividade a gente não vai voltar a exportar”, avisa Itamar Rocha, presidente da Associação de Brasileira Criadores Camarão.
Um dos obstáculos ao crescimento da produção é a concessão de licenças ambientais. Os criadores garantem que os impactos da atividade ao meio ambiente são pequenos.
O Ceará tem uma média de 250 viveiros de criação de camarão. O Ibama passou para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente a responsabilidade pela concessão das licenças para a criação de camarões no estado. O órgão também fiscaliza todas as fazendas e autua os criadores que cometem irregularidades.
Uma das preocupações dos criadores de camarão é com o novo Código Florestal que está em tramitação no Senado. Pela proposta de texto, as áreas de mangue são consideradas APPs, Áreas de Preservação Permanente, e a exploração econômica só poderá existir nelas se os criadores comprovarem que iniciaram as atividades antes de julho de 2008. O novo texto do código deve ser votado no Senado até o fim de novembro.
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