MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 13 de novembro de 2011

Bares antigos ainda resistem às novidades em Uberlândia

 

Só em 2010 foram cadastrados mais de 230 bares na cidade.
Pratos próprios pegam o cliente pelo paladar. Confira uma receita

Hismênia Keller Do G1 Triângulo Mineiro
Que a capital de Minas Gerais é conhecida pelos seus inúmeros bares, muita gente sabe. Mas não é só em Belo Horizonte que trabalhadores e estudantes esperam chegar o fim do dia para procurar um buteco, sentar e relaxar. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, é só dar uma volta no Centro no fim da tarde para ver vários bares abertos. Na Avenida Rondon Pacheco, uma das principais da cidade, em diversos pontos lá estão amigos, colegas, num tradicional happy hour. De acordo com o Sindicato dos Hotéis, Bares e Similares de Uberlândia, no ano de 2010 foram cadastrados 234 bares. Para o ano de 2011, o sindicato já registrou o aumento de 10% de novos estabelecimentos. E com tantas novidades no setor, fica a pergunta: Como os bares mais antigos sobrevivem?
O comerciante Hélvio Faria, de 52 anos, vai ao Bar dos Morenos desde 1982. Conheceu o bar quando trabalhava próximo ao local e ia com os amigos na sexta-feira, após o trabalho. Ao longo dos anos trocou de emprego algumas vezes, mas não deixou de ir ao bar. “Aqui é o meu happy hour. Gosto de vir para tomar uma cervejinha gelada, comer um bom tira gosto e encontrar os amigos antigos. O diferencial aqui é a amizade”, explicou o comerciante.
Alberto Magno conheceu ia ao bar com a família (Foto: Hismênia Keller/G1)Alberto Magno conheceu o bar com a família aos 10
anos (Foto: Hismênia Keller/G1)
Alberto Magno, de 48 anos, conheceu o bar aos 10 anos de idade quando ia com a família. “Hoje em dia eu venho aqui sozinho e é claro, com a minha família. Aqui é sossegado, não tem aquela agitação. Dá para comer e beber de forma tranquila e rever os amigos”, justificou.
O Bar dos Morenos existe há 38 anos e, no mesmo local, no bairro Brasil. Lázaro Castro, proprietário, hoje com 63 anos conta que tudo começou com apenas dois jogos de mesas, duas caixas de cerveja e um quilo de carne para fazer os espetinhos. Hoje tem vários freezers, cerca de 50 jogos de mesas e passam pelo local cerca de 500 pessoas por dia nos fins de semanas.
“Nós começamos com pouca coisa, mas fomos melhorando na medida em que íamos firmando a clientela. Na época do governo Collor foi difícil, pois não encontrava cerveja e carne, mas mesmo assim corria atrás de açougue em açougue para atender meus clientes”, lembra o comerciante. O carro chefe do bar é o pé de porco cozido no açafrão e a feijoada completa aos sábados. O local ainda não trabalha com máquinas que aceitam cartão. Mesmo assim, Lázaro não acredita que atrapalhe as vendas. “Quem vem aqui já sabe como funciona e vem porque gosta da comida, da qualidade, do atendimento, da amizade que tem comigo e também da tranquilidade, já que não deixo ligarem o som do carro aqui”, argumentou.
Prova dessa fidelidade dos clientes é que o bar passou por uma reforma recentemente. “Ampliei o salão e melhorei a minha visibilidade, assim ofereço mais conforto, espaço e posso ver todos os clientes e saber se estão precisando de alguma coisa”, contou.
José Carlos de Medeiros começou com um lugar modesto  (Foto: Hismênia Keller/G1)José Carlos de Medeiros começou com um lugar
modesto (Foto: Hismênia Keller/G1)
Em outros locais da cidade este perfil de buteco não é diferente, no bairro Bom Jesus, por exemplo, há 21 anos existe o “Bar do Carlinho”. José Carlos de Medeiros, de 42 anos, também começou com um lugar bem modesto e servindo apenas cerveja e espetinho. Atualmente apresenta vários pratos aos clientes, alguns já participaram do concurso Comida de Buteco, como o “Agarradinho na Neve”, o “Frango na Moita” e o “Bolinho Sertanejo”, que ganhou o concurso na edição de 2010.
Mas buteco que é buteco, tem que ter também o carro chefe da casa. No caso do Bar do Carlinos é o “Filé de Tilápia”. Para José Carlos Medeiros, com tantos bares na cidade é preciso inovar sempre. Antes ele não trabalhava com peixe, mas devido à tradição dos católicos de não comer carne na quaresma, por exemplo, viu que precisava ter algo para oferecer. Então elaborou um prato diferente dos outros bares e com um tempero feito por eles. Com isso, hoje, segundo ele, é o tira gosto que mais vendem.
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Comerciante Junior Finotti gosta do local porque se sente à vontade (Foto: Hismênia Keller/G1)Comerciante Junior Finotti gosta do local porque
se sente à vontade (Foto: Hismênia Keller/G1)
José Carlos também deu outro motivo para o bar se manter: os pratos que participaram do concurso Comida de Buteco foram inventados pela esposa Simone. “Tudo é coisa da cabeça dela e o fato de termos ganhado em 2010 mudou a nossa vida. Hoje temos mais visibilidade e clientes também”, disse.
O comerciante Junior Finotti conhece muito bem a história do Bar do Carlinhos, afinal, é cliente há 15 anos. Conhece outros bares, mas dá preferência ao buteco por causa do bom atendimento, da simplicidade e do ambiente. “Gosto daqui porque posso sentar na praça e beber minha cerveja em paz. Aqui, sinto mais à vontade”, ressaltou.
Saindo dos bairros e indo para a região central de Uberlândia também é possível encontrar aquele buteco antigo, tradicional e que sobrevive ao surgimento de novas opções para os clientes. Um dos bares mais movimentados é o Bar do Betão, que existe há 20 anos. De acordo com o proprietário, no local tem todos os tipos de clientes. “Nós atendemos universitários, famílias e pessoas itinerantes, que sempre passam pela cidade e vem fazer uma visita aqui”, explicou Betão. Mas no bar é possível perceber a diferença de público na parte interna e na externa.
Do lado de dentro ficam mais as famílias, casais e clientes tradicionais, já do lado de fora os clientes mais assíduos são os universitários e jovens. Carlos Rogério, de 53 anos, é representante comercial e há 17 veio morar em Uberlândia, onde conheceu o Bar do Betão, desde então, vai ao local pelo menos uma vez na semana. “Fiz várias amizades aqui. Toda semana nos encontramos para jogar conversa fiada fora e falar da vida alheia”, brincou e ainda completou: “Gosto daqui por causa da simplicidade e do bom relacionamento com o dono e funcionários”.
Ana Paula de Rezende, de 32 anos, é estudante e também compartilhou da opinião de Carlos. “Eu e minhas amigas até vamos aos bares que estão na moda na cidade, mas tem dia que não estamos com cabeça para pegar fila, para aguardar uma mesa disponível e muito menos nos arrumar. Então vamos aos botecos mesmo. É como se estivéssemos em casa”, concluiu.
Estas são apenas algumas das opções de butecos tradicionais em Uberlândia. Aqueles que ao mesmo tempo resistem ao surgimento de novos estabelecimentos, mas que precisam manter novidades no cardápio e criar estratégias para garantir a casa cheia. O perfil dos donos geralmente é o do amigo que pensa no cliente e que transita entre a modernidade e a opção por não disponibilizar a famosa máquina de cartão de crédito. Já os clientes, bem, estes vão a estes lugares buscando sossego, um bom papo, amizade e simplicidade, coisas de um bom mineiro.
Confira a receita que ganhou o Comida de Buteco 2010 – o “Bolinho Sertanejo” do Bar do Carlinhos, criada por Simone Ferreira Alves.
Ingredientes:
1 Prato de peito de frango cozido e desfiado;
1 Prato de mandioca crua ralada (ralo de cenoura);
1 Prato de queijo ralado;
2 Colheres de sopa maionese;
3 Sachês de sazon laranja;
Patê:
1 Copo Americano de leite;
1 Pimentão médio vermelho;
1 Pitada Sal;
2 Sachês de sazon vermelho;
Óleo até dar ponto;
1 limão;
Modo de Preparo: Misture todos os ingredientes, amassando até ficar homogêneo. Enrole e frite em óleo quente até dourar. Bata o leite, o pimentão, o sal, e o sazon (vermelho) no liquidificador, e vá colocando óleo até dar ponto de maionese. Retire do liquidificador, esprema o limão e misture para engrossar.

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