BLOG ORLANDO TAMBOSI
As invasões do MST geral ampla rejeição na sociedade e no Congresso. Só Lula segue apoiando os fora-da-lei. Duda Teixeira para a revista Crusoé:
O
registro oficial, feito pelo onipresente fotógrafo Ricardo Stuckert, da
recepção dada à comitiva brasileira no Grande Palácio do Povo, em
Pequim, na sexta, 14, mostra o ditador chinês Xi Jinping, sua esposa
Peng Liyuan, o presidente Lula, a primeira-dama Janja e outros
integrantes da delegação. Duas fileiras atrás dos chefes de governo,
exatamente acima da cabeça de Xi, está João Pedro Stédile. O líder do
Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, aparece de jaqueta
azul e sem gravata.
Exatamente
uma semana antes, na sexta, 7 de abril, o mesmo Stédile estrelou um
vídeo do MST no Youtube. Ele afirmou que o Brasil viveu seis anos de
golpes e de governos antipopulares, referindo-se aos mandatos de Michel
Temer e de Jair Bolsonaro. Então, afirmou que o MST teria contribuído,
“de todas as formas possíveis”, para mudar essa situação e eleger o
presidente Lula. Mas não basta eleger o presidente, diz ele. É preciso
organizar os trabalhadores do campo para fazer manifestações em todos os
estados e pressionar o governo — diga-se, o Incra — a fazer a reforma
agrária. Enfim, ele prometeu um “Abril de Lutas”.
O
convite para Stédile integrar a comitiva brasileira na China não deixa
dúvidas de que ele conta com a confiança de Lula, que por sua vez nunca
condenou seus delitos. Em 2015, o petista ameaçou convocar o “exército”
do Stédile para brigar com os manifestantes que pediam o impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Na campanha presidencial de 2022, após ser
pressionado por Bolsonaro, Lula defendeu o MST, dizendo que seus
integrantes só invadiam terras improdutivas. A julgar pela frase de
Stédile, o MST também panfletou para o atual presidente no ano passado.
É essa carta branca que o petista dá ao MST que tem incentivado o cometimento de mais crimes este ano. No início de março, o movimento ocupou três propriedades da Suzano ao sul da Bahia e mais uma, em Jacobina,
mais ao norte. Mas a reação foi intensa e o MST teve de voltar para a
toca. Produtores rurais expulsaram os invasores em Jacobina. Nas áreas
da Suzano, a Justiça concedeu rapidamente a reintegração de posse. No
Congresso, a Frente Parlamentar Agropecuária, com 300 dos 513 deputados,
deixou claro que não aceitaria uma conivência governamental.
Mas
Lula, surdo para a grita geral, seguiu dando amplo trânsito a Stédile e
seus comparsas. Depois de levá-lo para a China, o governo mudou a
chefia do Instituto Nacional de Reforma Agrária em 19 estados.
A
balbúrdia, enquanto isso, só cresceu. O MST invadiu prédios públicos em
vários estados e propriedade rurais em Pernambuco. De novo, houve
resistência. A Frente Parlamentar Agropecuária pediu a prisão de
Stédile. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil,
CNA, solicitou ao STF uma liminar para impedir invasões de propriedades.
O movimento colheu declarações negativas do presidente da Câmara Arthur
Lira, do presidente do Senado Rodrigo Pacheco, do ministro da
Agricultura Carlos Fávaro, do ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo
Teixeira, do governador do Espírito Santo Renato Casagrande e do
governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro. De Lula, não se ouviu
nenhum pio.
A
ação que mais expôs o arcaísmo do MST foi a invasão de terras da
Embrapa, em Petrolina, a oeste de Pernambuco. Essa instituição foi
criada para aumentar a produção de alimentos nos anos 1970. Nessa época,
o Brasil precisava importar comida. Nos quarenta anos seguintes, a
Embrapa formou pesquisadores e criou tecnologias, como o plantio direto
na terra e a fixação de nitrogênio nas plantas, que tornaram o país um
dos maiores exportadores de alimentos do mundo.
Esses
avanços beneficiaram as empresas do agronegócio, assim como ajudaram a
tirar muitos pequenos produtores familiares da miséria. Na Embrapa
Semiárido, essa que foi atacada pelo MST em Pernambuco, foram
desenvolvidos sistemas de irrigação com cisternas e um feijão resistente
ao clima seco da caatinga. A unidade também ajudou a ampliar a produção
e a exportação de goiaba, manga, uva e vários frutos do semiárido, como
cajá, graviola e caju. “A Embrapa Semiárido tem uma lista enorme de
serviços prestados à agricultura familiar. Graças a isso, muitos
pequenos produtores melhoraram de padrão de vida. Para o MST, contudo, é
como se eles tivessem cometido o crime de não serem mais pobres”, diz o
economista Antonio Buainain, do Núcleo de Economia Aplicada, Agrícola e
do Meio Ambiente da Universidade Estadual de Campinas.
Quanto
mais Lula dá cargos para o MST e mais deixa o grupo livre para aprontar
das suas, mais o movimento irrita a sociedade brasileira. Na Câmara,
Lira ameaçou abrir uma CPI do MST, caso Lula não barre novas invasões, como foi antecipado por O Antagonista.
Para o bem dos brasileiros, é fundamental que a Embrapa siga com os
seus trabalhos e que as propriedades privadas, de todos os tamanhos,
sejam respeitadas. O Brasil já entendeu isso. Só Lula não se deu conta.
Postado há 1 week ago por Orlando Tambosi
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