Por Paulo Roberto Netto | Folhapress
A
AGU (Advocacia-Geral da União) apresentou nesta sexta-feira (28) mais
uma ação civil pública contra 27 pessoas que depredaram as sedes dos
três Poderes durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Os manifestantes
foram identificados após publicarem, em seus próprios perfis nas redes
sociais, as cenas da invasão.
A partir de um relatório de inteligência da Polícia do Senado, a AGU
identificou as publicações nas redes sociais e os autores da depredação.
As imagens mostram desde comemorações da invasão a embates com os policiais legislativos que trabalhavam durante o dia 8.
O objetivo da ação da AGU é ressarcir os cofres públicos -atualmente
os danos causados pelos golpistas é estimado em R$ 26,2 milhões.
Esta é a sétima ação do tipo proposta pela AGU. Ao todo, 250 pessoas,
três empresas, uma associação e um sindicato já foram processados.
Segundo a AGU, além de ressarcir os cofres públicos, as ações buscam
indenização por dano moral coletivo causado pelo ataque a valores
fundamentais do Estado Democrático de Direito.
MAIS 200 DENUNCIADOS VIRAM RÉUS NO STF
Nesta semana, o plenário do STF formou maioria para colocar no banco
dos réus mais 200 pessoas acusadas de invadir e depredar as sedes dos
três Poderes. Na semana passada, outros 100 se tornaram réus.
A maioria foi alcançada com o voto do ministro Luís Roberto Barroso.
Até este sábado (29), há oito votos até agora para aceitar a denúncia.
Além de Barroso, votaram a favor os ministros Dias Toffoli, Edson
Fachin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Gilmar Mendes e a presidente do STF,
Rosa Weber -todos acompanharam o relator do caso, ministro Alexandre de
Moraes.
Nunes Marques e André Mendonça ainda não se manifestaram no julgamento.
O julgamento será finalizado em 2 de maio. Ele acontece em plenário virtual.
Nesta fase, o STF decide apenas se os denunciados se tornarão réus
—só futuramente eles serão condenados ou absolvidos. O grupo foi acusado
de crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado
Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o
patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
ACUSADOS SE DIVIDEM EM EXECUTORES E INCITADORES
A Corte já havia decidido tornar réus os primeiros cem denunciados pelos atos de invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília.
Outro julgamento foi agendado para o próximo dia 3 de maio sobre mais
250 pessoas denunciadas. Ao todo, 1.390 pessoas foram acusadas pela
PGR, mas a maioria ainda aguarda julgamento.
Os denunciados foram divididos em dois grupos: "executores materiais" e "autores intelectuais".
O primeiro grupo é composto por cem pessoas que foram presas no Palácio do Planalto ou no Congresso, no dia 8 de janeiro.
O grupo de "incitadores", julgado agora, é composto por pessoas que
foram presas no acampamento em frente ao quartel do Exército, em
Brasília, no dia 9 de janeiro.
Em geral, os executores ainda estão presos e os incitadores respondem em liberdade. Ainda não houve denúncias contra supostos financiadores, políticos suspeitos de apoiar os atos e autoridades responsáveis pela segurança em Brasília. A Polícia Federal tem inquéritos em andamento contra estes grupos.
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