BLOG ORLANDO TAMBOSI
A rejeição é estratosférica: 70% do eleitorado. O motivo é o mesmo: idade. E o presidente só não está pior porque situação de Trump é nebulosa. Vilma Gryzinski:
Lançar oficialmente a candidatura num momento ruim reflete a falta de opções de Joe Biden.
Ele precisa começar a turbinar doações e botar a máquina do Partido
Democrata em velocidade de voo, aproveitando o momento de fragilidade de
Donald Trump,
acossado por um processo enorme, embora duvidoso, e outros potenciais
problemas com a justiça. E, claro, tem que abrir uma brecha no
noticiário antes que seja deslocado por acontecimentos momentosos como a
saída de Tucker Carlson da Fox, o assunto mais falado dos Estados
Unidos.
Se
dependesse da maioria dos americanos, Biden agradeceria o apoio em
2020, enfeitaria suas contribuições como presidente e cairia fora. Os
números das últimas pesquisas são acachapantes. Numa feita para a
televisão NBC, 70% dizem que não querem que ele seja candidato. Uma
proporção quase idêntica, 69%, menciona a idade avançada — 80 anos —
como motivo.
Curiosamente,
Trump, aos 76 anos, não é nenhum rapagão. Mas transmite energia,
principalmente quando cercado de americanos que simplesmente o amam —
eles mesmos entoam “We love you”. Da última vez, na sexta-feira passada,
foi numa pizzaria da Flórida, exatamente o estado governado por seu
maior rival no Partido Republicano, Ron DeSantis. Quando Trump disse que
ia pagar pizza para todo mundo, os presentes explodiram em coro: “USA!
USA!”.
É
de deixar os antitrumpistas doentes de raiva. Nem todos os processos na
justiça, amplificados pela maioria da grande mídia, conseguem enterrar
Trump. Ao contrário, desde o enorme estardalhaço de sua apresentação à
justiça de Nova York, como réu num processo em que a promotoria tentará
provar uma conexão indiscutível entre o dinheiro pago, privadamente, à
atriz pornô Stormy Daniels e a campanha presidencial de 2016, ele
aumentou para quinze pontos a vantagem em relação a DeSantis.
Como
aconteceu naquela campanha, o puro aumento da visibilidade de Trump,
insuflado pela cobertura segundo a segundo, ajudou nas intenções de
voto.
Na
pesquisa da NBC, 43% dizem que pretendem votar em Biden, mesmo
preferindo que ele não se candidatasse a reeleição; 47% declaram voto no
candidato republicano, seja quem for.
Se
Biden estivesse fazendo um governo brilhante, o fator idade pesaria
tanto? É claro que não. Mas muitos americanos acham difícil esquecer os
seus erros, desde a escandalosamente vexaminosa saída do Afeganistão até
as encrencas que estão ficando cada vez mais difíceis de esconder, com
os republicanos controlando a Câmara, de seu filho, Hunter Biden.
As
políticas que rendem votos, como o de reindustrialização em áreas
estratégicas e o festival de dinheiro que chove sobre empreendimentos
ligados ao selo mágico — qualquer coisa que tiver a palavra “verde” no
nome —, vão demorar para mostrar resultados, principalmente na área da
criação de empregos bem remunerados. Aliás, desemprego é um dos únicos
problemas que Biden não tem. Ao contrário, o excesso de vagas insufla
salários e, dessa forma, a inflação de 4,98% (com tendência a diminuir,
por causa do aumento na taxa de juros).
O
pacote de subsídios a indústrias “verdes” é tão grande — 370 bilhões de
dólares — que arrisca levar o resto do mundo a uma nova “idade das
trevas”, ao fazer um arrastão de investimentos no rumo dos Estados
Unidos. Quem disse isso foi o ministro da Economia de um grande aliado, o
britânico Jeremy Hunt. Com o detalhe que Biden está tratando o Reino
Unido com desdém, como ficou claro durante a recente visita sentimental
que ele fez à Irlanda do Norte e à República da Irlanda.
Nessa
viagem também ficou exposta a aparência de deficiência cognitiva, a
suspeita que faz tantos americanos preferir que ele não se candidate. O
filho problema interferiu para explicar perguntas que o pai não
entendia, uma situação constrangedora para qualquer presidente, ainda
mais o líder da maior superpotência do planeta.
Como
ex-esposas, filho é para sempre e agora uma nova linha de investigação
começa a ser levantada: a suspeita de que Antony Blinken, o secretário
de Estado notavelmente desaparecido da linha de frente da política
mundial, coordenou quando era assessor de Biden a hoje desmoralizada
carta aberta de 51 integrantes da comunidade de inteligência, incluindo
ex-diretores da CIA e da NSA, dizendo que o politicamente explosivo
conteúdo do laptop extraviado de Hunter era produto de uma campanha
russa de desinformação.
Era tudo verdade.
A
potência americana, com seu PIB de 23 trilhões de dólares, é
exuberante, mesmo com todos os problemas. No último trimestre do ano
passado, estava 5% maior do que antes da pandemia de Covid-19.
Não
largar o osso, nunca, está escrito em letras pequenininhas no currículo
de todos os políticos. E é isso que Biden vai anunciar. Quer ser
presidente, de novo, mesmo contra a vontade dos americanos. E mesmo que
venha a ter 86 anos quando terminar um hipotético segundo mandato.
“Idade
é mais do que um número. Idade é a expressão do cerne da realidade
biológica da existência humana que, a um determinado momento, se acaba”,
disse recentemente Tucker Carlson, cuja saída deve estar provocando
rodadas de champanhe na Casa Branca e só pode estar conectada com o
acordo de mais de 750 milhões de dólares pagos pela Fox para encerrar o
processo por difamação da fabricante de urnas eletrônicas Dominion,
acusada por vários apresentadores de fraudar resultados.
Por
mais que ele provoque rejeição em muita gente, Carlson expressou uma
realidade com a qual 70% dos americanos concordam. Mas vão ter que
enfrentar outra eleição onde o maior aliado de Biden é seu adversário,
um replay que, de novo, a maioria dos americanos não quer.
É duro ter que votar numa eleição em que os dois candidatos provocam tanta rejeição. Já ouviram falar nisso?
Postado há 5 days ago por Orlando Tambosi
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