BLOG ORLANDO TAMBOSI
Zonas de exclusão e pedágios são alguns instrumentos usados por prefeitos de esquerda para cobrar taxas que tornam impraticável o uso de veículos. Vilma Gryzinski:
“É
claro que não”, disse o prefeito de Londres, Sadiq Khan, negando que
esteja movendo uma guerra aos motoristas. “Não somos contra as pessoas
que precisam se mobilizar com veículos por nossa cidade: eletricistas,
encanadores, floristas”.
É
claro que o prefeito está mentindo. A expansão da Zona de Emissões
Ultrabaixas, ULEZ, na sigla em inglês, de forma a abarcar toda a Grande
Londres a partir de 29 de agosto, é um golpe a mais para quem depende de
carro para ir trabalhar, prestar serviços entre vários endereços, levar
os filhos à escola ou simplesmente desfrutar do sentimento de
independência, conforto e proteção contra os elementos que um veículo
próprio oferece.
A
taxa de 12,50 libras por dia (seis vezes mais em reais) abrangerá cerca
de 160 mil carros de modelos mais antigos, com níveis de emissão maior –
ou seja, exatamente as pessoas de renda mais baixa. Por mês, são 250
libras, o que inviabiliza o trabalho para quem vive com rendimentos
apertados. Donos de comércios que atendem regiões na faixa intermediária
entre a zona de pagamento também podem ficar no prejuízo.
A
zona mais central de Londres já cobra pedágio dos motoristas
particulares e os councils, subprefeituras com mais poder de taxação e
decisão, têm autonomia para colocar grandes floreiras de madeira – e
câmeras, claro – que subitamente limitam a circulação em áreas inteiras
ao trânsito local.
Ruas
comerciais perdem a vida, murcham, encolhem. Teoricamente, a qualidade
do ar melhora, embora muitos duvidem da efetividade de medidas
localizadas.
A
poluição também é o pretexto da prefeita socialista de Paris, Anne
Hidalgo, para obras extensas e demoradas que diminuem as pistas de
avenidas de grande circulação e aumentam a área destinada a bicicletas e
patinetes.
Resultado:
os engarrafamentos aumentam. Consequentemente, a qualidade do ar piora.
Mas a ideia é justamente fazer os motoristas sofrerem tanto a ponto de
desistir do transporte individual.
O
ódio aos carros une esquerdistas e ecologistas radicais, como os
militantes do movimento Stop Oil, que pregam simplesmente o fim dos
combustíveis fósseis, como se o mundo não fosse entrar num colapso de
proporções apocalípticas se isso acontecesse.
O
movimento tem chamado a atenção pela tática de jogar tinta ou sopa de
tomate em alguns dos quadros mais famosos do mundo – protegidos por
vidros – e colar suas mãos nas paredes de museus. Eles também vandalizam
revendedoras de carros de luxo, considerados pelos aficionados mais
extremados obras de arte do nível de um Van Gogh.
Num
ataque a uma revendedora da Mercedes na Alemanha, os militantes
grudados em veículos em exposição reclamaram que os responsáveis não
ofereceram meios que atendessem suas necessidades fisiológicas “com
dignidade”. Também se queixaram que eles apagaram a luz e foram embora –
deixando-os na escuridão em que o planeta inteiro mergulharia se seus
objetivos fossem alcançados.
O
radicalismo infantil de movimentos assim parece ridículo, mas é real o
problema da convivência de oito bilhões de seres humanos com 1,4 bilhão
de automóveis.
Na
Inglaterra do prefeito Sadiq Khan – ou Sádico Khan, como se exasperam
motoristas mais prejudicados – a transição para veículos elétricos foi
antecipada para 2030. Haverá eletricidade e pontos de abastecimento para
todos?
Com
o país submetido ao duplo flagelo da recessão e da austeridade, o
milagre da multiplicação da energia limpa parece, hoje, bem distante da
realidade.
Os
carros elétricos também ainda são caros, têm autonomia limitada e não
respondem às necessidades do fluxo de abastecimento quando acontecem
grandes eventos.
É
claro que esses problemas só podem ser resolvidos com mais tecnologia,
não com a reversão a modos de vida do passado como pregam os radicais.
Sadiq
Khan fez uma consulta à população sobre a expansão do ULEZ: 60% foram
contra e 7,5% acharam que só deveria ser aplicado num futuro mais
distante.
É
claro que a opinião dos moradores de Londres foi ignorada. Num toque
adicional de sadismo, o prefeito incluiu o aeroporto de Heathrow na área
restrita. Quem for levar parentes para viajar, terá que pagar 5 libras
pelo acesso e mais 12,50 da taxa de emissão.
Na
época do aquecimento a carvão, Londres vivia mergulhada numa névoa que,
combinada a fenômenos climáticos naturais, fez a fama da cidade. Hoje,
as dez cidades mais poluídas do mundo estão na Índia, Nigéria, Peru,
Bangladesh, Indonésia, Paquistão, China e Gana.
É
possível ter ar puro e, ao mesmo tempo, a comodidade do carro
particular? As respostas estão sendo testadas nos laboratórios que
aperfeiçoam métodos não poluentes, não nos gabinetes dos prefeitos que
são ideologicamente contra os automóveis – embora, obviamente, andem em
carrões com motorista.
Postado há 6 days ago por Orlando Tambosi

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