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Os dois favoritos saíram menores do debate, mas não o suficiente para não estarem no 2º turno, e Tebet pode ter crescido entre indecisos, mas não a ponto de realmente quebrar a polarização. Pelo menos não por enquanto. Guilherme Macalossi para a Gazeta do Povo:
Vence
debate o candidato favorito que não perde votos ou o candidato que
precisa aparecer para ser percebido pelo eleitor. Por isso é fácil dizer
que se alguém ganhou no primeiro encontro de presidenciáveis, esse
alguém foi Simone Tebet, do MDB. Mas não imediatamente. Só a partir da
intervenção da jornalista Vera Magalhães, que, ao questionar Ciro Gomes
sobre a queda da cobertura vacinal no Brasil, tirou Jair Bolsonaro dos
eixos ao mencionar suas falas espalhando receio da imunização contra a
Covid. Ao tomar a palavra, o presidente atacou a jornalista, que nem
pôde se defender.
Até
aquele momento, era Bolsonaro quem tinha vantagem, e com sobras. Abriu o
debate emparedando Lula com o assunto corrupção. Grudou nele a delação
de Antonio Palocci e foi firme com Ciro Gomes na oportunidade em que o
respondeu sobre pobreza. Calibrou bem a narrativa com as ações de seu
governo e muitos números.
Lula
esteve apenas de corpo presente, aparecendo mesmo só ao final, quando
era tarde demais. Evitar a discussão o colocou numa defensiva insana,
sendo bombardeado incessantemente, principalmente pelo seu principal
adversário, que o chamou de “ex-presidiário” em duas oportunidades.
Parecia pouco inspirado, cansado e repetitivo. Subestimou o estrago que
as denúncias dos escândalos de seu governo poderiam lhe infligir.
Afinal, mesmo anulados pelo STF, seus processos também têm uma dimensão
política, que é mais ampla do que o mundo do direito.
Afiado
desde o início, Bolsonaro expôs o flanco apenas quando vociferou contra
Vera Magalhães. Foi traído pelo instinto. As pesquisas mostram que ele
tem enorme dificuldade com o eleitorado feminino. Ao responder de forma
irascível com uma, permitiu o momento da virada da discussão, fazendo a
temática social das mulheres assumir o centro da discussão. E foi ali
que Tebet cresceu. Primeiro por se solidarizar com Vera Magalhães, e,
segundo, por ter assumido uma posição de confrontação menos relacionada
com sua campanha “coração de mãe”, e mais com a atuação que teve na CPI
da Covid.
Em
dado momento do debate, os líderes das pesquisas enfrentavam
dificuldades objetivas. Lula, que começou mal, agonizava numa estratégia
que o deixava permanentemente contra a parede. E, apesar de ser natural
que o líder das pesquisas evite a confrontação, é impensável que fuja
ao ser confrontado. Foi o que fez. Bolsonaro, que começou muito bem,
enfrentava, por sua vez, dificuldades para sair da temática que
representa sua fraqueza. Em dado momento, voltou a falar de mulheres
questionando Ciro e preterindo as candidatas que também poderiam
responder. Um erro elementar que simboliza bem a dificuldade que ele tem
em tratar do assunto.
Ainda
que a média de audiência do debate tenha sido elevada, é improvável que
se altere o rumo da disputa. A cristalização do voto, e,
principalmente, do voto útil, parece ser inexpugnável, ainda mais
faltando tão pouco para o pleito. Os dois favoritos saíram menores do
debate, mas não o suficiente para não estarem no 2º turno, e Tebet pode
ter crescido entre indecisos, mas não a ponto de realmente quebrar a
polarização. Pelo menos não por enquanto.
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