Dallagnol foi escolhido pelo PT como o inimigo preferencial de Lula, da esquerda, do “progressismo” em geral – é ele, depois do juiz Sérgio Moro, que tem de pagar pelos maus momentos que passaram na época em que foi exposto à luz do dia o sistema de corrupção que comandavam. J. R. Guzzo para a Gazeta do Povo:
O
Brasil, definitivamente, juntou-se a um dos piores clubes a que um país
pode pertencer no mundo de hoje: aquele dos que, em pleno século XXI,
tem presos e perseguidos políticos. O mais recente deles, para piorar as
coisas, nem é um militante político que age em grupos de “direita”. É
um funcionário do Estado que está sendo hostilizado por cumprir o seu
dever funcional de acusar perante a justiça indivíduos que considera
autores de infrações ao Código Penal Brasileiro. Trata-se do procurador
Deltan Dallagnol, um dos principais membros da equipe de acusação na
Operação Lava Jato – a maior, mais corajosa e mais eficaz operação de
combate a corrupção jamais executada pelo sistema judiciário brasileiro
em toda a sua história.
A
situação, como se sabe, ficou de cabeça para baixo: por ação direta do
Supremo Tribunal Federal e do alto aparelho de justiça que opera logo
abaixo dele, os criminosos condenados pela Lava Jato foram
transformados, por razões políticas que nada têm a ver com a ciência do
Direito, em vítimas e heróis da sociedade. Os promotores e juízes que os
condenaram, ao contrário, se viram jogados ao papel que deveria ser dos
condenados – passaram a ser o bandido. Num primeiro momento, essa
guerra santa em favor dos corruptos e da corrupção se preocupou em
salvar a ladroagem. Assim que os autores dos crimes tiveram a sua
liberdade garantida, passou-se à fase atual: a vingança contra os que
combateram os ladrões.
O
procurador Dallagnol é um caso extremo. Inventaram, contra ele, a
acusação de que teria gastado verbas oficiais de maneira indevida, em
viagens e conferências durante a Lava Jato. Ele foi inocentado de todas
as acusações na primeira instância, na justiça do Paraná. Sua inocência
foi confirmada na instancia imediatamente superior, o Tribunal Federal
Regional de Porto Alegre. O próprio Ministério Público isentou Dallagnol
de qualquer procedimento incorreto. Mas o Tribunal de Contas da União,
que normalmente abençoa os escândalos mais espetaculares deste país – o
“consórcio do Covidão”, por exemplo, para se ficar no caso mais
agressivo – não larga o osso. Escolhido como o instrumento dos
vitoriosos para “pegar” o procurador, o TCU recorreu de cada decisão, e
agora está no STJ. Esse tribunal, que já foi capaz de confirmar por 5 a 0
a condenação de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, hoje funciona
como uma área de serviço do Supremo, encarregada de cuidar das suas
sobras.
Dallagnol
foi escolhido pelo PT como o inimigo preferencial de Lula, da esquerda,
do “progressismo” em geral – é ele, depois do juiz Sérgio Moro, que tem
de pagar pelos maus momentos que passaram na época em que foi exposto à
luz do dia o sistema de corrupção que comandavam, o maior da história
do Brasil. Lula lhe exige uma “indenização” – e o público, em poucas
horas, doou ao procurador 750 mil reais para a sua defesa. Agora, estão
atrás dele no STJ. É a hora da forra. Um dos peixes graúdos do PT, o
mesmo que queria o fechamento do STF na época em que Lula foi preso e
hoje é amigo de infância dos ministros, diz que os combatentes contra a
corrupção devem preparar “o bolso” e “os punhos” para receberem o
castigo que a esquerda vai lhes aplicar. É o mundo virado do avesso.
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