*Por Rodrigo Morelli
Não é de hoje que empresas dos mais variados tamanhos têm sofrido com a alta dos preços causada em grande parte pelo efeito da contingência sanitária, atualmente acentuada na China e no Sudeste Asiático, pelo lento retorno dos trabalhadores às atividades produtivas e, também, pela guerra em curso em parte da Europa.
Assim, governos de todo o mundo têm oferecido programas econômicos que buscam desacelerar os efeitos desse fenômeno preocupante. Embora tenham sido úteis em curto prazo, a verdade é que esses programas econômicos não foram suficientes para conter a instabilidade dos mercados e a desaceleração das cadeias de abastecimento.
E as empresas também enfrentam muitas incertezas nesse campo. A maioria delas sofreu uma queda abrupta em seus respectivos processos produtivos ao longo dos dois últimos anos, de modo que a inflação atual só vem para complicar ainda mais o retorno à normalidade.
O problema das entidades econômicas é que elas não sabem quando e como esse fenômeno vai terminar, o que dificulta bastante as decisões de compra, investimento, contratação e solicitação de crédito. Por isso, é tão importante que elas saibam como e em que gastar os recursos disponíveis.
Ao vivenciarmos um quadro inflacionário é muito fácil constatar como um montante de capital de que dispúnhamos já não é mais suficiente para comprar o mesmo que antes. Esse quadro, naturalmente, afeta a todos nós, mas é especialmente brutal para as organizações e os indivíduos que dispõem de menos recursos financeiros e acesso reduzido aos serviços financeiros disponíveis.
A volatilidade do mercado impacta diretamente as empresas - principalmente aquelas que não contam com um controle real e efetivo sobre o orçamento. E quando ocorre um desequilíbrio na gestão das receitas e das despesas dessas empresas, é comum que surjam duas situações a serem enfrentadas:
- A primeira tem a ver com o aumento das despesas/compras, ao mesmo tempo que, devido aos atrasos nas cadeias de suprimentos, os fornecedores não têm recursos e nem insumos para atender à demanda existente. Isso leva à incapacidade de atender aos pedidos recebidos, gerando um desequilíbrio nos depósitos das empresas e provocando uma experiência ruim de serviço e atendimento aos seus clientes.
- A segunda ocorre quando uma empresa que não tem clareza sobre os próprios rendimentos realiza compras, investe ou solicita empréstimos sem conhecer a capacidade de liquidez dela, o que a leva à criação de uma lacuna – cada vez maior – nas finanças da empresa. O grande risco em casos como esse é gerar um endividamento tão expressivo que acabe por comprometer a capacidade operacional da sua empresa e gerar atrasos em áreas essenciais.
Essa é apenas uma amostra do cenário que as empresas estão enfrentando atualmente. Poderíamos, ainda, falar de outras despesas, como: viagem, gestão de compras, novas contratações, aquisição de equipamentos etc.
Portanto, é muito importante promover uma ampla economia de custos, acelerar a transformação digital e abordar os silos organizacionais a fim de alcançar melhores resultados coletivamente. Além disso, é urgente obter maior visibilidade e controle sobre os gastos e a liquidez, a fim de mitigar riscos de terceiros e aumentar a agilidade de adaptação da empresa aos eventos do mercado.
Tecnologia como aliada
Naturalmente, não se trata apenas de quanto se gasta, mas também é muito importante saber no que os recursos estão sendo empenhados. Para explicar melhor esse assunto, aqui vai um dado interessante: durante a pandemia, de acordo com uma pesquisa internacional realizada pela nossa companhia, quase 75% das empresas enfrentaram problemas na cadeia de abastecimento, o que fez com que muitas delas se tornassem altamente vulneráveis a mudanças bruscas no modo de operação delas.É pouco provável que isso seja uma solução rápida, mas as empresas precisam encontrar maneiras de tornar suas cadeias de suprimentos muito mais centradas no cliente, a fim de impulsionar o crescimento e a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que continuam a reduzir os custos e os riscos operacionais gerais. Portanto, a tecnologia de gerenciamento de gastos de negócios (Business Spend Management - BSM) pode ser a solução.
Essa é uma área de processo crítica que explora o valor dos dados compartilhados nos processos de negócios das empresas. Assim, todos os tipos de despesas e processos - desde a compra de materiais, viagens e despesas relacionadas, mão de obra, tesouraria, financiamento da cadeia de abastecimento, entre outros - são reunidos em apenas uma plataforma, com um modelo de informação comum para todos os clientes e fornecedores.
Essa ferramenta oferece às organizações a capacidade de identificar eventuais gastos excedentes e reinvesti-los. Mas não para por aí. Por meio dela, as informações sobre fornecedores e outros terceiros são compartilhadas entre as áreas de compras, contas a pagar, tesouraria, jurídico, recursos humanos, tecnologia da informação (TI) e usuários finais.
As empresas que implementaram essa ferramenta já registram benefícios bastante claros:
- Redução de 10 a 15% na incidência de despesas diretas e indiretas
- Redução de 20 a 25% nos custos operacionais gerais
- Mais de 15% de redução dos gastos com vendas e das despesas gerais e administrativas
Assim, no contexto atual, adotar essa tecnologia é uma solução muito útil e prática para enfrentar a volatilidade que deriva do cenário atual de inflação. Ao contar com um controle claro e preciso da gestão do orçamento confere às organizações a capacidade de decidir como e onde alocar os recursos financeiros disponíveis, bem como de antecipar e projetar quais serão os planos futuros da empresa.
*Rodrigo Morelli é vice-presidente regional da Coupa Software Brasil
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