Pesquisa
com 2 mil alunos do novo modelo e do currículo tradicional revela
percepção sobre a escola e os desafios para o futuro. Formação para
mercado de trabalho e nas áreas de interesse são destaques
Estudantes
que estão cursando o Novo Ensino Médio avaliam o modelo como positivo,
estão mais satisfeitos com a escola e otimistas com o futuro
profissional. Pesquisa inédita do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)
encomendada ao Instituto FSB Pesquisa entrevistou 1 mil alunos de
escolas da rede pública de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e da rede
SESI que já estão experimentando a nova estrutura curricular prevista na
Lei 13.415/2017.
Das
mudanças estabelecidas na reforma, a integração da Formação Técnica e
Profissional (FTP) e a inclusão de atividades voltadas para o projeto de
vida do estudante são as mais bem avaliadas. Parcela significativa dos
jovens acredita que, com o Novo Ensino Médio, as escolas brasileiras
irão formar jovens mais preparados para os desafios e as demandas do
mercado de trabalho.
A
pesquisa também ouviu 1 mil estudantes do currículo tradicional, de
maneira proporcional ao Censo Escolar nos critérios estado, condição do
município e rede de ensino. Em ambos os grupos de entrevistados, o
itinerário de FTP é o mais escolhido entre as cinco opções – seguido por
Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática.
Segundo os adolescentes, a escolha dos itinerários se baseia no ingresso
no mercado de trabalho, na afinidade com o curso superior e no
desenvolvimento de competências específicas em uma área.
A
pesquisa revela ainda alto interesse dos estudantes pelo ensino
superior. Por outro lado, a necessidade de trabalhar e a falta de
interesse ameaçam a continuidade dos estudos – o trabalho, aliás, já é
uma realidade para boa parte dos entrevistados, sendo predominantemente
um trabalho informal. Para os estudantes do Ensino Médio tradicional, a
insatisfação com a metodologia de ensino seria um motivo para sair da
escola, problema que não foi reportado pelos estudantes do Novo Ensino
Médio.
▶ Acesse aqui a entrevista com o diretor do SENAI e do SESI, Rafael Lucchesi, em 4k e 60 FPS, sobre o Novo Ensino Médio.
“A
educação brasileira tem um grande desafio pós-pandemia, de resgate do
estudante e de implementação do novo ensino médio. É importante ouvirmos
o jovem nesse processo para termos a percepção dele sobre a última
etapa da formação básica e as mudanças em curso”, afirma o diretor-geral
do SENAI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi.
Primeira pesquisa a ouvir opinião dos alunos do Novo Ensino Médio
Lucchesi
destaca o ineditismo de entrevistar os alunos que já estão no novo
modelo e a grande demanda pela educação profissional, que confirma a
necessidade de garantirmos a implementação exitosa do Novo Ensino Médio
e, especialmente, do itinerário de Formação Técnica Profissional.
“Hoje
a escola prepara exclusivamente para os exames de ingresso na
universidade, sendo que o acesso dos jovens de 18 a 24 anos ao ensino
superior ainda é muito restrito, apenas 23,8% dessa faixa etária. O novo
ensino médio e a formação profissional surgem nesse contexto para dar
identidade social e oportunidades ao estudante que não ingressa direto
no ensino superior, deseja ou precisa entrar no mercado de trabalho e
não consegue por não ter qualificação”, justifica.
Nos países da União Europeia, 43% dos estudantes cursam o ensino técnico durante o ensino médio, como mostra o Education at a Glance 2021, pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Confira os dados da pesquisa:
- 61% dos alunos que estão cursando o Novo Ensino Médio avaliam positivamente o modelo
Entre
os motivos estão “facilita o primeiro emprego devido à capacitação” e o
currículo, que traz mais conhecimento e é compatível com área
profissional desejada. Para 73% desses estudantes, o potencial do Novo
Ensino Médio para melhorar a qualificação profissional do Brasil é grande ou muito grande.
- Alunos do Novo Ensino Médio estão mais satisfeitos com a escola e otimistas com o futuro profissional
77%
dos alunos do novo ensino médio estão muito satisfeitos ou satisfeitos
com a escola e 78% estão muito otimistas e otimistas com futuro
profissional. Entre os estudantes do currículo tradicional, os
percentuais são 70% e 68%, respectivamente.
- As
atitudes e expectativas com o Novo Ensino Médio são positivas para
estudantes de ambas as estruturas curriculares (total da amostra)
84%
concordam totalmente ou em parte que o Novo Ensino Médio irá
desenvolver os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para os
jovens;
83%
concordam totalmente ou em parte que o Novo Ensino Médio irá fortalecer
o protagonismo dos jovens ao possibilitar a escolha da área que desejam
aprofundar seus conhecimentos;
83%
concordam totalmente ou em parte que com o Novo Ensino Médio, as
escolas brasileiras irão formar jovens mais preparados para os desafios e
demandas do atual mercado de trabalho;
81% concordam totalmente ou em parte que o Novo Ensino Médio irá promover a elevação da qualidade do ensino no país;
76%
concordam totalmente ou em parte que o Novo Ensino Médio irá contribuir
para maior interesse dos jovens em ir e se manter na escola.
- 84% dos estudantes do ensino médio têm interesse na educação profissional e 91% têm interesse em cursar ensino superior
86%
avaliam como muito importante/importante o fato da Formação Técnica e
Profissional ser uma alternativa para o aluno dentro da carga horária do
ensino médio regular.
- O itinerário de Formação Técnica e Profissional (FTP) é o mais escolhido entre as cinco opções (26%)
Seguido
por Linguagens (20%), Ciências Humanas (18%), Ciências da Natureza
(16%) e Matemática (11%). O que motiva os estudantes a escolherem o
itinerário formativo é o interesse em ingressar no mercado de trabalho
logo após ensino médio (31%) e a afinidade com o curso superior que
desejam fazer (28%).
-
17% dos alunos do modelo tradicional já consideraram deixar a escola,
enquanto, entre os estudantes do novo ensino médio, o percentual é de
13%
Precisar
trabalhar é o principal motivo para cerca de um terço dos estudantes
cogitarem deixar a escola. A insatisfação com a metodologia de ensino
(6%) aparece apenas para os estudantes do modelo tradicional.
- Trabalho já é realidade e preocupação dos estudantes do ensino médio
26% dos estudantes exercem alguma atividade remunerada atualmente. Dos que têm atividade remunerada, 32% são freelancers/bico.
- A
falta de experiência é a principal dificuldade para o jovem conseguir
emprego no Brasil na opinião de 28% dos estudantes do ensino médio
Seguida pela formação/qualificação (17%) e falta de oportunidade (12%).
- 35% dos estudantes avaliam que empreender será mais atraente no mercado de trabalho no Brasil
Ter emprego formal registrado em carteira é o fator mais apontado pelos estudantes (50%).
Seminário Internacional
Para
debater o Novo Ensino Médio e os desafios da educação brasileira para
implementação do modelo, o SESI e o Canal Futura promovem o 3º Seminário
Internacional de Educação com o tema Novo Ensino Médio – engajamento, formação e avaliação.
O evento, que será mediado pela jornalista Renata Cafardo, ocorre entre
os dias 26 e 28 de outubro às 17h com transmissão ao vivo no canal do YouTube do SESI.
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