Com
o diagnóstico de uma doença incurável, a ideia de que “não há mais nada
a ser feito” vem associada. A abordagem dos Cuidados Paliativos, porém,
mostra que mesmo diante da morte eminente, existe ainda uma vida e
várias atitudes orientadas por profissionais de saúde podem ser tomadas
para que ela seja vivida com a maior qualidade possível. Para isso, essa
prática multidisciplinar que, além do médico, conta com a assistência
da enfermagem, fisioterapia, psicologia, serviço social, entre outros se
baseia em três eixos principais: controle dos sintomas (principalmente a
dor), qualidade de vida e medidas de conforto e dignidade.
Manter
a assistência de cuidados paliativos diante da urgência e letalidade
trazidas pela pandemia de Covid-19, no entanto, tem sido um dos muitos
desafios impostos na área de saúde de 2020 para cá. O cenário demandou
dos profissionais que trabalham com a abordagem paliativista maior
capacidade de inovação para trazer qualidade de vida e conforto para
pacientes que lidam com doenças que estão além das possibilidades de
cura.
Por
outro lado, a necessidade de dar dignidade e conforto aos muitos
pacientes que não conseguiram se recuperar da Covid-19 fez com que o
tema Cuidados Paliativos ganhasse um nome olhar.
O webinar “Desafios atuais dos Cuidados Paliativos”
irá discutir as mudanças e contribuições da abordagem paliativista
neste momento de pandemia. O evento, promovido pela S.O.S. Vida,
acontecerá no dia 29/7 (quinta), ao vivo no canal do YouTube
às 20h. O debate reúne os médicos Vitor Carlos (AMO/BA), Luana Brandão
(Espaço Ativo/SE) e Ana Rosa Humia (S.O.S. Vida/BA), com moderação da
médica Marta Simone Sousa (S.O.S. Vida/SE).
“Muitas
ações de socialização, realização de sonhos, interação com outras
pessoas e lugares não puderam ser realizadas cumprindo a prerrogativa de
proteção em relação à contaminação pelo novo coronavírus, o que
desgastou as demais dimensões destas pessoas. As visitas e as saídas de
casa, quando possíveis e desejadas pelo paciente/familiar fazem parte do
tratamento e contribuem muito inclusive para o controle de sintomas e
redução do sofrimento. Os profissionais precisaram ficar atentos a estas
necessidades e buscar ações que pudessem melhorar a experiência e
proporcionar mais conforto do ponto de vista social e emocional”,
ressalta a médica Marta Simone, gerente da S.O.S. Vida (SE), que será a
moderadora do debate.
As
intervenções de Cuidados Paliativos podem acontecer em instituições de
saúde ou no domicílio, com o apoio de serviços de home care. O
atendimento em casa pode proporcionar condições diferenciadas e
específicas, seja empoderando o paciente e família, proporcionando mais
autonomia e privacidade ou envolvendo familiares na tomada de decisões
sobre o tratamento e aumentando o vínculo. Diante da pandemia, para
manter a assistência de forma segura foi preciso adaptar protocolos e
procedimentos específicos para o atendimento domiciliar.
“A
assistência deve seguir um plano de cuidados elaborado por essa equipe e
compartilhado com paciente e seus familiares, e deve ser iniciado o
mais precocemente possível, acompanhando o paciente e família durante
toda a evolução da doença, incluindo o processo de morte e luto. Os Cuidados Paliativos em ambiente domiciliar
proporcionam menos sofrimento e com melhor qualidade de vida na própria
residência, evitando os procedimentos invasivos comuns no ambiente
hospitalar, que não modificarão a evolução da doença”, explica a médica paliativista Ana Rosa Humia, coordenadora médica da S.O.S. Vida (BA).
Pandemia e o cuidado
Para
manter a assistência de forma segura foi preciso adaptar protocolos e
procedimentos específicos para o atendimento domiciliar. Nesse contexto,
a necessidade do distanciamento social foi um grande desafio, como
destaca a médica Luana Brandão, geriatra do Espaço Ativo (SE) e
integrante da equipe de Cuidados Paliativos da S.O.S. Vida.
“A
medicina paliativa não lida apenas com os pacientes. É preciso levar
esclarecimentos e conforto também para a família e nesse sentido, o
contato físico e o olho no olho fazem uma grande diferença pois
facilita, entre outras coisas, observamos as reações não verbal”,
explica a geriatra.
Por
outro lado, Luana, ressalta que as reuniões online trouxeram algumas
facilidades, como a possibilidade de realizar encontros virtuais com um
número maior de familiares em horários mais flexíveis, trazendo novas
possibilidades de contatos e aproximação.
“Diante
de todos os desafios impostos para preservar a saúde de todos, eu
considero que as equipes de cuidados paliativos conseguiram se adaptar, o
que trouxe muitos aprendizados. Um deles foi o entendimento que
precisamos estar presentes, mesmo na ausência. Precisamos nos fazer
presente, mesmos nas distâncias. Conseguimos assim atingir nosso
objetivo de oferecer conforto e qualidade de vida para as famílias e
pacientes que cuidamos”, finaliza a médica.
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