MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 17 de abril de 2021

Sob pressão internacional, Bolsonaro avalia manutenção de forças militares na floresta amazônica

 


Medida representará recuo de proposta original do governo federal

Ricardo Della Coletta e Gustavo Uribe
Folha

Com a aproximação do período de queimadas e diante da pressão internacional sobre o Brasil em relação a temas da área de meio ambiente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avalia manter forças militares para combater crimes ambientais na floresta amazônica.

A reedição de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para o período de seca no bioma florestal foi discutida nesta quinta-feira, dia 15, em reunião entre o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura, da Justiça e da Defesa.

RECUO – A ideia é que as forças militares permaneçam na floresta amazônica até novembro, quando retorna o período de chuvas. O formato e o tempo da iniciativa devem ser discutidos entre técnicos do governo e comandantes militares. O debate em torno da reedição de uma GLO representaria um recuo nos planos do governo, que anunciou oficialmente a saída dos militares dessas operações a partir de 1º de maio, e ocorre às vésperas da Cúpula de Líderes sobre o Clima, marcada para a próxima semana.

Para o encontro, que deve ter a participação de 40 líderes mundiais, a estratégia do Brasil será a de defender a necessidade de países ricos investirem no combate ao desmatamento da floresta amazônica e apresentar um plano de médio e longo prazos para preservação do bioma natural.

Na reunião desta quinta-feira, os ministérios responsáveis pelos órgãos federais de preservação argumentaram que enfrentam dificuldades financeiras e operacionais para reassumir o combate ao desmatamento sem a presença de forças militares.

RESTRIÇÕES DE RECURSOS – O Ibama e o ICMBio, vinculados ao Ministério do Meio Ambiente, convivem, por exemplo, com restrições de recursos e falta de agentes. A ideia é que Mourão leve a proposta ao presidente nos próximos dias, na tentativa de viabilizá-la para o próximo mês.

O argumento é que o Brasil precisa enviar sinais de comprometimento com a preservação da floresta amazônica antes da cúpula internacional, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O democrata é um crítico da política ambiental adotada pela gestão Bolsonaro.

Para assessores palacianos, a manutenção dos militares deixa evidente a dificuldade em reequipar as agências civis que tradicionalmente realizam a fiscalização e o combate a atividades predatórias.

RESULTADO POSITIVO – Assim, no quadro atual, a ausência do apoio militar tornará ainda mais difícil a apresentação de algum resultado positivo no combate ao desmatamento até o final do ano, uma das exigências feitas por nações estrangeiras para a liberação de recursos ao Brasil.

Também na reunião desta quinta, os presentes entenderam que, caso a medida seja reeditada, precisará ter formato mais enxuto, concentrando-se nos municípios onde o desmatamento tem sido mais crítico.

PRIORIDADES – O Plano Amazônia, publicado na quarta-feira, dia 14, no Diário Oficial da União, prevê que sejam priorizadas ações em 11 municípios: Porto Velho (RO), São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA), Lábrea (AM), Pacajá (PA), Portel (PA), Itaituba (PA), Colniza (MT), Novo Progresso (PA), Rurópolis (PA) e Apuí (AM).

A meta estabelecida no mesmo plano é a de reduzir o desmatamento ilegal e as queimadas na floresta amazônica à média histórica registrada entre 2016 e 2020. Mas a iniciativa foi criticada por especialistas. De acordo com eles, o objetivo traçado pelo governo representa índices de devastação superiores aos constatados no início da atual gestão e, portanto, o ideal é que fosse adotada uma meta mais ambiciosa.

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