Antes de completar 100 dias o governo de Joe Biden aprovou num congresso encurralado pela pandemia US$ 1,5 trilhão em assistência direta “à pobreza”. Com US$ 1.400 por pessoa, uma família de casal com dois filhos passa a receber do Estado, para não fazer nada, US$ 5.600 por mês, valor a que muito pouco “rico” do 3º Mundo tem acesso. Fernão Lara Mesquita:
A
Hollywood, as universidades e a imprensa americanas hoje tomadas por
artistas e intelectuais “orgânicos” agentes da “hegemonia cultural”
segundo a receita de Antonio Gramsci são consequência e não causa da
decadência da democracia americana.
Para
além da proposição teórica e do “Bill of Rights” acoplado à
constituição, os direitos fundamentais que definem a democracia
americana – como de resto em toda parte – só podem ser exercidos num
ambiente onde o cidadão pode fazer escolhas nas dimensões mais concretas
da sua vida, quais sejam, as de trabalhador e consumidor. Diante de um
patrão ou de um fornecedor únicos, em condições, portanto, de dar-lhe
pena de morte econômica, para ser curto e grosso, nenhum outro dos seus
direitos permanece em pé.
O
socialismo foi barrado na entrada dos Estados Unidos ao longo de todo o
século 20 pela forte adesão do povo ao capitalismo domesticado pelo
viés antitruste que Theodore Roosevelt imprimiu à democracia americana
na virada do século 19 para o 20. Ao eleger a preservação de um limite
mínimo de concorrência como limite máximo da competição econômica, TR
deslocou o foco do capitalismo americano da finalidade única de
enriquecer ilimitadamente empreendedores (e acionistas) para o de
garantir o direito do cidadão comum, proletário, de ser disputado,
enquanto trabalhador pela oferta de salários crescentes e enquanto
consumidor pela oferta de preços decrescentes pelos empreendedores,
deixando a inovação tecnológica como a única porta aberta para o
crescimento econômico para além do limite de ocupação de mercado
estabelecido.
Isso,
pela primeira vez na história da humanidade, proporcionou a umas tantas
gerações de americanos “vencer na vida”, em ascensão continuada, cada
geração conquistando mais em matéria de afluência e bem estar social que
a anterior, exclusivamente pelo trabalho, sem ter de pedir nem fazer
favores a ninguém, com a melhor distribuição de renda jamais alcançada,
num processo virtuoso que arrastou o resto da humanidade atras de si na
maior onda de prosperidade com liberdade e conquistas científicas e
tecnológicas jamais vividas por nossa espécie.
Com
o advento da internet e o início da competição com os preços vis do
“capitalismo de estado” chinês (o novo nome do socialismo onde todos os
meios de produção pertencem a um único dono), os Estados Unidos e o
resto do Ocidente democrático entraram, no entanto, em pânico. Em vez de
impor aos chineses uma competição em termos civilizatórios pelos
mercados que os chineses mesmo não tinham, cobrando impostos para a
entrada no seu de bens com patentes roubadas e feitos com mão de obra
semi-escrava sem direitos trabalhistas, aceitaram a briga nos termos
deles.
Derrubaram
todo o aparato antitruste que pela única vez na história de fato “levou
a classe operária ao paraíso” e, para enfrentar os monopólios estatais
chineses correram de volta para os monopólios privados que TR tinha
banido, uma absoluta “roubada” pois está claro que nem as Exxon’s da
vida poderão enfrentar seus equivalentes chineses que podem prosseguir
operando indefinidamente com prejuízos, ainda que isso leve algumas
centenas de milhões de súditos do partido único, dono de tudo, a comer
morcegos por algum tempo mais do que ja estão acostumados.
Os
“ganhos de escala” com esse retrocesso são obtidos, ou diretamente,
como foi o caso da Apple e tantos outros “gigantes” ocidentais que foram
explorar trabalho infantil e salários de fome na própria China, ou
indiretamente, nos próprios Estados Unidos, com o sucessivo
“achinezamento” dos salários que sobrevivem ao massacre de empregos que
custa essa estratégia tão burra quanto covarde.
Agora,
depois do empobrecimento geral e de instalado o crescente
descontentamento com a desigualdade de renda que abriu o país ao canto
de sereia socialista, coroam a obra deletéria com programas maciços de
distribuição de dinheiro impossíveis de reverter num país cujos governos
precisam ser eleitos, para que os “novos pobres” criados por 40 anos
seguidos de recordes sucessivos de fusões e aquisições, ou seja, 40 anos
seguidos de corrida de volta para os monopólios privados … comprem cada
vez mais bugigangas baratas dos monopólios estatais chineses.
Antes
de completar 100 dias o governo de Joe Biden aprovou num congresso
encurralado pela pandemia US$ 1,5 trilhão em assistência direta “à
pobreza”. Com US$ 1.400 por pessoa, uma família de casal com dois filhos
passa a receber do Estado, para não fazer nada, US$ 5.600 por mês,
valor a que muito pouco “rico” do 3º Mundo tem acesso. Só a sociedade
americana, a única que chegou ate aqui livre da praga do suborno
eleitoral em massa institucionalizado, não sabe que isso é irreversível…
E
agora o provecto Biden, mais um desses governantes de hoje que não
precisam “ser nada” porque foram eleitos justamente pelo que não são,
quer mais US$ 2,5 trilhões de investimentos do governo federal em “obras
de infraestrutura”, sendo que crianças, idosos e portadores de
deficiências passam a ser definidos como “infraestrutura”…
Essa
“inovação conceitual” com sabor de STF brasileiro, se passar, mata o
mais sólido elemento do famigerado “excepcionalismo americano”. O que
colocou os Estados Unidos a anos luz de distância do 2º colocado em
todos os indicadores de afluência e progresso foi a diferença que fazem
entre “direitos negativos” – tudo que o Estado não pode fazer e está
reservado à constituição federal, instância em que não vigoram os
direitos de recall, referendo e iniciativa – e “direitos positivos” –
todos aqueles, tais como os a um determinado padrão de serviço de saude,
moradia, educação, etc., que requerem aportes de dinheiro de terceiras
pessoas para serem desfrutados por quem os adquirir.
Como
na base dos “direitos negativos” está a interdição absoluta ao Estado
de dispor da propriedade privada dos indivíduos, todo “direito
positivo”, lá, fica relegado às constituições estaduais e municipais,
instâncias onde vigoram os direitos de recall, referendo e inciativa, e
só pode ser instituído com a anuência, no voto, por quem vai ser chamado
a pagar a conta.
É este, em resumo, o maior de todos os direitos em uma democracia, que fez dos Estados Unidos o que eles se tornaram: o do próprio povo, e não o Estado à revelia dele, decidir caso a caso o que cada um concorda ou não em dar aos outros. E é sobre este que o governo federal, sob Joe Biden, está estendendo as suas garras
BLOG ORLANDO TAMBOSI

Nenhum comentário:
Postar um comentário