O
ministro Ricardo Lewandowski achou pouco condenar o juiz e absolver o
bandido. Depois da leitura do voto que transformou Sérgio Moro em
perseguidor de inocentes e um culpado em perseguido, pediu novamente a
palavra para ensinar aos colegas do Supremo Tribunal Federal que a maior
e mais bem sucedida operação anticorrupção da história só serviu para
ampliar a imensidão de desempregados e agravar a crise econômica que
castiga o Brasil.
Os
prejuízos decorrentes da paralisia das empreiteiras devassadas pela
Lava Jato, segundo Lewandowski, foram muito maiores que a bolada
devolvida pelos saqueadores da Petrobras. Quer dizer que o problema não é
a corrupção, mas o combate a roubalheira?, ironizou o ministro Luís
Roberto Barroso. Boa pergunta.
Os
eleitores de Paulo Maluf justificavam o voto injustificável com o
mantra cafajeste: “Ele rouba mas faz”. Lewandowski reciclou a opção
preferencial pela bandidagem: as empreiteiras envolvidas no Petrolão
saqueiam estatais, mas criam empregos. Seus donos são bons ladrões.
Merecem mais que clemência. Merecem aplausos dos patriotas que sonham
com o progresso da nação.
Antes
que a semana terminasse, Lewandowski autorizou o acesso do senador
Renan Calheiros às mensagens trocadas por integrantes da Lava Jato e
roubadas por uma quadrilha de hackers. A lei informa que provas ilegais
não têm valor algum. Depende do réu, ressalva a decisão de Lewandowski.
Ultimamente,
ministros do Supremo andam esbanjando benevolência no trato de casos
protagonizados por estupradores de jaleco, assassinos com advogados
espertos, narcotraficantes graúdos e larápios compulsivos, fora o resto.
Por que haveriam de tratar com dureza um corrupto de estimação?
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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