*Por Paulo Akiyama
Todos estamos assistindo uma elevação abrupta do índice de correção dos aluguéis pelo IGP-M, índice este que veio a aterrorizar a todos os locatários em nosso país.
Não bastasse a pandemia pelo novo coronavírus, uma ameaça maior nos atinge, uma inflação galopante camuflada.
Os índices que medem a inflação, infelizmente não possuem na sua cesta de medição (variáveis) algumas variações de preços que incidem diretamente no dia a dia do cidadão brasileiro.
Como qualquer ser humano eu também realizo compras em supermercados, feira, açougue, abasteço meu veículo, preciso realizar reparos de obra civil entre outras necessidades.
Desde março de 2020, quando inicialmente foi declarada a pandemia pela contaminação do novo coronavírus, pela OMS, todos temos sentido o aumento excessivo nos preços.
Algumas justificativas são: falta de matéria prima, chuvas, falta de produção entre outras. Na verdade, entendo que muitos produtos sofreram diretamente com a escassez de matéria prima, queda na produção em razão do isolamento social, como outros fatores.
Infelizmente, o Governo Federal falhou com a gestão da pandemia, falhou e está falhando, pois muitos abusos poderiam ser evitados com uma gestão firme e sem politizar as decisões.
Um governo que foi eleito na busca de cessar a corrupção, desmandos nos gastos públicos e demais que eram praticados pelos governantes anteriores, desapontou uma grande parte de seus eleitores, os quais o elegeu em razão de falta de alternativa, ou seja, mantinham-se no mesmo tipo de governo que já existia ou tentaria uma inovação com um novo gestor de um novo partido político, a resposta das urnas veio de um desespero da população em razão de tanta roubalheira que existia apegando-se a uma alternativa que era única.
O IGP-M é um índice que entendemos ser uma herança do período de elevada inflação que passamos nos idos dos anos 80 e 90, tendo em sua cesta de controle de variação de preços a desvalorização cambial, o preço dos combustíveis, custo de matérias primas, construção civil entre outros, aliás, aqueles que sentimos dia a dia afetar nosso bolso.
Por esta razão a sua variação de mais de 28% em um ano mostra o quanto sofremos com as elevações de preços em geral.
A liberalidade na gestão econômica do país se mostrou falha, o nosso ministro está falhando. Com a crise da pandemia seria o cenário para que fosse mostrado a população a eficácia de uma política econômica, mas ao contrário, tivemos claramente a política na economia.
Todos sabemos que o mundo está em crise em razão da pandemia, mesmo a maior potência do mundo, os Estados Unidos da América, está sofrendo perdas significativas, emitiu e está emitindo moeda para suprir as necessidades da população, acredito que são sabedores que esta emissão massificada de moeda trará consequências graves no futuro próximo.
O mundo demanda necessidade, os países produtores sofrem com a falta de matéria prima, falta de mão de obra, ou seja, estamos vivendo um caos mundial.
O Brasil deveria trazer ao mercado um índice de inflação mais real, de forma que a população possa defender seus poucos recursos. Como pode um cidadão se defender com uma poupança que corrige 2% a.a. contra uma inflação real de 7% a 10% ao mês? Neste sentido a conta é muito simples, aquele que precisa abrir mão de suas reservas para complementar sua renda e assim cobrir os gastos de sobrevivência, não consegue atualizar suas reservas na mesma proporção da elevação de preços dos produtos básicos, o resultado é a descapitalização do cidadão e por sua vez, fará parte da soma de mais pessoas necessitadas e em situação de risco.
O pobre já não compra carne há muito tempo, alguns estados, como São Paulo, reduziram o benefício fiscal de alguns segmentos, provocando a elevação de preços de itens básicos.
Certo que a arrecadação é importante, ainda mais para o Governo do Estado de São Paulo, o qual, contra a maré, remou na busca de uma vacina, investiu bilhões de reais na busca de uma proteção a vida do cidadão, conseguiu e hoje está produzindo e distribuindo a vacina do Instituto Butantã para todo o Brasil. Pergunto: será que o Governo Federal está pagando as doses de vacinas fornecidas pelo Instituto Butantã? Acredito que não, pois foi anunciado recentemente um novo investimento do Governo do Estado de São Paulo no Instituto Butantã para a compra de insumos para a produção da Vacina e consequentemente deve buscar estes recursos por todos os meios possíveis.
Seria o momento de politizar a solução da manutenção da vida do cidadão?
Por que o Governo desdenhou da COVID-19? Por que está assistindo a morte de mais de 250.000 cidadãos?
Por que não comprou a vacina da Pfizer? A única com aprovação definitiva da ANVISA.
A vida continua, mas as sequelas deste mal da gestão econômica nos manterão na UTI ainda por muitos anos, pois somos um país em desenvolvimento sem poder financeiro.
A Industria automobilística está em crise de fornecimento, indústria metalúrgica está pagando ágio na compra de aço, indústria moveleira está sofrendo com a elevação de preços da madeira de forma abrupta, a construção civil que partiu do preço de um saco de cimento em média de R$ 20,00 para uma média de R$ 31,00, e assim por diante. Nosso leitor sabe muito bem o que estamos apontando aqui.
Enquanto a nossa equipe econômica, reguladora de preços e demais não agirem como gestores ao invés de políticos, a população irá sofrer, em especial os menos afortunados, que estão sofrendo com o desemprego e a falta de recursos para suprir o básico. A crise social está aí, basta olhar para o lado.
Cada um de nós precisa fazer a sua parte, mas a liderança vem do governo, este sim precisa adotar medidas de gestão, esquecer a guerra política e lutar na guerra da sobrevivência. Não querer votar uma PEC que amplia a imunidade parlamentar, não querer desestatizar em meio a uma crise, como quer fazer com a Eletrobrás, não querer jogar com o mercado financeiro trocando presidente de empresas, mas sim, buscar o máximo de equilíbrio a sobrevivência do cidadão e para isto, buscar a vacinação em massa, deixando de desdenhar a pandemia que já levou mais de 250 mil brasileiros à óbito e hoje temos uma ocupação média de 95% dos leitos de UTI, pessoas que perderam a vida por falta de oxigênio, evitar todos estes males e buscar a vacinação deveria ser a prioridade zero do governo e dos legisladores de nosso país.
Não ocorrendo medidas urgentes neste sentido retornaremos rapidamente a hiperinflação vividas nos anos 80 e 90, pior, sem qualquer meio de mínima defesa, como tínhamos na época o overnight, que gerava alguma correção para poder manter empregos e consumo.
Sobre Paulo Akiyama
Paulo Eduardo Akiyama é formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família.
Para mais informações acesse http://www.akiyamaadvogadosemsaopaulo.com.br/ ou ligue para (11) 3675-8600. E-mail akyama@akiyama.adv.br
Carolina Lara
carolina@carolinalara.com.br
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