É tenebroso o futuro da política de fronteiras abertas. E o Partido Democrata repete chavões fofos para garantir um grande contingente de novos eleitores. Ana Paula Henkel via Oeste:
Um
dos slogans da campanha de Donald Trump em 2016, desde as primárias
republicanas, foi o famoso Build the wall (“Construa o muro”), uma marca
registrada que ele também carregou durante os quatro anos na Casa
Branca. A frase, que foi usada incansavelmente por seus opositores para
tentar implicar Trump numa política xenófoba de imigração, refletiu
durante sua passagem pelo Salão Oval como um dos pontos importantes para
seus eleitores e para aqueles que têm a intenção de discutir o sensível
tema da imigração ilegal com um mínimo de honestidade intelectual.
Entre
as mais de 40 ordens executivas já assinadas por Joe Biden está aquela
que determina a paralisação imediata dos trabalhos para a construção do
longo muro que protege as fronteiras norte-americanas com o México. A
obra foi iniciada ainda na administração de Bill Clinton, mas nunca teve
apoio político dos democratas para avançar, mesmo durante os anos do
governo de Barack Obama. Donald Trump, com sua agenda America First
(“América Primeiro”), de não apenas empregar e dar atenção prioritária a
norte-americanos, mas também de tentar reduzir a criminalidade no país,
retomou a construção do muro sem medo de a medida ser usada
negativamente por democratas defensores da agenda politicamente correta.
Dentro
do novo espectro de medidas da ala radical de Biden e Harris está a
concessão de cidadania a milhões de imigrantes ilegais. Normalmente, o
caminho para a legalização da permanência desses imigrantes seria o
green card. Entretanto, portadores de green card — o documento que
assegura o direito a residir legalmente no país — não podem votar em
eleições para cargos públicos nacionais, tais como deputados, senadores e
presidente. Há poucas exceções, apenas para algumas eleições locais. A
manobra dos democratas é clara: conceder cidadania norte-americana ao
maior número possível de imigrantes ilegais para ganhar o voto desse
contingente e assegurar a permanência no poder. O número oficial de
estrangeiros ilegais é de 11 milhões, mas a Universidade de Yale e o
Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) calculam que exista uma
quantidade relevante de “invisíveis”. O total estaria entre 16 milhões e
29 milhões, uma vez que muitas dessas pessoas se recusam a responder ao
Censo com receio de deportação.
O
radicalismo das fronteiras abertas de Joe Biden é um convite a um
tsunâmi humano de migração ilegal. Isso já é demonstrado pelas mais
recentes estatísticas da US Border Patrol (Patrulha de Fronteira dos
EUA): as apreensões de adultos na fronteira sul em janeiro de 2021
aumentaram 182% em relação a janeiro de 2020, de 86.449 para 244.053 no
total. Os movimentos de Biden parecem enfraquecer a fronteira. Além
disso, sinalizam um pesadelo econômico, humanitário e de segurança
nacional.
A
América do ex-vice de Barack Obama já suspendeu todas as deportações e
está desmantelando a política altamente eficaz que a administração Trump
estabeleceu de “permanecer no México” para os requerentes de asilo.
Biden pediu ao Congresso, de maioria democrata, que conceda anistia em
massa àqueles que já estão aqui. Ele também anuncia promessas de
benefícios públicos generosos para novos estrangeiros ilegais, como
assistência médica financiada pelo pagador de impostos. Interesses
poderosos se alinham para ajudar Biden a recompensar as grandes
corporações com mão de obra barata e o Partido Democrata com novos
constituintes.
Dr.
Peter Navarro, importante conselheiro econômico da administração Trump
na Casa Branca, acaba de publicar um novo relatório detalhando
estatísticas que retratam o tamanho do risco, especialmente para a
classe trabalhadora. O valor do trabalho de baixa qualificação tende a
despencar, dada a concorrência desleal que adviria. Navarro também
detalha os impressionantes custos da migração ilegal em massa. Em
Estados progressistas, comandados pela ala radical democrata, como a
Califórnia, o sistema de saúde Medicare já está aberto a todos os
residentes, incluindo os ilegais. Somando-se as despesas com escolas
públicas para crianças que vivem ilegalmente no país aos custos de
moradia e julgamento para falsos pedidos de asilo, o gasto total do
governo em todo o país para a imigração ilegal ultrapassa US$ 100
bilhões anualmente.
Além
dos custos financeiros colossais, o tributo humano de fronteiras
abertas acaba por infligir uma miséria totalmente desnecessária aos
cidadãos norte-americanos das classes mais baixas. A maioria dos
imigrantes ilegais chega sem intenção criminosa, mas uma minoria muito
perigosa nesses grupos aterroriza as ruas praticando crimes 100%
evitáveis. A violenta gangue mexicana MS-13 agora opera amplamente em
todo o país e propaga o “script do asilo” para importar da América
Central novos criminosos. As vítimas de seus crimes, notavelmente, quase
sempre são cidadãos de ascendência hispânica.
Essa
realidade contradiz a falácia democrata de que controlar a imigração é,
de alguma forma, intrinsecamente uma medida preconceituosa. Na verdade,
as minorias sofrem desproporcionalmente com a concorrência ilegal de
salários e também com o crime perpetrado por ilegais perigosos.
O
livro sobre o tema do historiador norte-americano Victor Davis Hanson,
Mexifornia: A State of Becoming, é duramente criticado pela esquerda nos
EUA, que acusa o professor do Hoover Institute, em Stanford, de ser
racista e isolacionista. Hanson já abordava o tema em 2003, quando a
obra foi lançada. Ele expôs graves preocupações que se provaram
prescientes, como a de que muitas cidades californianas se tornariam
“meio México, meio América”, rumo a um declínio cultural e econômico.
Em
2005, dois relatórios do Government Accountability Office, atualizados
em 2011, já mostravam como Victor Davis Hanson estava correto: o
primeiro levantamento descobriu que os estrangeiros criminosos (legais e
ilegais) constituíam 27% de todos os prisioneiros federais. No entanto,
de acordo com o Center for Immigration Studies, os não cidadãos
representavam apenas cerca de 9% da população adulta do país. Assim, a
julgar apenas pelos números nas prisões federais, os não cidadãos
cometem crimes federais três vezes mais que os cidadãos.
No
segundo relatório, as informações são ainda mais perturbadoras. Aos
números: durante o ano de 2003, 55.322 estrangeiros encarcerados no país
haviam entrado ilegalmente nos EUA e continuavam ilegais no momento da
prisão; eles já haviam sido presos 459.614 vezes — uma média de 8,3
detenções por estrangeiro ilegal — e cometeram quase 700 mil crimes —
média de 12,7 crimes per capita.
De
todas as prisões, 12% foram por crimes violentos, como assassinato,
roubo, agressão e crimes relacionados a sexo; 15% se deveram a roubo,
furto e danos materiais; 24% eram por delitos de drogas; e as demais
infrações foram por dirigir alcoolizado, fraude, falsificação, porte e
posse de armas ilegais e obstrução da justiça.
Hans
von Spakovsky, advogado, membro da Heritage Foundation e autoridade
respeitada em assuntos atinentes a direitos civis e imigração,
acrescenta que esses relatórios não fornecem um número preciso de crimes
cometidos por estrangeiros ilegais: “Se houvesse uma maneira de incluir
todos os crimes, os números provavelmente seriam mais altos, porque os
promotores muitas vezes concordam em retirar as acusações contra um
estrangeiro ilegal se tiverem a garantia de que as autoridades de
imigração entrarão com processo de deportação”. Independentemente de
como analisar essas estatísticas, as evidências suportam a tese original
do professor Hanson e suas recomendações: necessidade de fiscalização
nas fronteiras, documentos de identidade, sanções ao empreendedor que
emprega imigrantes ilegais e, não menos importante, um programa de
assimilação do estrangeiro ao país.
Um
dos tópicos de destaque do livro de Hanson é a diferenciação da
imigração mexicana de fluxos migratórios anteriores. Os defensores do
status quo costumam dizer que há algumas estatísticas negativas
relacionadas à primeira geração de imigrantes mexicanos, mas o mesmo
ocorreu com italianos. O problema dessa afirmação, para Hanson, são os
dados sobre a segunda geração de mexicanos. É grande a pobreza, a
dependência da previdência estadual ou federal, a evasão do ensino médio
e, finalmente, a ocorrência de atividades criminosas. Um em cada três
homens mexicano-americanos com idade entre 18 e 24 anos na Califórnia
relatou ter sido preso. O cenário na educação é dramático. O Distrito
Escolar de Los Angeles, que é 73% hispânico, registra uma taxa de
graduação de 60%. E, entre aqueles que se formam, apenas um em cada
cinco se qualifica para o ingresso numa faculdade.
Em
Mexifornia, Victor Davis Hanson defende também a tese de que um dos
principais fatores para a não assimilação de muitos mexicanos é a
proximidade geográfica de seu país de origem. Um agricultor indígena que
veio da zona rural do México pode deixar Los Angeles e estar no país
vizinho em três horas — menos que o tempo para vencer a distância entre
São Paulo e Rio de Janeiro. Em contrapartida, imigrantes de nações como
Japão, Filipinas, China e até Espanha estão completamente isolados da
nação-mãe e são forçados a aprender inglês, assimilar a cultura local e
juntar-se ao famoso melting pot, em vez de viver num enclave étnico.
Nascido
e criado na Califórnia, Victor Davis Hanson se viu parte de uma
minúscula minoria branca em meio a uma maioria mexicana e
mexicano-americana durante boa parte de vida escolar. Por causa do
casamento misto em sua família, os hispânicos estão bem representados em
sua árvore genealógica e Hanson defende a ideia de que uma reforma
migratória é necessária até para proteger aqueles que já estão nos
Estados Unidos e contribuem de forma importante e honesta para a
sociedade.
Para
isso, o respeitado professor de Stanford diz que há uma razão pela qual
as pessoas vêm construindo muros há 5 mil anos e alerta para a
seriedade do debate, que deve ser estabelecido longe do campo do
preconceito. O momento de discussões rasas sobre o assunto é perigoso e
expõe a falácia dos justiceiros sociais. “Construa pontes, não muros”,
repetem aqueles que, escolhendo o aplauso rápido e fácil, propagam
frases de efeito em suas redes sociais a partir de seus smartphones,
enquanto desfrutam de pleno conforto em condomínios fechados cercados de
muros e proteção.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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