A senadora Gleisi Hoffmann (RS), presidente nacional do PT, aposta no
Supremo Tribunal Federal (STF) para “recolocar as coisas nos eixos”
após a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) na última quarta-feira
(24). “Nós entendemos que a sentença do TRF-4 [Tribunal Regional Federal
da 4ª Região] é eminentemente política. Não há provas [contra Lula].
Evidências não podem condenar ninguém. O STF vai recolocar as coisas nos
eixos. Nós avaliamos que o tribunal não permitirá essa violência”,
afirma a congressista em entrevista divulgada nesta segunda-feira (29)
pelo jornal Folha de S. Paulo. Gleisi acredita que o processo “dá margem
a todos os recursos possíveis e imagináveis”. “Ele tem problemas de
conteúdo, de uma condenação sem prova e sem crime, e problemas formais
que podem gerar nulidade”, argumenta. Ao ser questionada sobre as provas
apresentadas pelos desembargadores, como a reserva do apartamento e a
reforma, a senadora defendeu: “Não se concretizou a propriedade do
imóvel para Lula, que seria o benefício que ele teria por ter dado
benefícios para a construtora na Petrobras. Então como, que prova é
essa? O fato só de ele ter ido [ao apartamento], de ter tido uma opção
de compra?”. Ela nega que o partido trabalhe com a possibilidade do
ex-presidente ser preso. “Nós não estamos trabalhando com a hipótese da
prisão. Achamos que ela é a mais violenta possível. [Se ela ocorrer]
Teremos um período de grande instabilidade”, avalia. A senadora
confirmou que Lula deverá ser o candidato mesmo se a prisão ocorrer.
“Você quer essa manchete: ‘Lula é candidato mesmo preso’. Eu não gosto
de trabalhar com hipóteses porque tudo pode acontecer. Ele pode não ser
[preso]. Eu sei que estão trabalhando e querem que ele seja [preso]
porque, para quem tem o poder, não basta vencer o adversário. Tem que
constranger e humilhar”, afirma, citando a retenção do passaporte do
correligionário. “Isso que fizeram do passaporte do Lula [que foi
retido, impossibilitando que ele viajasse ao exterior] é injustificável.
O juiz [Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito
Federal] que fez isso é um desqualificado. Responde até a processo
movido pelo Ministério Público. E se mete num caso que não tem nada a
ver com ele para ganhar cinco minutos de fama”, acusa.
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