Escrevi mais de uma
vez que, a agressões verbais em lugares públicos, prefiro a velha e boa
vaia, que será sempre a mais contundente e desmoralizante manifestação
de desagrado, inconformismo ou indignação. Em 2016, por exemplo, a vaia
no Morumbi ordenou a Dilma Rousseff que ficasse longe dos Jogos
Olímpicos. Em 2007, a vaia na abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio
deixou Lula tão traumatizado que, de lá para cá, o palanque ambulante só
estacionou diante de plateias amestradas.
Feita a ressalva, vamos aos fatos. No sábado, ao pousar em Cuiabá, Gilmar Mendes desembarcou no Brasil real
antes mesmo de ter deixado o avião. Aos berros, os passageiros
comunicaram ao ministro que acompanham de perto seu desempenho no
Supremo Tribunal Federal, e não gostam do que andam vendo. Aos olhos do
país que presta, Gilmar é excessivamente brando com bandidos ilustres e
caridoso demais com os envolvidos do maior esquema corrupto da história.
O ministro vive
recitando que um magistrado não pode orientar-se pelo clamor nas ruas.
Tampouco pode fazer-se de surdo quando confrontado com a voz da razão.
Foi essa voz que ecoou no interior do avião que acabara de aterrissar na
capital do Estado onde nasceu. Gilmar teve de escutar o sensato recado
transmitido por gente nauseada com o tamanho da roubalheira: os
brasileiros que pagam a conta exigem que todo juiz, seja quem for o réu,
cumpra a lei e faça Justiça. Simples assim.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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