Postado em 09/01/2018 2:53 DIGA BAHIA!
Pesquisadores brasileiros utilizaram três compostos do veneno de uma
espécie de cascavel para combate ao vírus da hepatite C. Os três
compostos retirados do veneno de um animal da espécie Crotalus durissus
terrificus, conhecida como cascavel-de-quatro-ventas, boiçununga ou
maracamboia, foram isolados no Laboratório de Toxinologia da Faculdade
de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto por cientistas das
universidades Estadual Paulista (Unesp), Federal de Uberlândia (UFU) e
de São Paulo (USP). São duas proteínas: a fosfolipase A2 (PLA2-CB) e a
crotapotina (CP). Em uma série de experimentos in vitro com culturas de
células humanas, foi testada a ação antiviral dos dois compostos, tanto
em separado como em conjunto no complexo proteico. Foram observados os
efeitos dos compostos em células humanas (para ajudar a prevenir a
infecção pelo vírus) e diretamente no vírus da hepatite C. “Esse vírus
invade a célula humana hospedeira para se replicar, produzindo novas
partículas virais. Dentro da célula hospedeira, o vírus produz uma fita
complementar de RNA, a partir da qual serão produzidas moléculas de
genoma viral que constituirão as novas partículas”, disse a coordenadora
do estudo, professora Ana Carolina Gomes Jardim, à Agência Fapesp.
“Nosso trabalho demonstrou que a fosfolipase tem a capacidade de se
intercalar com o RNA dupla fita, intermediário de replicação do vírus,
inibindo a produção de novas partículas virais. A intercalação reduziu
em 86% a produção de novos genomas virais, quando comparada ao que
ocorre na ausência da fosfolipase”, acrescentou. Quando o mesmo
experimento foi feito usando-se a crotoxina, a redução na produção de
partículas virais foi de 58%. A segunda etapa do trabalho consistiu em
verificar se os compostos conseguiriam bloquear a entrada do vírus nas
células humanas em cultura. Nesse caso, os resultados foram ainda mais
satisfatórios, pois a fosfolipase inibiu em 97% a entrada do vírus nas
células. Já o uso da crotoxina reduziu a infecção viral em 85%. Por fim,
foi testado um segundo composto isolado do veneno de cascavel, a
crotapotina. Muito embora não se tenha verificado efeitos para impedir a
entrada do vírus nas células humanas nem a sua replicação, a
crotapotina agiu em outro estágio do ciclo viral, reduzindo em até 78% a
saída das novas partículas virais das células. No caso da crotoxina, a
saída das partículas foi inibida em 50%. Segundo os pesquisadores, os
resultados dos experimentos demonstram que a fosfolipase e a crotapotina
agindo isoladamente tiveram melhor resultado do que em associação.
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