MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 28 de outubro de 2017

Três em cada 10 pequenas empresas mineiras têm parentes como sócios ou empregados


André Bahia, um dos administradores da pastelaria Marília de Dirceu, a mãe, tias e primos comandam a pastelaria, que completa 25 anos em 2017
André Bahia, um dos administradores da pastelaria Marília de Dirceu, a mãe, tias e primos comandam a pastelaria, que completa 25 anos em 2017
Há 25 anos no mercado, a clássica pastelaria Marília de Dirceu emprega hoje 70 funcionários. A loja fica em Lourdes, mas os salgados são produzidos em uma fábrica no bairro São Francisco, e toda essa estrutura é comandada por sete pessoas da mesma família.
“Minha mãe, tias e primos estão na direção. Cada um é responsável por um setor da empresa”, diz André Bahia, um dos administradores e, atualmente, responsável pela área comercial da nova linha Marilia Fit.
Sob comando familiar, a pastelaria Marília de Dirceu faz parte de um contingente de mais de um terço dos pequenos negócios em Minas que têm parentes como sócios ou entre os empregados. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Sebrae. Segundo o estudo, 36% dos pequenos negócios brasileiros podem ser consideradas familiares. No Estado, esse percentual sobe para 37%.
As empresas de pequeno porte são as que concentram a maior proporção (59%) de parentes em seus quadros funcionais. Entre as microempresas, 52% são familiares. Já os microempreendedores individuais (MEIs) reúnem 25% dos empreendimentos com essas características.
Para especialistas, a gestão familiar de uma empresa tem benefícios, mas também traz desafios peculiares. “Um negócio no qual parentes são gestores tem como vantagem a relação de confiabilidade que eles possuem entre si. Mas pode haver uma série de conflitos de interesses, como o empresário que contrata um parente, mas não cumpre a legislação trabalhista adequadamente ou um familiar não-qualificado para a função proposta. É preciso uma gestão profissionalizada”, diz a analista do Sebrae-MG Bárbara Castro.
Confiança
Os gestores da Lashes CO, grife de embelezamento do olhar, Michelle Cabral e Érico Gomes, casados há 10 anos, ressaltam justamente que a confiança que um tem no outro é um dos pilares da administração do negócio.
“Talvez, uma das principais vantagens é a tranquilidade da confiança e do alinhamento dos objetivos. Um dos mais importantes pontos em qualquer sociedade é o alinhamento dos sócios com relação aos objetivos do negócio. E nós temos muito claras nossas metas”, diz Michelle.
Lashes CO
Os gestores da Lashes CO, Michelle Cabral e Érico Gomes, juntaram escovas de dentes há 10 anos
Por outro lado, a grande dificuldade em um negócio de família é separar o ambiente familiar do profissional. Esse aspecto pode ser entendido tanto pelo lado financeiro quanto pelo das relações pessoais. “Não se mistura o almoço de domingo com a reunião de segunda-feira. Esse é um imenso desafio”, diz a professora da Fundação Dom Cabral, Juliana Gonçalves.
Para ela, é inadmissível, por exemplo, levar o boleto da escola para o financeiro da empresa pagar. Além disso, deve-se remunerar os profissionais pelo trabalho produzido.
O coordenador do curso de Administração do Ibmec, Eduardo Coutinho, afirma que misturar questões pessoais e profissionais pode ser desastroso para a empresa. “Em alguns casos, a família inteira vive daquilo, ou seja, é um risco. Se o negócio der errado, todo mundo perde a sua renda”, alerta o professor.

Profissionalizar a gestão e preparar a sucessão são desafios
Profissionalizar a gestão e preparar a sucessão no comando dos negócios são outros grandes desafios que podem aumentar a longevidade de uma empresa familiar. Para especialistas, um caminho é a busca por profissionais no mercado de trabalho, além dos parentes.
“Alguns estudiosos do assunto citam que a empresa familiar que traz profissionais que têm sucesso no mercado pode agregar e melhorar a gestão. A sucessão familiar, quando envolve apenas a busca do poder e do status, pode prejudicar a perenidade da empresa”, explica a analista do Sebrae Bárbara Castro.
Juliana Gonçalves, da Fundação Dom Cabral (FDC), concorda com o fato de que essa profissionalização pode ser benéfica, inclusive na duração de vida da empresa, pois pode agregar ao planejamento sucessório. De acordo com a professora, esse processo pode levar de cinco a 10 anos.
“Não é fácil definir com a maior isenção quem deve assumir os negócios. É preciso separar os sentimentos do ambiente empresarial. Hoje, cada vez mais, as famílias estão conscientes desse processo de profissionalização e buscam meios para que isso aconteça”, diz Juliana.
Segundo ela, apenas 4% das empresas chegam à quarta geração da família controlando a administração. Na Oficina Segmento, a proprietária Laura Furtado, que assumiu a direção quando o marido faleceu, já está preparando a filha Letícia para assumir o negócio, fundado em 1995 e que atualmente tem quase 3 mil clientes.
“Hoje minha filha já é minha sócia. Ela está terminando o curso de Administração no fim deste ano e é a inovação do nosso negócio, com a cabeça fresca e muitas ideias. Às vezes tenho até que dar uma podada nela”, afirma Laura, que conta ainda com a ajuda de duas irmãs para tocar a empresa.

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