Victor Cunha, do blog português Blasfêmias,
ironiza o tratamento dado pela mídia em geral aos terroristas, que
contam com a defesa dos doutores em humanidades, especialistas na
análise das motivações dos facínoras anti-ocidentais:
Uma das
ocupações em alta, das que tem vindo a ter mais saídas profissionais, é a
de comentador de terrorismo islâmico (uma redundância). Trata-se de uma
ocupação que consiste em explicar as motivações dos terroristas, coisa
que se obtém através de anos de estudo em ciências sociais e teorias de
género pós-feministas e humanitárias, competências adquiríveis, por
exemplo, através do programa de doutoramento em estudos feministas no
Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Outro meio para a
aquisição de competências na área da compreensão das motivações dos
terroristas é ser um idiota chapado, coincidentemente, um dos requisitos
não mencionados para a admissão ao programa de doutoramento mencionado.
Nas
televisões e nos jornais, como cogumelos, brotam do húmus inúmeros
especialistas em especialidades que juram a pés juntos — evitando assim
expôr o heteropatriarcal sexo biológico, uma aberração da natureza — que
o mundo ocidental é culpado, por infortúnio de inúmeros pecados, de
fomentar a carnificina de multidões indiscriminadas, gente que o
terrorista não conhece, logo, pessoas dotadas apenas de uma espécie de
Pecado Original que os torna indiscutíveis culpados e candidatos
admissíveis para uma gloriosa matança. Outros, mais sofisticados que os
anteriores, tal como o caracol é uma evolução da lesma desprovida de
carapaça, salientam, inclusivamente, dois factos que deixariam as mães
hippies orgulhosas com tamanho brilhantismo: 1) havia mais terrorismo na
Europa nos anos 70, mérito dos revolucionários marxistas, gente
simpática que, talvez por fraqueza, evitava a carnificina de crianças;
2) os terroristas islâmicos são habitualmente nativos do país onde a
matança ocorre, daí que nada disto tenha a ver com fronteiras e
políticas de emigração, como que sendo o problema mais difícil de
combater do que através de simples fecho de fronteiras seja motivo para
regozijo. Que alegria: o terrorista tem passaporte inglês, é meu
vizinho, não é um estrangeiro desconhecido!
Em
qualquer dos casos, é sempre necessário salientar que o Islão não tem
nada a ver com terrorismo, tal como uma prostituta não tem nada a ver
com gonorreia: são coisas distintas e é possível ser um devoto muçulmano
sem ser terrorista, tal como, como já verificamos, também é possível
ser um idiota chapado e doutorado ao mesmo tempo. Importante é referir
que todas as religiões são uma porcaria, umas mais que as outras, por
motivos culturais. Cristãos e judeus são reles, muçulmanos são apenas
pessoas num processo de evolução igualitário, vítimas de opressão
heteropatriarcal e, como tal, passíveis de compreensão quando se
rebentam matando crianças e adultos de castas reles. Importante é
combater as fobias, as xeno-, as homo-, as multi-, nem que para isso
seja necessário fechar os olhos ao próprio atentado (não é xenofobia?),
às execuções de homossexuais (não é homofobia?) e ao triste destino dos
depósitos de esperma a que chamam mulheres por estes libertadores da
opressão mundial a que erradamente chamamos terroristas (não é
misoginia?).
Como diz o nosso Querido Líder, “por cada atentado realizado, dez são evitados”.
Isto é verdade, tal como é verdade que por cada palerma que “compreende
os terroristas” há dez pessoas dispostas a pagar-lhe o bilhete de ida
para Mosul.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário