MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 28 de maio de 2017

Saúde do Rio: desvios milionários e hospitais públicos à míngua

Segundo promotor, grande esquema de corrupção no âmbito estadual pode se repetir na esfera municipal

Jornal do BrasilFelipe Gelani *

As denúncias que vêm à tona dando conta de desvios milionários na saúde pública do Rio de Janeiro se tornam ainda mais chocantes quando se constata o estado de precariedade do setor. Enquanto agentes públicos cobravam propina e superfaturavam equipamentos - como mostram investigações que responsabilizam até os próprios secretários de Saúde - pacientes sofriam em filas intermináveis de hospitais sem as mínimas condições de atendimento. Além disso, servidores ativos lotados na rede estadual de saúde estão com os salários atrasados. Até meados de maio, a secretaria estadual de Saúde ainda estava pagando 50% dos salários do mês de março aos servidores.
Se o quadro é chocante, pode ficar ainda pior: recentemente o procurador da República José Augusto Vagos, integrante da força-tarefa da Lava Jato no Rio, afirmou que a denúncia apresentada contra o ex-secretário de Saúde do estado Sérgio Côrtes é apenas “a ponta do iceberg”. Ele foi preso em abril juntamente com mais dois empresários, acusados de terem desviado R$ 300 milhões da área da Saúde.
Ex-secretário Sérgio Côrtes foi preso em abril
Ex-secretário Sérgio Côrtes foi preso em abril
O também procurador da República Leonardo Cardoso de Freitas afirmou, há alguns meses, que a corrupção praticada pelo ex-governador Sérgio Cabral tem uma estreita ligação com a crise financeira que vive o estado.
Na esfera municipal, a Justiça do Rio determinou o bloqueio de R$ 110.809.546,71 em bens acumulados pelo grupo dos irmãos Wagner e Valter Pelegrine. Donos da organização social Biotech, eles são acusados de desviar R$ 53 milhões de recursos públicos da saúde destinados aos hospitais municipais Pedro II e Ronaldo Gazola. A medida atinge também os ex-secretários Hans Fernando Rocha Dohmann e Daniel Ricardo Soranz Pinto, que estão entre as 64 pessoas denunciadas.
De acordo com o promotor de Justiça Silvio Ferreira, membro do Grupo de Atuação Integrada na Saúde (Gais) do Ministério Público, assim como no estado, os números que surgiram até agora no município também podem ser apenas "a ponta do iceberg". “No que diz respeito exclusivamente à atuação das organizações sociais de saúde, a resposta é positiva. É possível que [essa afirmação] seja verdade também no nível municipal”, afirmou. Ele também lembrou que há diversos outros inquéritos em andamento tratando da contratação de organizações sociais.
Segundo o promotor, outras organizações sociais de saúde atuavam tanto em âmbito estadual quanto municipal, o que torna “factível a interligação de condutas, que serão apuradas em outros inquéritos”. Além disso, ele explicou que o valor de R$ 53 milhões foi estimado com um patamar mínimo do desvio realizado. “É possível que, com as provas a serem produzidas na fase judicial, seja identificado um volume de desvio ainda maior”, concluiu.
O que o dinheiro desviado poderia comprar
Para se ter uma ideia, com os valores desviados conhecidos até agora, que somados chegam a um montante de cerca de R$ 350 milhões, 1.945 ambulâncias do Samu poderiam ser adquiridas pelo estado. Atualmente, o Rio de Janeiro conta com apenas 180 ambulâncias do Samu para o estado inteiro, segundo o Ministério da Saúde.
Também poderiam ser implementados 50 mil consultórios odontológicos públicos por todo o Rio, além de 4.375 Academias de Saúde, que são polos especializados em prevenção contra doenças por meio de atividades físicas. Os valores unitários de cada um desses itens também foram informados pelo ministério.
De acordo com preços pesquisados no site

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