Novos detalhes de denúncias envolvendo o ministro das Relações
Exteriores, José Serra, tornam sua posição cada vez mais delicada como
titular de uma pasta estratégica no governo Michel Temer. Agora, o
engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado
como negociador de Serra, aparece em destaque nas delações de executivos
da Odebrecht. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, delações da
Odebrecht teriam apontado dois nomes como operadores de R$ 23 milhões
(R$ 34,5 milhões, corrigidos pela inflação) repassados pela empreiteira
via caixa dois à campanha presidencial de José Serra na eleição de 2010.
Parte do dinheiro foi transferida por meio de conta na Suíça, em um
acerto com o ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho, ex-PSDB e hoje no
PSD, que fez parte da coordenação política da campanha. Já o caixa dois
operado no Brasil foi negociado com o ex-deputado federal Márcio Fortes
(PSDB), próximo de Serra. Fortes também atuou nas campanhas de Fernando
Henrique Cardoso na década de 1990 e na de 2014 de Aécio Neves. José
Serra, que como ministro das Relações Exteriores é um porta-voz do país,
não pode deixar que acusações deste peso venham à tona sem uma reação à
altura. Se essas acusações são caluniosas, ele tem que processar seus
autores. Não pode afirmar que não tem nada a comentar e, ainda por cima,
continuar a viajar pelo mundo com sua agenda de ministro das Relações
Exteriores. Ou Serra processa os autores das denúncias, ou deve se
licenciar e deixar o cargo para pessoas que não estão sendo alvo de
denúncias. Serra está no DNA do PSDB, assim como o ex-presidente Lula
está no DNA do PT. As denúncias contra um e outro não podem ter
consequências diferentes. (JB)
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