Chefão do PT volta a usar o expediente de se dizer perseguido para ver se a Operação Lava Jato continua, de forma inexplicável, a preservá-lo
Ah, que
graça! Luiz Inácio Lula da Silva está, consta, chateado com a prisão de
seu amigão do peito José Carlos Bumlai, cujo papel nas tramoias do
mensalão e do petrolão começa a ficar mais claro. Sim, está chateado,
mas, como Lula é Lula, pensa, antes de mais nada, em manter a cabeça
colada ao pescoço. Comentou com o seu entorno ser ele o verdadeiro alvo
da Lava-Jato. É mesmo?
Infelizmente,
até agora, não é o que se percebe. Muito pelo contrário. Ele está é
sendo poupado. Vamos relembrar? Lula é tão vaidoso que disputa
protagonismo até com bandidos.
Eu ainda
estou em busca de boa explicação. Ninguém tem nenhuma. Salim Schahin diz
que perdoou uma dívida do PT porque seu grupo conseguiu, com a
interferência de Lula, operar um dos navios-sonda da Petrobras. Qualquer
pessoa lógica infere o óbvio: foi a estatal que pagou o empréstimo
contraído pelo partido.
Muito bem!
Até agora, não existe nem sequer um miserável inquérito para apurar a
atuação do ex-presidente num caso em que o delator admite, sem receios, a
falcatrua. Pagou por isso uma multa de R$ 1,5 milhão.
Lula, segundo seus “aliados”, informa a Folha,
estaria reclamando da condução “espetaculosa” da investigação e diz
saber “que querem atingi-lo politicamente”. Suas críticas são
direcionadas também ao juiz Sergio Moro.
Até agora, ao menos, ele deveria ser grato à Polícia Federal, ao Ministério Público e a Moro. Dilma também.
Pois é… Os
homens de Lula já plantam por aí a sua frase sobre Bumlai: “Se ele fez
alguma coisa, não foi com meu aval”. Ora, claro que não! Os eventos mais
escabrosos acontecem em torno de Lula, beneficiam o PT e os petistas,
mostram um estreito vínculo entre o partido e alguns, sem exagero,
bandidos, mas “o cara” não sabia de nada. O mensalão e o petrolão
beneficiavam o seu governo, à medida que mantinham unida a base, mas,
ora vejam!, ele nunca sabe de nada.
Para
detalhar: em 2004, o Banco Schahin emprestou R$ 12,17 milhões a Bumlai,
que era apenas a fachada do negócio. O destinatário do dinheiro, segundo
a apuração, foi o PT, depois de passar pela conta do frigorífico
Bertin.
Essa dívida
nunca foi paga. O grupo Schahin foi regiamente recompensado cinco anos
depois, em 2009, quando, por interferência de Lula, segundo Salim
Schahin, seu grupo fez um contrato de US$ 1,6 bilhão para a operação do
navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras. A dívida do PT, que Bumlai
fazia de conta ser sua, já estava em R$ 60 milhões.
Sandro
Tordin, ex-presidente do Banco Schahin, confirmou, também em delação
premiada, que houve a operação envolvendo o PT. E deu outros detalhes.
Disse que o banco tinha receio de conceder empréstimo tão grande, mas
ficou mais tranquilo depois que o próprio Delúbio Soares compareceu a
uma reunião, deixando claro que o dinheiro era mesmo destinado ao
partido. Isso em 2004. Em 2009, quem atuou para viabilizar o contrato do
navio-sonda foi outro tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
Segundo
Tordin, dias depois do empréstimo, José Dirceu, ainda o todo-poderoso da
Casa Civil, deu um gentil telefonema, para uma conversa amena. Ele
afirmou que não tocaram no assunto, mas que o sentido da ligação era
claro. Bem, se é possível contestar que Dirceu tenha tido algo a ver com
história, é incontestável que Delúbio participou.
Notem que
essa operação em particular lembra muito claramente as traficâncias
daquilo a que se chamou, então, “mensalão”. A primeira tramoia é de
2004, antes ainda que o escândalo viesse à luz, mas o “pagamento” ao
grupo Schahin, por intermédio da Petrobras, só foi feito em 2009, quando
aquele outro escândalo já era conhecido.
Outro
escândalo? No fim das contas, é tudo a mesma coisa: trata-se de uma
quadrilha, disfarçada de projeto de poder, organizada para assaltar o
Estado brasileiro.
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