MEDIÇÃO DE TERRA

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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Dona Maria do beijo, 70 anos da cultura de quintal ligados à mandioca


Hoje Em Dia


Divulgação
Dona Maria do beijo, 70 anos da cultura de quintal ligados à mandioca

Ver a Dona Maria do Beijo fazendo farinha de mandioca é de encher os olhos. Cada etapa é executada com o cuidado de quem carrega uma tradição. Cumprida com simplicidade e rigor há 70 anos, a rotina começa às quatro da manhã.
A mandioca precisa ser descascada, lavada, moída e torrada. A máquina de ralar, comprada com muito suor, é o orgulho desta “mestra dos quintais”. “Eu custei a pagar, nossa senhora! Mas ficou muito mais fácil. Antes, eu fazia tudo na mão”, diz.
A plantação de mandioca fica logo ali, no quintal de casa, ao lado de couves, almeirões, bananas e tudo o mais que a terra pôde dar. Maria do Beijo casou-se aos 15 anos e teve 15 filhos. Todos criados no quintal.
“Eu não comprava pão, não. Primeiro porque eu morava na roça. Depois, quando eu vim pra cá, continuei do mesmo jeito. Tiro tudo do quintal”,
Ela não esconde o conhecimento acumulado ao longo da vida e dá uma dica: “Para o tacho de doce de leite ficar bem limpinho, a gente tem que lavar com limão”.
A cultura dos quintais é passada de geração em geração. Todos os filhos de Maria do Beijo vivem próximo a ela, em Igarapé, cidade de 40 mil habitantes no Território Central, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Cada um tem sua produção caseira, seja de polvilho, biscoitos ou doces. “Vivemos sempre rodeando as asas da nossa mãe. Temos que aproveitar toda a sabedoria que ela pode nos passar”, conta Geralda, filha de Maria do Beijo.
O principal cultivo no seu quintal é o da cana-de-açúcar. A rapadura é uma de suas especialidades. “Não consigo nem imaginar o que seria a minha vida sem meu quintal. Desde que me entendo por gente trabalho com a terra, sempre com a terra”, lembra.
A tradição também é passada às novas gerações. Às sextas-feiras, Maria do Beijo recebe crianças de escolas da cidade. Com os olhos vidrados no forno de barro que ocupa um canto do terreiro, os alunos assistem à mestra da culinária mineira fazendo - e assando - biscoitos de polvilho. “O biscoito também é todo feito aqui. Os ovos, eu tiro das minhas galinhas. Aí, dá pra fazer um agrado para os meninos”, comenta.
Quando o quitute fica pronto, a alegria é geral.
“A gente precisa mostrar as coisas da roça pra eles. Me dá alegria no coração. Eles saem daqui com a barriguinha cheia. É bom demais.”

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