Ex-diretor da área internacional da Petrobras firmou acordo de delação premiada com os procuradores da Lava Jato no último dia 18
Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Novo delator da Operação Lava Jato, o
ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse, em
acordo de colaboração premiada, que o banqueiro André Esteves, dono do
BTG Pactual, pagou propina ao senador Fernando Collor (PTB-AL) em um
contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo.
Os postos pertenciam conjuntamente ao BTG e ao Grupo Santiago. A
descrição de trecho da delação de Cerveró foi anexada em despacho do
ministro Teori Zavascki sobre os pedidos de prisão do senador Delcídio
Amaral (PT-MS), do advogado Edson Ribeiro, do chefe de gabinete Diogo
Ferreira e do próprio banqueiro André Esteves.
“Nestor Cerveró descreve a prática de
crime de corrupção ativa por André Esteves, por meio do Banco BTG
Pactual, consistente no pagamento de vantagem indevida ao Senador
Fernando Collor, no âmbito de contrato de embandeiramento de 120 postos
de combustíveis em São Paulo, que pertenciam conjuntamente ao Banco BTG
Pactual e a grupo empresarial denominado Grupo Santiago”, diz trecho de
um documento da procuradoria-geral da República. Na delação, o
ex-dirigente também narra que o senador Delcídio recebeu propina tanto
na aquisição de sondas pela Petrobras quanto na compra da refinaria de
Pasadena, no Texas, nos Estados Unidos.
O nome do banqueiro André Esteves
apareceu nas investigações da Operação Lava Jato a partir de um
depoimento do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores do
petrolão. A exemplo de Cerveró, Youssef disse às autoridades que recebeu
a informação de que a compra da rede de postos de gasolina Derivados do
Brasil (DVBR) teria sido consolidada após pagamento de propina a
operadores da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A transação
teria contado com atuação direta de Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP,
ex-ministro do governo Fernando Collor.
Possíveis referências a Esteves também
haviam aparecido em um bilhete do empreiteiro Marcelo Odebrecht
apreendido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Num trecho do
texto, Odebrecht diz a seus defensores: “Destruir email sondas”. Para os
investigadores, o bilhete poderia representar uma ordem para a
destruição de provas. Essa ordem seria motivo para que Odebrecht tivesse
sua prisão estendida – pois seria uma tentativa de obstruir a
investigação. Para os advogados do empresário, o uso de destruir era
metafórico: Odebrecht apenas os orientava a desconstruir a acusação de
ter superfaturado contratos com a Petrobras.
No mesmo bilhete aos advogados, Marcelo
Odebrecht anota: “história de iniciativa André Esteves. Lembrar que
naquela época sete Petrobras off balance, portanto ajudar Sete era visto
como ajudar Petrobras”. A Sete citada pelo empreiteiro é a Sete Brasil,
empresa criada para construir sondas para exploração do petróleo do
pré-sal e enrolada nas investigações da Lava Jato.
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