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Por Reinaldo Azevedo
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
afirmou que o uso das reservas internacionais em um momento de disparada
do dólar ante o real é uma possibilidade, mas que cabe ao Banco Central
(BC) decidir. “Temos 370 bilhões (de dólares) de reservas, isso é um
valor muito significativo. Então o Brasil está protegido. E também
porque na área do Tesouro acumulamos a partir de março recursos
adicionais que nos permitem nesse momento dar fôlego aos investidores”,
disse ele a jornalistas em evento, em São Paulo, na noite de
quinta-feira.
A declaração de Levy ecoa a fala do
presidente do BC, Alexandre Tombini, na manhã de quinta. Diante da alta
do dólar, que atingiu sua máxima histórica na quarta, R$ 4,14, Tombini
disse que a autoridade monetária vai assegurar que o mercado de câmbio
funcione de forma eficaz, e não descartou usar diretamente as reservas
para segurar a escalada da moeda americana.
Sobre o programa de swaps cambiais, que
equivale à venda futura de dólares, Levy afirmou que o mecanismo serve
como seguro para as empresas. “O swap não é feito para interferir, mas
ao mesmo tempo permite que as reservas que o Brasil tem sejam usadas de
forma eficiente para proteger o setor produtivo”, disse o ministro.
Com o dólar rompendo a barreira dos 4
reais, o BC intensificou suas intervenções no câmbio nesta semana com
leilões de venda de dólares com compromisso de recompra e leilão de
novos swaps cambiais. Na quinta, o dólar chegou a 4,2491 reais na máxima
da sessão, mas fechou cotado a 3,9914 reais após as declarações de
Tombini.
Fiscal – Levy ainda defendeu o corte de
gastos e o combate à inflação para que o país possa voltar a crescer, e
avaliou que apesar das dificuldades, a economia brasileira está se
recuperando. “O Brasil não pode ter ambiguidade fiscal, assim como o
Brasil tem que continuar firme no trabalho de redução da inflação. Temos
que ter isso permanentemente em mente”, disse.
Em meio a críticas de que o governo
estaria promovendo o ajuste fiscal apenas pelo lado da receita, Levy
disse que neste ano a economia que está sendo feita é de 80 bilhões de
reais em relação aos gastos autorizados pelo Orçamento votado em abril
pelo Congresso.
Travessia – O ministro chegou a citar o
livro “Tufão”, do escritor polonês Joseph Conrad (1857-1924) para
explicar a tormenta pela qual passa a economia brasileira. O enredo do
romance se desenrola dentro do navio Jukes, que em certo momento se vê
absorvido pela força desestabilizadora de um tufão.
“Na verdade, o furacão atingira o navio
com toda sua força, devastando o tombadilho; e os marinheiros aturdidos e
desesperados refugiavam-se no corredor de bombordo sob a ponte de
comando”, diz o romancista. Mas o capitão, segundo o ministro Levy,
conseguiu vencer a turbulência e conduzir a embarcação e todos que
estavam a bordo a um porto seguro.
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