Lula intermediava empréstimos do BNDES e ainda cobrava pelas palestras para favorecer Odebrecht em obras que geravam propina para PT no exterior.
(Globo) O termo lobby, que traduzido do inglês para o português quer dizer
saguão ou antessala, ganhou novo significado na política. A palavra
também é usada para designar a atividade de pressão sobre políticos ou
poderes públicos, influenciando-os em decisões que beneficiarão pessoas,
grupos, partidos ou instituições. Em geral, o pagamento pela atividade é
calculado a partir dos valores dos negócios fechados. O lobby não é
atividade regulamentada no Brasil, e se for praticada mediante concessão
de benefícios ou vantagens pessoais, pode ser interpretada como tráfico
de influência.
É isso que é investigado em inquérito da Procuradoria da República no
DF, que apura se o ex-presidente praticou tráfico de influência
internacional, crime incluído no Código Penal em 2002. Telegramas
diplomáticos trocados entre chefes de postos brasileiros no exterior e o
Ministério das Relações Exteriores, entre 2011 e 2014, revelados em
julho, indicam que as atividades de Lula em favor da Odebrecht no
exterior foram além de palestras. Os documentos apontam que Lula atuou
em duas ocasiões para beneficiar a empresa. A investigação quer saber se
o lobby foi remunerado. O Instituto Lula alegou, à época, que as
palestras foram pagas.
A
assessoria do Instituto Lula classificou de atuação “lícita, ética e
patriótica” do ex-presidente Lula quando defende os interesses de
empresas brasileiras no exterior. Diz a nota da assessoria do ex-presidente:
“Em seus dois mandatos, Lula chefiou 84 delegações de empresários
brasileiros em viagens por todos os continentes. A diplomacia
presidencial contribuiu para aumentar as exportações brasileiras de
produtos e serviços, que passaram de US$ 50 bilhões para quase US$ 200
bilhões, e isso representou a criação de milhões de novos empregos no
Brasil. Só uma imprensa cega de preconceito e partidarismo, poderia
tentar criminalizar um ex-presidente por ter trabalhado por seu país e
seu povo”, escreveu o instituto.
No texto, a assessoria de Lula afirma haver uma “repetitiva,
sistemática e reprovável tentativa de alguns órgãos de imprensa e grupos
políticos de tentar criminalizar a atuação lícita, ética e patriótica
do ex-Presidente Lula na defesa dos interesses nacionais, atuação que
resultou em um governo de grandes avanços sociais e econômicos, com
índices recorde de aprovação”.
Continua a nota: “temos a absoluta certeza da legalidade e lisura da
conduta do ex-presidente Lula, antes, durante e depois do exercício da
presidência do país, e da sua atuação pautada pelo interesse nacional”.
O ex-ministro Miguel Jorge admitiu a troca de mensagens com os
executivos da Odebrecht. Ele afirmou que presenciou pelo menos “meia
dúzia de vezes” o ex-presidente Lula vendendo empresas brasileiras a
outros presidentes. — Essa palavra lobby, depois deste escândalo, passou a ser muito
pejorativa. O que esses caras fizeram não foi lobby, foi corrupção.
Agora, quando você fala que o presidente de um país que tem interesse em
um consórcio de empresas brasileiras, das quais duas eram estatais,
tenham uma situação importante numa obra de não sei quantos bilhões de
dólares, é absolutamente natural. Isso foi feito de maneira
absolutamente transparente sem nenhuma sacanagem no meio — explicou o
ex-ministro.
O ex-chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, disse em nota
“negar categoricamente que recebeu diretamente de Marcelo Odebrecht ou
Alexandrino Alencar qualquer sugestão para discursos em agendas
internacionais ou assuntos relativos à Odebrecht”.
Segundo Carvalho, “o presidente Lula sempre expressou que queria se
transformar em um caixeiro viajante do Brasil”, por isso, em viagens,
“sempre fez questão de convidar muitos empresários, realizando reuniões
nos países visitados na perspectiva de abrir novas negociações para
empresas brasileiras; a Odebrecht foi uma dentre muitas”, afirmou.
Por meio de nota, a Odebrecht informou que “os trechos de mensagens
eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional
legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos
estratégicos para o País - nos quais atua, em especial como
investidora". A empresa disse "lamentar" a divulgação das mensagens nos
processos contra a Odebrecht, por considerar que as mensagens não teriam
"qualquer relação com o processo em curso”.
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