Resultado: mais bagunça
O
Planalto tem lá seu jeito de fazer as coisas. Errado, como sempre. Na
terça à noite, fora da agenda, a presidente Dilma Rousseff recebeu em
jantar, no Palácio da Alvorada, sete empresários. Dividiram a mesa com a
presidente Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Rubens Ometto (Cosan),
Benjamin Steinbruch (CSN), Cledorvino Belini (Fiat), Joesley Batista
(JBS), Edson Bueno (Dasa) e Josué Gomes (Coteminas). Os empresários
falaram sobre a necessidade de cortar gastos públicos, reclamaram da
recessão e coisa e tal. Dilma, por sua vez, reclamou da desaceleração da
China e também coisa e tal. E aí? Bem, aí nada! Cisa e tal.
Nesta
quinta, é a vez de Michel Temer, vice-presidente da República, se
encontrar com empresários na Fiesp, em evento capitaneado pelo
presidente da federação, o também peemedebista Paulo Skaf. Pelo menos
três dos convivas de Dilma vão se encontrar com o vice: Trabuco, Ometto e
Steinbruch. Aliás, no seu papel de coordenador político, função de que
apeou, Temer procurava fazer justamente a interlocução com o
empresariado. Os petistas, já tratei do assunto aqui, achavam que ele
estava se viabilizando como alternativa de poder.
O que
poderia ser um esforço de Dilma para retomar a iniciativa política acaba
se caracterizando como um improviso. Por que um jantar fora da agenda,
com ares quase clandestinos? Ninguém precisa disso para encontrar
parcela significativa do PIB — desde, é claro, que tenha o que dizer.
Ocorre que a presidente se empenha hoje naquele que virou o único
objetivo do governo: não cair. É claro que é muito pouco, não é mesmo?
Se esse é o
objetivo estratégico, a ação tática consiste em tentar enfraquecer o
PMDB, investindo na divisão interna. A Procuradoria-Geral da República
atuou como força-auxiliar quando abriu a lista dos políticos denunciados
com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Depois de, na
prática, inviabilizar a atuação de Temer na coordenação, Dilma tenta,
como se viu, a sua própria interlocução com os empresários. O presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi conquistado na semana
passada, à esteira do tal acordão.
Mais: no
dia 13, Dilma chamou para um papinho, informa a Folha, Jorge Picciani, o
peemedebista que preside a Assembleia Legislativa do Rio, e seu filho,
Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara. Pezão, o governador do
Estado, intermediou o encontro. Os Piccianis são aliados de Cunha. Foi o
presidente da Câmara quem fez do jovem Leonardo o líder do partido.
Dilma agora resolveu medir forças o presidente da Câmara.
Vocês
estão entendendo a natureza da melancolia? O governo não se move hoje
para tentar encontrar alternativas de gestão. Está perdido. Dilma e os
petistas se dedicam apenas a uma guerra interna contra o seu principal
aliado, o PMDB. Até o sempre moderado Michel Temer se mostrou
incompatível com a forma como ela toca o governo. Esses movimentos, em
vez de aumentar a confiança do empresariado, só concorrem para o
descrédito.
Todos sairiam ganhando se Dilma reconhecesse a tempo que não é do ramo.
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