Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
A empreiteira Camargo Corrêa assinou nesta sexta-feira com o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um acordo de leniência para fornecer informações sobre as suspeitas de existência de um esquema de fraude em licitações públicas envolvendo a estatal Eletronuclear em obras da usina de Angra 3. O acordo de leniência funciona como uma espécie de delação premiada para a empresa, que concorda em revelar detalhes das irregularidades em troca de punições mais brandas.
A empreiteira Camargo Corrêa assinou nesta sexta-feira com o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um acordo de leniência para fornecer informações sobre as suspeitas de existência de um esquema de fraude em licitações públicas envolvendo a estatal Eletronuclear em obras da usina de Angra 3. O acordo de leniência funciona como uma espécie de delação premiada para a empresa, que concorda em revelar detalhes das irregularidades em troca de punições mais brandas.
Pelo
acordo com a construtora, a empresa se compromete a apresentar provas de
como empresas se cartelizaram para forjar disputas de obras em Angra 3
em 2013 e 2014. Segundo depoimentos de delatores e documentos
apreendidos na 16ª fase da Lava Jato, os consórcios UNA 3 (formado por
Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC) e Angra 3 (formado
por Queiroz Galvão, EBE e Techint) fraudaram a competição por obras da
usina e combinaram entre si que o UNA 3 seria vencedor dos dois pacotes
de licitação. Na negociata, depois da vitória do UNA 3, seria cedido
espaço para que o consórcio adversário conseguisse um outro contrato no
empreendimento.
Antes da
Camargo, a Setal Óleo e Gás, também citada como uma das integrantes do
cartel de empreiteiras no esquema do petrolão, já havia fechado um
acordo de leniência com o Cade. Trata-se do segundo acordo firmado entre
o MPF e as empresas envolvidas no petrolão. As demais empreiteiras têm
negociado com a Controladoria Geral da União (CGU) acordos de leniência
que, se concretizados, permitirão que as companhias continuem prestando
serviços ao governo e participando de licitações públicas.
A
paternidade dos acordos vem sendo discutida entre CGU e MPF, ainda que a
Lei Anticorrupção determine que a Controladoria é o órgão responsável
por celebrá-los. Enquanto os acordos com o MPF ou a CGU visam solucionar
esquemas de fraude e corrupção, os termos firmados com o Cade estão na
esfera do direito econômico e envolvem somente irregularidades ligadas à
questão concorrencial. O acordo de leniência com a Camargo a beneficia
apenas em acusações de crimes concorrenciais, mas não exime a companhia
de ter, por exemplo, diretores denunciados criminalmente por corrupção e
pagamento de propina.
As
irregularidades nos contratos de Angra 3 foram reveladas pelo delator
Dalton Avancini, da Camargo Corrêa. Segundo ele, mesmo após o início da
Operação Lava Jato, empreiteiras continuaram se reunindo para discutir o
pagamento de propinas a dirigentes da Eletrobras e da Eletronuclear. No
caso de Angra 3, Avancini afirmou que o processo licitatório das obras
da usina incluíam um acordo com a Eletronuclear para que a disputa fosse
fraudada e direcionada em benefício de empresas como a Camargo Corrêa,
UTC, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Technit e EBE, todas
elas reunidas em dois consórcios. “Já havia um acerto um acerto entre os
consórcios com a prévia definição de quem ganharia cada pacote”, disse o
delator, que também afirmou que propina deveria ser paga a funcionários
da Eletronuclear, entre ele o presidente afastado Othon Luiz Pinheiro
da Silva. Em agosto de 2014, em uma reunião convocada pela UTC
Engenharia, foi discutido o pagamento de propina de 1% ao PMDB e a
dirigentes da Eletronuclear.
Nenhum comentário:
Postar um comentário