MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Presente principal para Iemanjá emociona quem acompanhou


Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Foto: Romildo de Jesus
“Só quem está aqui sabe que sentimento é esse que toma conta de todo nosso corpo e nos deixa apaixonado por essa força que vem das águas”. Assim, o paulista André Mário Nunes, 45 anos, definiu a festa de Iemanjá, no Rio Vermelho. Ansioso, ele e uma multidão de pessoas aguardava o momento da saída do presente principal e dos balaios organizados por devotos e pescadores foi o mais esperado da festa.
Emoção semelhante a de André Mário Nunes pode ser notada nas diferentes expressões de quem acompanhava a entrega dos presentes, agradecia a Rainha das Águas, fazia pedidos ou somente assistia uma das festas mais populares da capital soteropolitana. Os fogos de artifício disparados dos barcos e as músicas cantadas por fiés do candomblé, que organizaram rodas nas areias, completou o tom religioso da festa. O momento da entrega dos presentes é considerado o mais esperado por quem esperou o ano inteiro para saldar a orixá, ‘Mãe de Todas as Cabeças’.
A filha-de-santo, Leonice Gomes de Almeida, 33, disse que salvar a Rainha do Mar é mais que uma obrigação anual. “Iemanjá é mãe de todos, abre caminhos e é dona das águas. Todos os dias, peço benção a ela, mas fazer isso no dia dois de fevereiro e muito mais emocionante”, disse, após voltar de uma entrega de presentes em alto mar. “É uma emoção grande. Sentimento de carinho, proteção, gratidão. Não consigo nem explicar”, completou.
Às 16 horas, o balaio principal saiu sob aplausos dos presentes. Escoltado pelos pescadores, balaios com outras oferensas foram levados para alto mar junto com o presente principal. De acordo com a lenda, se a orixá não gostar dos presentes recebidos, os objetos são devolvidos ao mar e o pedido feito pelo ofertante não será realizado.
Decepcionada, Elisângela da Silva chegou atrasada e não acompanhou a partida do presente principal. “Fui na casa do meu filho aqui perto e quando voltei já tinha saído. Esse ano foi cedo. Ano passado demorou um pouco”, comparou.
Mas quem pensa que só os baianos se atrasam, se engana. Pela primeira vez em Salvador, a empresária pernambucana, Adélia de Castro, 28, também se atrasou e perdeu o auge do evento. “Não sabia que começava assim pontualmente. Uma pena ter perdido a parte mais importante”, lamentou carregando uma pequena cesta repleta de presentes para a Mãe D’Água.
Do sagrado ao profano
No final da tarde, a sensação de dever cumprido abriu espaço para a curtição de uma segunda-feira ensolarada. Cervejas, refrigerantes, água, caipirinha e roskas de todos os sabores fizeram a alegria de quem esticou um pouco e participou da parte profana da festa de Iemanjá. Para alimentação, churrascos, pipoca e cachorro quente eram os mais procurados. “Estou aqui desde as nove da manhã e já vendi bastante. A gente tem aproveitar para faturar antes do carnaval”, disse a vendedora Maria Carla de Oliveira, 27 anos.
Da colônia dos pescadores até o início da avenida Oceânica ritmos diferentes garantiram a animação de quem compareceu ao Rio Vermelho na tarde de ontem. Além da potência dos aparelhos de som instalados pelos vendedores, bandas e cantores se apresentaram nas “varandas” dos bares da rua da Paciência. Quem gosta de reggae pode curtir os principais sucessos na Barraca do Reggae, próximo à quadra. Em frente ao Lalá ficaram aglomerados os que preferiram a música eletrônica, como a estudante Daniela Souza de Lima.  “Já frequento esse local e gosto do estilo musical daqui”, justificou.
Nas festas privadas, o público também contou com bebidas e cardápios variados, além do conforto de um restaurante local. A feijoada, um dos pratos mais procurados durante a festa de Iemanjá, pode ser adquirida com valores entre R$ 20 e R$ 60.  “É bom descer na praia, colocar nossas oferendas, agradecer, fazer os pedidos, mas também é muito bom descansar aqui sentadinha”, brincou a paulista Márcia Nunes, 39.

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