Marcelo Sant Anna/ D. A . Press
Oswaldo “Paulistinha”, do restaurante Lá em Casa, exibe seu arroz com pequi perto do São Francisco
Piqui, pequiá, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, pequiá-pedra,
pequerim, suari, ouro do sertão. Mineiro que é mineiro já comeu, viu ou
ouviu falar em algum desses nomes e expressões populares que são usados
para se referir ao pequi.
Seja pelo tom amarelado, o aroma inconfundível ou pela “casca
espinhosa”, verdadeiro significado da palavra na língua indígena, fato é
que o fruto característico do cerrado brasileiro virou símbolo da
gastronomia e instituição cultural de Minas Gerais.A extração de pequi também tem grande importância para a economia mineira. Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2011, mostram que a atividade rendeu R$ 3,5 milhões para Minas Gerais no ano, pouco mais de 30% do faturamento em todo o Brasil. No mesmo período, foram produzidas 1.776 toneladas de pequi, 25% da produção do país.
Há 24 anos, a fartura do fruto é motivo de comemoração em Montes Claros, na região Norte, onde acontece a Festa Nacional do Pequi, em dezembro. Na última edição, um concurso elegeu o melhor arroz com pequi da cidade.
Além das festas do Pequi em Campo Azul e Taiobeiras, também no Norte, o município de Santana do Riacho, na Serra do Cipó, perto de Belo Horizonte, ganhou seu primeiro festival, que termina hoje.
Estrela nas mesas
A iguaria virou protagonista dos pratos elaborados pelos estabelecimentos da Serra do Cipó. Comandada pelas irmãs Joelma e Mariana de Souza, a pizzaria Forno da Serra aposta na pizza de pequi, carro chefe e atração da casa há dez anos.
“Nós nascemos na Serra do Cipó e a lembrança que temos é da nossa avó preparando tudo com pequi. Então, decidimos colocar o pequi no cardápio para incentivar o consumo, chamar a atenção para a preservação do pequizeiro e para a valorização da região”, conta.
Dona Ângela Arrieiro é conhecida na cidade de Curvelo, Região Central de Minas, por preparar o famoso arroz doce de pequi, há mais de 50 anos. “Quando era jovem, só consumia pequi com sal, até que me casei e minha sogra me apresentou a receita doce. De lá para cá, preparo a sobremesa para amigos, familiares e para quem mais a pedir”, contou. O segredo de Ângela é preparar o arroz doce com pequis frescos, mas a receita também pode ser feita com pequi congelado, devido à falta do fruto em grande parte do ano.
A safra de pequi em Curvelo é tamanha que as propriedades rurais não conseguem aproveitar todos os frutos. É o que diz Marco André Malachias, turismólogo e gestor do Circuito Turístico Guimarães Rosa. “A maioria não se aproveita, o pequi que vai para o consumidor final não chega a 50% do que poderia ser colhido em Curvelo.
Normalmente, a colheita é feita apenas por comunidades que ganham R$ 1 por caixa de pequi. Se você leva para o Mercado Central de Belo Horizonte, consegue receber cerca de R$ 15 pela mesma quantidade. Já no Mercado Distrital, a caixa passa a valer até R$ 50. É um negócio informal muito lucrativo que ainda não é suficiente para abastecer BH”, afirmou.
O pequizeiro tem preservação permanente e é imune de corte em território mineiro graças a lei 20.308/2012. O programa do governo Pró-Pequi possui um fundo para recursos de multas aplicadas a cada pequizeiro cortado no Estado.
As principais regiões produtoras de Minas
Belo Horizonte
Em épocas de grande produção no Estado, as
barraquinhas do Mercado Central de Belo Horizonte ficam cheias de pequi.
É possível encontrar óleo, farinha, conserva e o fruto fresco. No
Néctar do Cerrado, dentro do Mercado Distrital do Cruzeiro, a iguaria
também é vendida em todas as suas derivações.
Brumadinho (Região Metropolitana)
Saindo de BH em direção ao distrito de Casa Branca, em Brumadinho, os pequizeiros chamam atenção de quem passa pelo Vale do Charme.
Saindo de BH em direção ao distrito de Casa Branca, em Brumadinho, os pequizeiros chamam atenção de quem passa pelo Vale do Charme.
Sete Lagoas (Região Metropolitana)
Conhecida como o “Portal do Cerrado”, Sete Lagoas marca o início do trecho onde os pequizeiros crescem em maior quantidade.
Conhecida como o “Portal do Cerrado”, Sete Lagoas marca o início do trecho onde os pequizeiros crescem em maior quantidade.
Curvelo (Região Central)
Chegando em Curvelo, você encontra o arroz doce com pequi.
Itaúna e Divinópolis (Região Oeste)
Existem ainda muitos pequizeiros em franca produção nas redondezas de Itaúna e Divinópolis.
Uberlândia (Triângulo)
A Universidade Federal de Uberlândia desenvolveu uma plantação experimental de pequis sem espinhos. Os primeiros frutos começaram a se desenvolver este mês.
Chegando em Curvelo, você encontra o arroz doce com pequi.
Itaúna e Divinópolis (Região Oeste)
Existem ainda muitos pequizeiros em franca produção nas redondezas de Itaúna e Divinópolis.
Uberlândia (Triângulo)
A Universidade Federal de Uberlândia desenvolveu uma plantação experimental de pequis sem espinhos. Os primeiros frutos começaram a se desenvolver este mês.
Japonvar (Região Norte)
Em Japonvar, existe uma bem estruturada Cooperativa dos Produtores Rurais e Catadores de Pequi, com bons resultados.
Trabalho de Japonvar chega às mesas estreladas da capital
Conhecida como capital nacional do pequi, a cidade de Japonvar, no
Norte do Estado, possui cerca de 300 famílias que vivem da produção de
pequi. A Cooperativa dos Produtores Rurais de Japonvar foi criada em
2004 e hoje conta com 180 sócios. De acordo com o presidente da
cooperativa, Josué Barbosa de Araújo, o trabalho é feito desde a
colheita até a conserva, o envasamento e a embalagem dos pequis para
venda.
Não é difícil encontrar os derivados do pequi produzidos pela Cooperativa de Japonvar em Belo Horizonte. No Mercado Distrital do Cruzeiro, Cássio Avelino Pereira, proprietário do Néctar do Cerrado, vende o fruto congelado, polpa em conserva, creme de pequi, óleo, castanha, farofa, doce de leite, molho de pimenta, geleia e até licor de pequi. “Virou uma grande sensação em BH, costumo chamar a castanha de avelã do Cerrado”, conta.
Não é a toa que Cássio tem como clientes fiéis os premiados chefs Léo Paixão, do restaurante Glouton, e Helena Rizzo, do restaurante Maní, em São Paulo, considerada a melhor do mundo em 2014 por publicações internacionais.
Lagarto serenado com purê de arroz de pequi do chef Eduardo Avelar
Receita inspirada na carne serenada do Noel e no arroz de pequi do bar e restaurante da Tia Dalva, no Mercado de Montes Claros)
Ingredientes:
1 peça de lagarto, Sal (na proporção de uma colher de sopa para cada quilo de carne)
1 maço de coentro
Azeite de oliva (o quanto baste) – opção para esta receita: manteiga de garrafa a gosto
1 xícara de arroz cozido com tempero
½ xícara de água
½ xícara de creme de leite fresco
2 colheres (sopa) de polpa de pequi
Sal a gosto, pimenta do reino para decorar
Ingredientes:
1 peça de lagarto, Sal (na proporção de uma colher de sopa para cada quilo de carne)
1 maço de coentro
Azeite de oliva (o quanto baste) – opção para esta receita: manteiga de garrafa a gosto
1 xícara de arroz cozido com tempero
½ xícara de água
½ xícara de creme de leite fresco
2 colheres (sopa) de polpa de pequi
Sal a gosto, pimenta do reino para decorar
Modo de preparo:
Carne serenada: Na peça de lagarto, faça cortes no sentido longitudinal
com aproximadamente 5 centímetros de largura. Abra a peça e salpique o
sal de maneira uniforme. Deixe na geladeira (ou em local fresco) por uma
noite, sobre uma grelha para que a água possa escorrer. Pincele
manteiga de garrafa sobre cada bife e leve à grelha até que alcance o
ponto desejado (lembrar que o lagarto, por ser uma carne mais dura, deve
ser servido preferencialmente mal passado).
Purê de arroz de pequi: Bata no liquidificador o arroz pronto, a polpa
de pequi e a água. Leve ao fogo em uma panela, acrescente sal e o creme
de leite. Deixe apurar um pouco e corrija o tempero.
Pesto de coentro: Pique as folhas de coentro bem miúdas. Acrescente
azeite (ou manteiga de garafa) e sal a gosto, e macere com um pilão ou
bata no liquidificador (reserve algumas folhas para a decoração do
prato).
Montagem do prato: Ao servir, corte o bife em tiras e disponha sobre o
prato em forma de meia lua. No centro do prato, coloque o pesto de
coentro e, sobre ele, com a ajuda de um aro de serviço, coloque o purê
de arroz de pequi. Retire o aro, enfeite com algumas folhas de coentro e
pimenta do reino moída na hora.
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