Lula chegando ao ato no Rio em que a milícia do PT agrediu
violentamente cidadãos que criticavam os desmandos da Petrobras. Ele
acha que vai resolver a imensa crise moral e econômica que ele criou no
país, à base de porrada e de "guerra de comunicação".
(Estadão) Em jantar com senadores do PT, nesta quarta-feira, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva criticou a estratégia de comunicação do
governo Dilma sobre o ajuste fiscal. Ao ouvir um rosário de queixas
sobre as mudanças anunciadas na economia, Lula disse que o governo falha
ao não explicar por que haverá alterações em benefícios previdenciários
e trabalhistas e onde se quer chegar com o "sacrifício".
"Esse ajuste precisa ter um objetivo. Ele não está
sendo feito porque achamos que é bom, mas, sim, para apontar um
horizonte. Falta dizer, então, por que essas medidas estão sendo
tomadas. É para aumentar o emprego? Para adotar novas políticas sociais?
Nós todos temos falhado um pouco ao não explicar que não se trata de um
fim em si mesmo nem de uma coisa isolada", afirmou o líder do PT no
Senado, Humberto Costa (PE), após o jantar com Lula, realizado na casa
do colega Jorge Viana (AC).
Durante três horas e meia, os petistas fizeram várias
reclamações sobre o estilo centralizador da presidente Dilma Rousseff e a
articulação política do Palácio do Planalto. Dos 12 senadores da
bancada, só faltaram Marta Suplicy (SP), de malas prontas para deixar o
PT, e Ângela Portela (RR), que está doente.
Quando a conversa chegou ao ajuste fiscal, os senadores
disseram que a equipe econômica não conseguirá aprovar as restrições a
benefícios como seguro desemprego, abono salarial e pensão por morte se
não recuar e amenizar a proposta. Muitos deles afirmaram, ainda, que não
estão dispostos a perder apoio nas bases sociais em nome de um ajuste
ortodoxo nas contas públicas, que sempre combateram.
Lula concordou com as críticas, mas animou a plateia ao
lembrar que ele pode ser o candidato à sucessão de Dilma, em 2018. Ao
traçar um cenário sobre as consequências políticas da fragilidade
econômica, ele disse que é necessário combater a inflação "sem trégua", o
mais rapidamente possível, para evitar que tudo desande. "O que nós queremos que esteja acontecendo no dia 31 de
dezembro de 2018?", perguntou Lula, segundo relato do senador Humberto
Costa. "Qual País nós queremos entregar ao sucessor de Dilma?"
Petrobrás. O ex-presidente cobrou dos petistas uma reação à
ofensiva dos adversários para carimbar o partido como "corrupto", na
esteira do mensalão e do escândalo na Petrobrás. "Ele perguntou se a
gente ia ficar quieto ouvindo esses caras falarem de corrupção, de
propina. Qual a moral que eles tem? Não dá para ficar vendo esses caras
bancando os vestais", afirmou o líder do PT no Senado, ao lembrar o
escândalo do cartel de trens e Metrô, em São Paulo, que atingiu o PSDB.
"No nosso caso é roubo e no deles é compromisso ideológico das
empreiteiras?", ironizou.
A lista que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
enviará nos próximos dias ao Supremo Tribunal Federal (STF), contendo
nomes de políticos suspeitos de desvio de dinheiro da Petrobrás,
preocupa o governo e o PT. No jantar desta quarta-feira, Lula baixou uma
ordem unida sobre a Operação Lava Jato, da Polícia Federal: disse que a
estratégia do partido para reconstruir sua imagem não pode depender da
desgraça alheia.
"Essa visão de que se aparecer um monte de bandido do PSDB ou
de outro partido resolve o problema está equivocada. Não é bem assim,
não", argumentou Costa, repetindo o raciocínio de Lula. "O PT tem de se
preocupar em mostrar a sua posição, em se defender das calúnias e, se
tiver irregularidades, quem as praticou deve ser punido."
O líder do PT chegou a ser citado pelo ex-diretor da Petrobrás
Paulo Roberto Costa, em acordo de delação premiada, como beneficiário
do esquema na Petrobrás. À época, ele negou com veemência a denúncia e
disse estar "à disposição" dos órgãos de investigação, tornando
disponíveis os seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à CPI da
Petrobrás, a Janot e ao ministro do Supremo Teori Zavascki. Nesta
quarta-feira, Costa admitiu que há preocupação generalizada com o
impacto da "lista de Janot" sobre as votações no Congresso.
Na tentativa de jogar água na fervura do PMDB, que reclama de
não participar do núcleo político do governo, Lula tomará café da manhã,
nesta quinta-feira, com o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e com senadores do partido. Na Câmara, Lula quer que o PT
vire a página da briga com o presidente da Casa, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que derrotou Arlindo Chinaglia (PT-SP) e já impôs um revés
atrás do outro ao governo.
"Lula acha que a disputa acabou e que Eduardo Cunha deixou de
ser adversário. Sendo assim, o partido tem de se relacionar com ele",
insistiu Costa. No Senado, o ex-presidente avalia que é necessário
reerguer pontes destruídas com a ala do senador Luiz Henrique (PMDB-SC)
-- que perdeu a eleição para Renan --, além de levar o PSB de volta para
a base aliada e organizar a tropa, que nem líder do governo tem até
hoje, após a transferência de Eduardo Braga (PMDB-AM) para o Ministério
de Minas e Energia.
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