A Câmara dos Lordes aprovou na terça-feira a reprodução assistida com
genes de três pessoas. No começo do mês a medida já havia sido aprovada
pela Câmara dos Comuns, e agora o Estado se torna o primeiro a legalizar
a técnica. A denominada doação mitocondrial tem como objetivo evitar a
transmissão de doenças genéticas. O tratamento é conhecido como
fertilização in vitro com "três progenitores" porque os bebês, nascidos a
partir de embriões geneticamente modificados, carregariam o DNA de uma
terceira doadora, além dos da mãe e do pai. A técnica mistura o DNA
mitocondrial de uma doadora saudável com o núcleo do óvulo da mãe, que
contém o DNA comum e é responsável por nossas características físicas e a
maior parte das condições de saúde. Com isso, espera-se evitar doenças
como problemas cardíacos, insuficiência hepática, distúrbios cerebrais,
cegueira e distrofia muscular hereditária. Zatz, geneticista da
Universidade de São Paulo, explica que o DNA da mitocôndria corresponde a
apenas 0,02% dos genes de uma pessoa, enquanto os demais 99,8% são o
DNA que está no núcleo das nossas células. Por isso, não é correto dizer
que a criança terá duas mães. "O DNA está quase todo no núcleo. É o
mesmo que dizer isso de uma pessoa que passou por um transplante, por
exemplo", afirma Mayana. Embora a técnica ainda esteja em fase de
pesquisa na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, os especialistas
acreditam que, agora que os obstáculos legais foram superados, o
primeiro bebê de "três pais" nasça na Grã-Bretanha em 2016. "A decisão
garantirá que mães que carregam mitocôndrias defeituosas possam ter
filhos saudáveis, livres das condições devastadoras", comemorou Mark
Downs, presidente da Sociedade de Biologia. Estima-se que doenças
mitocondriais leves afetem uma a cada 200 crianças nascidas, e os casos
mais severos, uma a cada 6 000. (Reuters)
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