O candidato à presidência pelo PSDB articula palanques para neutralizar o poste de Lula na região Nordeste:
O
candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), inaugura
nesta sexta-feira uma ofensiva no Nordeste para usar aliados do governo
Dilma Rousseff em conflito com o PT e ganhar votos em uma região
historicamente resistente aos tucanos. Ele participa da convenção do
PSDB no Piauí e marca presença nas tradicionais festas de São João de
Campina Grande, na Paraíba, e de Caruaru, no agreste pernambucano. O
périplo de Aécio tem por objetivo fechar na última hora palanques
estaduais na região a fim de diminuir a vantagem que os candidatos do PT
têm obtido desde a eleição de Lula, em 2002.
A
estratégia de avançar sobre o Nordeste tem sido costurada pessoalmente
pelo tucano desde que assumiu o controle do PSDB, em maio do ano
passado. A avaliação feita pela cúpula de campanha é que o PSDB precisa
diminuir a distância com os petistas nos estados nordestinos, que
garantiram a Dilma 90% da vantagem sobre o então oponente José Serra
(PSDB), no segundo turno de 2010. As nove unidades da federação no
Nordeste representam o segundo maior colégio eleitoral do país, com um
quarto do eleitorado nacional.
As
costuras na reta final ocorrem no momento em que a presidente tenta
conter rebeliões em partidos aliados, com concessões e promessas de
cargos, para garantir praticamente metade de todo o tempo de rádio e TV
na campanha. Aécio busca compensar a desvantagem de ter apenas um terço
da exposição da adversária no horário eleitoral com palanques regionais
fortes, inclusive com o apoio de antigos aliados de Dilma contrariados
com o PT.
O PSDB
deve lançar candidaturas próprias em apenas dois Estados. Na Paraíba, o
senador Cássio Cunha Lima espera conquistar o governo estadual mais uma
vez e, em Alagoas, o partido, até o momento, se fia no poder da máquina
para eleger Eduardo Tavares, ex-secretário do atual governador Teotônio
Vilela Filho (PSDB). Entretanto, as principais apostas do tucano na
região ocorrem em palanques comandados por partidos aliados de Dilma
nacionalmente. A coordenação da campanha tucana contabiliza apoios em
estados expressivos eleitoralmente como Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí.
Bahia,
Ceará e Maranhão - Na Bahia, maior colégio eleitoral nordestino, uma
frente de 18 partidos deve dar um sólido palanque a Aécio Neves. A chapa
deve ser formada por Paulo Souto (DEM), o tucano Joaci Góes na vice e o
ex-ministro de Lula Geddel Vieira Lima (PMDB) como candidato ao Senado.
Embora em 2010 a Bahia tenha garantido à Dilma sua maior liderança no
segundo turno - foram 2,7 milhões de votos a mais do que recebeu Serra -
o afastamento peemedebista, maior aliado no quadro nacional, preocupa a
cúpula petista.
O quadro
se repete no Ceará, terceiro maior eleitorado da região, em que o líder
do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, se aliou aos tucanos. A vaga de
vice está reservada ao PSDB ou ao DEM. O peemedebista, líder nas
pesquisas de intenção de voto, não deve dar palanque a Dilma,
ocupando-se de trabalhar exclusivamente pela candidatura do tucano. O
distanciamento se deu após a insistência do PT em apoiar um nome
indicado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes (PROS).
Também no
Maranhão um aliado do PT no plano nacional segue com Aécio. O
ex-presidente da Embratur Flávio Dino (PCdoB) abrirá seu palanque para
os dois adversários da presidente Dilma Rousseff: Aécio e Eduardo
Campos. Os tucanos acreditam que Aécio terá fôlego no estado, uma vez
que a vaga de vice de Dino deve ser do partido, com o deputado Carlos
Brandão.
Diferença
- Os aliados de Aécio consideram fundamental evitar a diferença de 10
milhões de votos que Dilma teve no Nordeste em 2010. O coordenador do
tucano na região e vice-governador de Alagoas, José Thomaz Nonô (DEM),
aposta que o PT não terá mais o "passeio" que ocorreu no Nordeste teve
nos pleitos anteriores. Já o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy
(BA), argumenta que a vantagem petista vai ser reduzida
"substancialmente". "Na Bahia, no Ceará e no Maranhão, eles não vão
repetir o desempenho", avaliou.
Os
tucanos também contabilizam uma boa votação no Nordeste do candidato do
PSB, Eduardo Campos, para tirar votos de Dilma. Na região, o pessebista é
atualmente o segundo na preferência do eleitorado. Em Pernambuco,
estado que rendeu a presidente a segunda maior margem de votos nas
eleições passadas, o PSDB fechou um acordo informal com os pessebistas e
deve apoiar Paulo Câmara, apadrinhado de Campos. "O fato de votar no
Eduardo também ajuda Aécio", resume Imbassahy. (Veja).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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