Frederico Haikal/Hoje em Dia
Patrus, da Inconfidentes: sete sócios e apenas um empregado
Microcervejeiros apostam na inovação para atender quem valoriza bebidas
especiais, com cores, aromas e sabores distintos da cerveja industrial.
Muitos aprenderam a produzir cerveja em casa. O faturamento do setor
tem crescido, em média, 21% ao ano.
Uma das caçulas é a Cervejaria Inconfidentes, “uma espécie de cooperativa que reúne amantes da bebida”, define o mestre cervejeiro Paulo Patrus, de 30 anos. Os sete sócios fizeram do hobby um bom negócio, investindo R$ 700 mil em equipamentos.
Aberta em 2013, fabrica sete tipos (ou estilos, no jargão cervejeiro) sob as marcas Grimor, Jambreiro e Vinil, num total de 12 mil litros por mês. Os próprios cervejeiros põem a mão no malte. “A casa tem um funcionário, por enquanto”. A Inconfidentes fica no Jardim Canadá, em Nova Lima, onde estão pelo menos oito cervejarias artesanais.
Para o setor, a Copa do Mundo sinaliza bons lucros, mas “de julho em diante, com certeza, só vão aumentando as vendas até o verão”, afirma o mestre cervejeiro Bruno Parreiras, de 34 anos, um dos cinco sócios da Cervejaria Küd.
A Küd produz seis estilos. Lançou o último na Páscoa e se prepara para lançar o sétimo rótulo em outubro. Abriu em 2010 com dois tanques e já tem capacidade instalada para produzir 9 mil litros por mês em 14 tanques.
A Backer investiu R$ 5 milhões na nova fábrica e inaugura em agosto o novo “templo cervejeiro”, com restaurante para 240 pessoas. A produção de 320 mil litros por mês é quase toda vendida em Minas, afirma a diretora de marketing, Paula Lebbos.
Exportação
As premiadas cervejas de Belo Horizonte e entorno estão ganhando também o mercado externo. As pioneiras Backer, Falke, Krug Bier e Wälls estão aptas a exportar, mas a maioria das microcervejarias opera no limite da capacidade.“O mercado está em expansão porque aumentou a renda da população. Os fabricantes não estão dando conta de atender à demanda interna”, diz o superintendente do Sindicato de Cervejas e Bebidas, Cristiano Lamêgo.
“Teríamos como vender hoje trinta vezes mais o que produzimos”, diz o mestre cervejeiro da Wälls, José Felipe Carneiro, de 28 anos. Instalada na Pampulha, produz 30 mil litros por mês e se prepara para dobrar a exportação para Estados Unidos e Canadá dos atuais cinco mil para 10 mil litros por mês até o fim do ano.
Pesquisa para criar bebida com sabores regionais
A diversidade de estilos reina nas microcervejarias. Minas Gerais já produz 55 dos 120 existentes no mundo. O estímulo da Prefeitura de Nova Lima para produzir cerveja em casa e as pesquisas impulsionam o setor. A Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), por exemplo, desenvolve estudo para seleção de leveduras de fermentação da cachaça para produzir cervejas com características regionais.
Artesãos
As microcervejarias nascem, normalmente, da iniciativa de apaixonados pela bebida que começam a produzir em casa, sem escala comercial. Apenas a Associação dos Cervejeiros Artesanais reúne 110 desses fabricantes, que produzem 5 mil litros por mês, calcula o presidente da entidade, Humberto Ribeiro. “São produções pequenas, para experimentação”.
O estilo livre permite o uso de ingredientes relacionados à nossa cultura gastronômica, como paçoca de amendoim, doce de leite, polvilho azedo e frutas do Cerrado. “As pessoas estão apreciando as cervejas especiais. Nisso é importante o conhecimento, a degustação”, afirma Lícia Vieira, que preside a Associação Brasileira de Sommeliers em Minas.
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