Ela reutiliza o resíduo para vender por R$ 15 como vela em latas.
Hermelinda diz que a busca pelos resíduos é acirrada entre os zeladores.
Hermelinda reúne resíduos de velas em latas (Foto: Girlene Medeiros/G1 AM)
Entre os 80 mil visitantes que estiveram no Cemitério São João Batista, Zona Centro-Sul de Manaus,
na manhã deste sábado (2), uma pessoa chama a atenção. A zeladora de
sepulturas Hermelinda Penha, de 60 anos, aproveita o Dia de Finados para
coletar os resíduos de vela derretida nos túmulos. Ela garante que faz
uma renda extra com a estratégia que desenvolve há mais de dez anos: uma
espécie de reciclagem de velas.
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No Dia de Finados, a zeladora faz uma espécie de ronda entre os
túmulos. Quando o resíduo está endurecido, Hermelinda usa uma espátula e
retira o material. "Nós chamamos de lágrima de vela. Vamos passando e
pegando, já que muita gente acende velas no Dia de Finados. Uma vez uma
mulher perguntou o que eu estava fazendo e eu disse: mandando fazer vela
para vocês comprarem de novo", brincou a zeladora.- 'Sinto falta quando não venho ao cemitério', diz católica de Manaus
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O material é vendido em latas. Cada uma é comercializada a R$ 15. Com base nas experiências anteriores, a zeladora acumula quinze latas em média durante o feriado. "Há uns três anos, juntei 22 latas. Na época, era R$ 6 o valor de cada uma, mas já deu um dinheirinho bom", disse. Os valores são acrescentados ao salário de funcionária do Cemitério São João Batista, cargo que ela ocupa há mais de 20 anos.
Zeladora disse que concorrência pelos resíduos de velas é acirrada (Foto: Girlene Medeiros/G1 AM)
"Fui criada em roça, mas tinha medo de mexer na terra por causa dos
bichos; superei. Nunca vi também alma penada; tenho medo mesmo é dos
galerosos que tentam ficar dentro do cemitério à noite e de madrugada",
declarou. No entanto, a atividade principal de Hermelinda é cuidar dos
túmulos. Pela quantia de R$ 40, R$ 60 ou R$ 100 mensais, ela se
compromete com os parentes dos falecidos em limpar, pintar e cuidar dos
jazigos.Com o passar dos anos, a concorrência de zeladores fazendo a coleta de resíduo de velas tornou-se mais acirrada, segundo ela. A zeladora Tereza da Silva, de 53 anos, disse que o salário que recebe da prefeitura com os resíduos dá para sustentar uma neta e dois sobrinhos. "É só o tempo das pessoas acenderem a vela; vou passando nos túmulos e olhando", disse Tereza.
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