Em vídeo, acompanhantes relatam problemas: 'Você tem que fazer tudo'.
Comissão prepara dossiê para apresentar ao Ministério Público de Goiás.
O Instituto de Gestão em Saúde (Gerir), que administra a unidade estadual, afirma que a superlotação "não é segredo para ninguém",mas eles "têm atendido de maneira eficiente". “O grande problema é que o fluxo de demanda é muito maior do que a nossa capacidade. A população tem que entender que o Hugo foi idealizado para atender ao grande trauma, a caso grave, com risco de morte”, declara o diretor geral do Hugo, Ciro Ricardo de Castro.
A acompanhante de um paciente relata a dificuldade de quem fica internado no Hugo: "Se o paciente lá não tiver acompanhante, ele fica à míngua. Não aparece ninguém para cuidar, nem para trocar roupa, nada, nada. Você tem que fazer tudo. Você tem que correr atrás de lençol para trocar, você tem que correr atrás de medicação, tem que ficar atrás para pôr o soro, não aparece ninguém para fazer nada”.
A insegurança também é um problema para quem está na unidade, como reclama uma acompanhante que diz ter sido roubada dentro do local. “A gente quando chega de fora deixa as coisas no guarda-volumes. Então, eu deixei as minhas coisas lá porque não pode entrar no hospital e sumiram algumas coisas minhas. Fui queixar né, procurei a direção e eles disseram que não têm responsabilidade nenhuma com as coisas que ficam lá”, conta.
Denúncias
Pacientes e acompanhantes denunciam ainda que o hospital foi “maquiado” na quarta-feira para a visita do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Eles reclamam que foram escondidos e amontoados em um canto da unidade. “Quando ficaram sabendo da visita do ilustríssimo senhor governador, vieram aqui, mascararam tudo, sumiram com as macas do pessoal, saíram colocando os outros aqui, prenderam os acompanhantes dentro da sala”, conta um paciente.
Se o paciente lá não tiver acompanhante, ele fica à míngua. Não aparece ninguém para cuidar"
diz acompanhante
Denúncia
Para o vereador Felisberto Tavares (PT), a situação no Hugo é "um verdadeiro descalabro. Um horror, um desrespeito total às pessoas que ali estão em busca de atendimento". Ele conta que decidiu montar a comissão e visitar a unidade após receber várias denúncias de mau atendimento.
“Custe o que custar, nós não podemos nos calar neste momento. A maioria ali são moradores de Goiânia. Independente disso, são cidadãos, são seres humanos que não podem ser tratados em um sistema daquele, que é uma verdadeira tortura, um verdadeiro sofrimento”, ressalta o vereador.
Encaminhamento
O diretor geral do Hugo afirma que o encaminhamento errado de pacientes para a unidade é constante. A unidade, segundo Castro, deveria receber somente vítimas com fraturas expostas, traumatismo cranioencefálico ou com riso de morte.
Vídeo mostra pacientes em macas no corredor
do Hugo (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
"Eu chego no Hugo de madrugada e a gente começa a dar alta para esses
pacientes, começa a tentar, na base da persuasão, pedir aos diretores
dos outros hospitais para que recebam esses pacientes, mas é muito
difícil, dentro do sistema, que esses pacientes sejam recebidos. Todos
os Cais estão quase que totalmente inoperante", declara o diretor da
unidade.do Hugo (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
A posição de Castro é a mesma do secretário estadual de saúde. Faleiros ressalta que o problema não está na administração da OS Gerir. "A demanda é muito maior do que a estrutura que o Hugo tem. A solução para isso é o Hugo 2. Enquanto não tem essa solução, o município, que é gestor da saúde na capital, deveria encaminhar esses pacientes para os hospitais particulares que são credenciados pelo município, mas isso não acontece", diz.
A Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota, que o Hugo não é gerido pelo município de Goiânia, tendo perfil definido na rede de atenção a urgência. A assessoria informou ainda que todo paciente do hospital que é regulado, tem sido atendido pela rede conveniada. A secretaria alega que, "se o Hugo estivesse seguindo rigorosamente o protocolo de regulação do município, talvez não estivesse com quadro de superlotação".
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