MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

- ORGULHO E DOR NO PEITO - PESSOAS PRESAS E IDÉIAS SOLTAS


Milton Simon Pires
Certa vez li que um processo criminal pode tirar de uma pessoa de bem uma das (ou mais de uma) seguintes “coisas” – dignidade, dinheiro, ou liberdade.
Fico pensando em Genoíno e Dirceu na prisão e tento fazer uma adaptação para entender o que de fato perderam. Veja-se o seguinte: não devolveram um centavo do dinheiro desviado pelo esquema do mensalão, jamais tiveram dignidade alguma em toda sua vida, estão presos temporariamente em regime fechado e devem (ao que tudo indica rapidamente) passar para o semiaberto. Essas constatações me deixam no ponto de partida. Repito a pergunta: o que perderam? Talvez meu erro esteja na primeira frase. Vejam que ali eu falava em “pessoa de bem” e não me dei conta que isso jamais poderia ser aplicado a esse tipo de gente. Por outro lado, quem proferiu a regrinha do início do texto não pensava num quarto tipo de consequência – a política.
Colocar na prisão um cidadão comum é muito diferente de levar até ela um político. De fato pode ser algo muito parecido com um tiro que sai pela culatra. Em 1923 Hitler tornou-se uma espécie de herói nacional. Fracassada a tentativa de golpe de estado em Munique, foi colocado num presídio militar com direito a todas as regalias possíveis. Escreveu um livro e tornou-se símbolo de resistência contra um governo emperrado pela burocracia, decadência e falta de respaldo popular. Esmagada pelas dívidas da Primeira Guerra e vítima de uma inflação sem precedentes na história mundial, a Alemanha estava pronta para aceitar o nazismo. Não houve ninguém na República de Weimar que tivesse a idéia de um bolsa família ou de trazer médicos da URSS para atender os doentes e inválidos da Grande Guerra...não, não foi isso que aconteceu...
Mas voltemos ao tema do texto: imagino a indignação de determinados “companheiros” ao perceber que comparo a prisão de seus heróis com a de Hitler..rss..rss. Peço “desculpas” pelo atrevimento e prometo recuperar o “senso de proporção” (seja lá o que isso signifique) mas afirmo o seguinte – jamais subestimem a capacidade de um Partido como o PT se recuperar e fazer de uma crise política uma oportunidade única. Não é comparação entre Hitler e José Dirceu que estou fazendo; é entre a Alemanha de 1923 e o Brasil de 2013! Aqui minha convicção é outra e não peço (ironicamente) “desculpa” a companheiro algum...Sei muito bem do que essa gente é capaz, discordo radicalmente da idéia de que exista uma boa relação entre Dilma Roussef e o PT, e não duvido que 2014 ainda vai nos reservar “surpresas”.
Mais de uma vez já escrevi sobre a capacidade da Revolução, como Saturno, devorar seus filhos...Citando o Partido Comunista Chinês, mostrei como “expurgo e reabilitação” são mecanismos corriqueiros que permitem, numa espiral totalitária, uma concentração de poder cada vez maior nas mãos de partidos genocidas que, dizendo proteger a população, caminham a passos lentos em direção à tirania. Tudo que assistimos no Brasil tem precedente na história recente do mundo ocidental. Não é preciso grande esforço para tirar das experiências dos regimes totalitários a lição a ser aprendida e ela é simples: prisões são para pessoas; não para idéias! Tudo aquilo que justificou do ponto de vista “moral” as ações de Dirceu e Genoíno continua intocado. Todos os seus valores, todos os seus sonhos estão vivos nas camisetas com fotos de Che Guevara usadas pelos adolescentes em algumas das nossas melhores escolas secundárias. Nada se perdeu..o sonho permanece e, como se dizia na década de 1980, “a luta continua companheiro”...
Duvido muito que os brasileiros tenham percebido que para sobreviver à entrada na Papuda seja necessário aos mensaleiros algo mais do que “orgulho” e que para sair dela uma “crise de dor no peito” Se eu estivesse errado, as pessoas saberiam do perigo que se corre quando se deixam pessoas presas e idéias soltas...
Porto Alegre, 18 de novembro de 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário