MEDIÇÃO DE TERRA

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sábado, 2 de novembro de 2013

Lenda da Mulher da Capa Preta faz parte da história de cemitério em AL


Há quase 100 anos, história atrai visitantes ao cemitério no Prado.
Réplica de uma capa foi construída em cima do túmulo no local.

Carolina Sanches Do G1 AL

Réplica da capa foi construída em túmulo do cemitério. (Foto: Carolina Sanches/G1)Réplica da capa preta foi construída em túmulo do cemitério. (Foto: Carolina Sanches/G1)
O Cemitério Nossa Senhora da Piedade, no bairro do Prado, em Maceió, um dos mais antigos do estado, guarda o símbolo de uma lenda urbana existente há dezenas de anos. A réplica, em mármore, de uma capa jogada em uma cruz localizada acima de um túmulo atrai curiosos desde que foi criada.
Conta a lenda que no início do século XX um homem conheceu em um baile uma bela moça por quem se interessou. A partir daí, os dois ficaram juntos durante toda a festa.
Antônio Fidelis conta versão sobre lenda da Mulher da Capa Preta. (Foto: Carolina Sanches/G1)Antônio Fidelis conta versão sobre lenda da Mulher
da Capa Preta. (Foto: Carolina Sanches/G1)
"A moça era linda. Quando deu meia-noite ela quis ir embora e falou para o rapaz. Estava chovendo e ele falou que a levaria em casa. O jovem então pegou a capa que trazia e a cobriu. Eles saíram e ela pediu que ele parasse na porta do cemitério, onde ela ficou. Mas antes disse o endereço", contou Antônio Fidelis dos Santos, 77, que faz serviços de limpeza no cemitério há 35 anos e mora no bairro desde que nasceu.

De acordo com a narrativa, o homem foi até a casa da moça. Lá, a família informou que não existia ninguém com o nome informado morando no local, mas que era como se chamava a filha que já havia morrido. Ele se recusou a acreditar no que ouviu e começou a achar que estava sendo vítima de uma peça. Depois de muita conversa, eles foram ao cemitério para que a família mostrasse o túmulo da jovem. Ao chegar no local, ele viu o túmulo e a capa que lhe pertencia em cima da cruz.
Outro morador do bairro, o aposentado Euclides Correia da Silva, 76, disse que trabalhou durante 40 anos como pedreiro no Nossa Senhora da Piedade. “Quando cheguei para trabalhar a capa já estava construída. Sempre perto do dia de finados muitas pessoas visitam o túmulo dela e perguntam sobre a história. Tem pessoas que nem têm parentes enterrados, mas vêm para ver a capa”, falou.
Capa atrai visitantes ao cemitério. (Foto: Carolina Sanches/G1)Réplica da capa atrai visitantes ao cemitério . (Foto: Carolina Sanches/G1)
A técnica de informática Andreia Kalyma disse que ouve versões dessa história desde criança de seu avô, que trabalhou por muitos anos no cemitério como mestre de obras. “Essa família viveu aqui no bairro do Prado e foi uma das mais antigas. A história diz que a mulher morreu com 52 anos, mas apareceu no baile como uma jovem. Ela vivia sozinha e tinha medo de nunca se casar, pois tinha tuberculose, e levou essa insatisfação para o túmulo”.
Andreia disse que o bairro do Prado é um dos mais antigos e tradicionais da cidade. “Meu avô construiu muitos túmulos para as famílias ricas e sempre me falou dessa história. Ele conhecia pessoas da família, pois foi contratado para fazer túmulos para eles”, falou.
 Euclides Correia da Silva trabalhou 40 anos no cemitério. (Foto: Carolina Sanches/G1) Euclides Correia da Silva trabalhou 40 anos no
cemitério. (Foto: Carolina Sanches/G1)
No túmulo de cor preta que se encontra hoje no cemitério há a inscrição 'Carolina de Sampaio Marques, nascida em 21 de março de 1869 e falecida em 22 de novembro de 1921', em letras romanas. Um funcionário do cemitério disse que algumas vezes viu pessoas limpando o local, mas que isso não acontece há mais de um ano.
O diretor do cemitério, Flávio Lúcio, disse que sabe que o túmulo pertence a uma família que também possui outro túmulo ao lado do de Carolina, mas que em nove meses que trabalha no local nunca foi procurado por nenhum deles.
Apesar de as versões contadas por moradores antigos e funcionários do cemitério mudarem com relação à carona que a mulher teria recebido, os pontos principais sempre são os mesmos.
Lenda vira tema de bloco de carnaval
A lenda da Mulher da Capa Preta foi tão disseminada em Alagoas, principalmente entre os moradores do bairro, que inspirou a criação de um bloco de carnaval com o mesmo nome.
Há 14 anos, centenas de pessoas se concentram em frente ao cemitério Nossa Senhora da Piedade e saem lepas ruas do bairro.
Túmulo fica no Cemitério Nossa Senhora da piedade. (Foto: Carolina Sanches/G1)Túmulo fica no Cemitério Nossa Senhora da
Piedade. (Foto: Carolina Sanches/G1)
O idealizador do bloco, o pernambucano Marcos Catende, contou que ouviu pela primeira vez a história quando passeava com uma namorada pela calçada do cemitério. Ele se interessou tanto pelo relato que passou duas semanas indo ao cemitério para saber mais sobre a lenda.
“Ouvi a mesma história de várias pessoas e acredito que isso aconteceu mesmo, até porque há relatos de que a família de Carolina realmente existiu. Eu já havia sido organizador de um outro bloco e vi nesta história um bom tema para o carnaval”, disse.
O bloco da Mulher da Capa Preta sai à noite geralmente em uma data nas prévia carnavalesca. Ao som de bandas de frevo, os foliões saem fantasiados com a temática fúnebre e alguns homenageiam a mulher da capa preta nos trajes.

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