MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Capital baiana celebra dia de Zumbi mesmo sem feriado

Cleidiana Ramos
A TARDE
  • Margarida Neide | Ag. A TARDE |
    O ato de lavagem da estátua de Zumbi, na praça da Sé, vai reunir muitas baianas de acarajé
Nesta quarta-feira, 20, a capital baiana vai abrigar diversos eventos comemorativos ao Dia Nacional da Consciência Negra. Do Campo Grande, às 14 horas, parte a mais antiga marcha realizada no Brasil para celebrar a data em memória ao herói negro Zumbi dos Palmares.
A marcha, que está na 34ª edição,  tem como tema os 50 anos da Organização Africana - hoje União Africana.
"Esta foi a primeira marcha realizada no Brasil em comemoração à memória de Zumbi", diz Gilberto Leal, coordenador da entidade que organiza o evento: a Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).

Já  blocos afros como Ilê Aiyê, Os Negões, Malê Debalê, Okanbí, dentre outros, comandam a caminhada organizada pelo Fórum de Entidades Negras. A saída é da Liberdade, às 15 horas.
"Nosso tema é a educação, pois comemora os 10 anos da Lei 10.639/2003", diz Walmir França, presidente do fórum. A lei  estabelece o ensino de história da África e cultura afro-brasileira nas escolas.
A União dos Negros pela Igualdade (Unegro) realiza, às 15 horas, a Lavagem da Estátua de Zumbi, na praça da Sé. O cortejo vai sair do Terreiro de Jesus.  Este ano, a chamada é para a defesa das baianas de acarajé.
"Elas conseguiram o direito de vender acarajé no estádio durante a Copa, mas agora tem a luta contra a  exclusão da praia", aponta Jerônimo Silva Júnior, coordenador da Unegro.
Nesta manhã, o Terreiro Bogum, localizado no Engenho Velho  da Federação concede a medalha Mãe Ruinhó a cerca de 40 personalidades que têm contribuído para o combate ao racismo e à intolerância religiosa.
O terreiro é um dos mais antigos da tradição jeje no Brasil, e atualmente é liderado pela Nandoji Índia.
Feriado
Há dois anos, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.519/2011, que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Mas a data não ganhou status de feriado. A lei é resultado de projeto da senadora Serys Slhessarenko.
Uma proposta da Câmara dos Deputados chegou a pedir a inclusão da data na lista de feriados nacionais, mas foi rejeitada pelos senadores.
Estas decisões acabaram por confundir muita gente. Salvador, por exemplo, não faz parte da lista de cerca de mil municípios que têm feriado no dia 20 de novembro.
Em 2010, durante a comemoração do 20 de Novembro na capital baiana, o então presidente Lula chegou a prometer sancionar a lei que criava o feriado.
Mas, possivelmente, ele confundiu a real decisão do Senado sobre a data. Para o presidente do Fórum de Entidades Negras, que organiza a Caminhada da Liberdade, Walmir França, a data deve continuar sem a condição de feriado.
"Boa parte do movimento negro é contra o feriado, porque desmobiliza. Não podemos parar essa luta até que o racismo esteja totalmente derrotado", acrescenta.
O coordenador da Conen, Gilberto Leal, concorda com o argumento de França. "Sou contra o feriado. O que acho é que deveria haver ponto facultativo nas instituições públicas para uma celebração cívica", diz Leal.
De acordo com ele, se houvesse feriado, as escolas não poderiam fazer neste dia, por exemplo, ações que reforçam o cumprimento da Lei 10.639/2003.
Já o coordenador da Unegro, Jerônimo Silva Júnior, afirma ser a favor de a data virar feriado. "A União deveria conceder este feriado como uma forma de reparação. Por que há feriados católicos? Eu gostaria de ver um trabalhador brasileiro receber sua hora extra ou descanso sabendo que isto é fruto da luta de um homem negro chamado Zumbi", completou Jerônimo.

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