Paula Janay Alves A TARDE
Após adquirir os lotes irrigados da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), os agricultores não conseguiram quitar as prestações referentes à aquisição de terras e do uso da infraestrutura de irrigação compartilhada, conhecida como K1.
Em todo o vale, são 8,8 mil inadimplentes, o que representa 73% do total de produtores (12 mil). Uma dívida que soma R$ 107 milhões.
Publicada na sexta-feira, a portaria também retira os agricultores em débito do Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin). A presença no cadastro impede a contratação de novos empréstimos.
Produtor e presidente da Associação Banana da Bahia, Ervino Kogler, aponta os juros de 6% ao ano e a correção monetária como causa da inadimplência. "Somos vítimas da inflação. O produtor fica com o freio de mão puxado, sem poder fazer novos investimentos. Ele não consegue trabalhar e não vai para frente", afirma Kogler.
Renegociação - De acordo com o secretário-executivo de irrigação da Codevasf, Frederico Calazans, é preciso a regulamentação da nova Política Nacional de Irrigação, aprovada em janeiro, para permitir a renegociação das dívidas.
"A Codevasf solicitou ao ministério a suspensão temporária e espera a regulamentação da lei", afirma Calazans.
Para o secretário da Agricultura, Pecuária e Irrigação da Bahia, Eduardo Salles, o potencial de produção dos perímetros irrigados foi prejudicado. "As dívidas deixaram de gerar, no mínimo, três empregos por hectare", diz.
A Codevasf estima que, com a medida, R$ 400 milhões em crédito sejam injetados, e os agricultores ampliem a produção em 20 mil hectares.
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